Escrito por: Newton C. Braga

Pode realmente um enorme meteoro acetar a terra nos próximos anos? Qual a probabilidade de que um deles, mesmo que pequeno caia na nossa cabeça amanhã? Esse assunto controvertido tem causado muitas discussões pelos artigos que o abordam e que percorrem a internet (com muito mais perigo de fazer estragos). Veja o que há de verdade em tudo isso.

Nos últimos tempos uma preocupação enorme com a possibilidade de que um asteroide caia na terra tem invadido os sites de notícias, jornais e muitas outras mídias. Os que se cadastraram em mecanismos de busca que enviam notícias devem estar assustados. Percebemos isso pela quantidade de pessoas que nos procuram para obter explicações ou simples se tudo que se anuncia é verdade.

Como os leitores devem saber, uma das minhas formações é em astronomia e astrofísica. Até fiz o curso de observação astronômica como matéria complementar do instituto de física da USP nos velhos tempos e então comprei meu primeiro telescópio.

Não tenho muito tempo atualmente para ficar observando o céu e alertar as pessoas quando um asteroide está caindo. Mesmo porque, na minha cidade, Guarulhos, as luzes me impedem até mesmo de ver as estrelas de segunda grandeza. Com sorte, nos dias sem nuvens consigo ver Jupiter, Venos e as estrelas mais brilhantes.

No entanto, quando viajo para o interior e o levo, assim como meu potente binóculo Zeiss 10 x 50, consigo ver muito mais e até mesmo alguns meteoros que cruzam o céu criando seu rastro luminoso.

Já tratamos em nosso AST017 desse assunto empolgante que é a possibilidade de um corpo celeste atingir a terra, mas explicações adicionais sempre são interessantes. Realmente, a possibilidade de que algo grande caia sobre nós existe e isso tem ocorrido em média a cada alguns milhares de anos.

Os últimos em Tunguska em 1908 quando a explosão de um objeto arrasou a floresta num raio de milhares de quilômetros quadrados e depois em Tcheliabinsk em 2013 quando um asteroide de 10 000 tonelada e 17 metros de diâmetro explodiu a 30 km de altitude fazendo algum estrago, fazendo com que 1 200 pessoas procurassem atendimento médico, principalmente devido a ferimento com estilhaços de vidraças quebradas. Ninguém recebeu nenhum fragmento na cabeça...

A probabilidade de que um corpo de dimensões perigosas caia sobre nós é realmente pequena e até existe um serviço de monitoramento que acompanha esses objetos (acesse https://www.apolo11.com/asteroides.php  para ver os que estão perto...).

Lá você verá que o mais perigoso é o que foi batizado como 1950 DA que tem uma chance de colidir com a terra de 1 em 300 mas que isso deve ocorrer no ano de 2880. Com 1,1 km de diâmetro ele teria um poder de destruição equivalente a mais de 10 mil bombas atômicas de 1 megaton.

Mas, não fique tão seguro assim de sua imunidade total. Existem bilhões de pequenos objetos com tamanhos que vão de alguns centímetros a dezenas de metros e até mais que não são facilmente detectáveis e que podem cair onde menos se espera, pois os maiores não se evaporam com o atrito ao entrar na atmosfera. Esses, realmente podem lhe acertar quando você menos esperar.

Mas as chances são mínimas. O único caso de alguém que foi ferida por um desses objetos ocorreu no Alabama em 1954 quando Ann Hodges de 34 anos, quando um meteoro de 4 quilos furou seu teto, atingiu um rádio e depois sua barriga. Em . https://www.nationalgeographic.com/news/2013/2/130220-russia-meteorite-ann-hodges-science-space-hit/  . Alguns outros relatos falam de meteoros caindo perto de pessoas, mas a possibilidade de acidente é mínima.

Mesmo havendo bilhões deles vagando no espaço em nossa volta é como se você vagasse num enorme enxame de abelhas, cada uma voando a 1 km de distância uma da outra. A probabilidade de que uma lhe acertasse a testa seria mínima...