Os relógios indicaram 9 horas e nada! Os exames estavam previstos para ir até o meio dia.

Às 9:30 o professor já estava nervoso:

- Não é possível! Se há alguma coisa, deve estar naquele carro de som. Por que vocês dois não pegam meu medidor de intensidade de campo e, disfarçadamente, rodeiam a perua. Quem sabe podem detectar algum sinal numa faixa que não monitoramos, por exemplo, das micro-ondas?

Os dois atenderam imediatamente à solicitação do professor. Alguns minutos depois eles disfarçadamente rodeavam o carro com o instrumento ligado, mas nada! Nenhum “pingo”  de RF a ser registrado.

Desanimados, e cada vez mais intrigados, os dois voltaram e antes de entrar no prédio sentaram-se nos degraus de acesso:

- E essa, agora! Tem alguma coisa, mas o danado do Teodósio nos passou a perna. Que diabo de “onda” ele pode estar usando? Você reparou que as cornetas emitem uns estalidos estranhos, como se o amplificador estivesse ligado? – Beto pôs-se a pensar.

- Sim, mas não detectamos nada. Não tenho a mínima idéia de que diabos de ondas estariam usando. Micro-ondas, ondas super-longas, raios-X, raios cósmicos, sei lá, mas alguma coisa que não podemos detectar!

- E se invadirmos a perua? – Cleto já estava perdendo a paciência.

- Nada feito! Se não houver nada, quebramos a cara! Precisamos ter certeza para qualquer tipo de ação. Lembre-se das recomendações do diretor ao Prof. Ventura.

De fato, uma acusação de fraude era algo grave demais e não poderia ser feita sem provas. Neste instante algo chamou a atenção de um dos rapazes:

- Que coisa estranha! – Falou Beto.
- O que foi agora? – perguntou Cleto
- Você já viu o velho Fido se comportar deste jeito?

Beto se referia ao cachorro mascote da escola que parecia agitado, andando de um lado para outro, e de vez em quando, parando para coçar as orelhas. O cão, de temperamento calmo, realmente nunca havia se comportado daquele modo.