Escrito por: Newton C. Braga

O mundo está se tornando digital. Já ouvimos esta frase de muitos que, diante da expansão cada vez maior dos equipamentos digitais em nosso mundo, a eletrônica analógica está com seus dias contados. Mais do que isso, a própria computação analógica já não mais tem finalidade.

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Não é bem assim. A computação analógica ainda é necessária. Em primeiro lugar porque nosso mundo é analógico, e quando falamos em computação digital, sempre está presente algum tipo de circuito que faz o interfaceamento.

Nossos sentidos são analógicos e o nosso mundo está preenchido com grandezas analógicas que precisam ser convertidas antes de processadas.

Os computadores analógicos trabalham com grandezas analógicas e essa diferença tem pontos importantes a serem considerados. O primeiro é que eles já trabalham com o processamento de grandezas que estão de acordo com o nosso mundo real.

O segundo, é que existem operações com grandezas analógicas que são difíceis de programar num computador digital, mas que são inerentes a um computador analógico.

Além disso, com a crescente convergência observada em relação aos circuitos eletrônicos e o próprio ser humano, a computação analógica pode vir a ser a interface ideal das máquinas com o cérebro humano.

O cérebro humano é uma máquina analógica-digital, com um processamento que tende muito mais ao analógico dadas as próprias características do mundo com que interagimos.

Muitos acreditam que o próprio tempo de domínio da computação digital terá um final. Os transistores que fazem a computação digital nos chips atuais estão se tornando cada vez menor. Chegará o tempo em que usaremos apenas um transistor para trabalhar com um bit e isso levará a problemas de estabilidade. A própria computação quântica já se depara por estados de incerteza que a tornam cada vez mais problemática.

Talvez os problemas sejam solucionados, mas por enquanto a ideia de que a solução esteja nos modelos que admitem certa incerteza ou tolerância passem a ser adotados, funcionamento exatamente como nosso cérebro de maneira analógica,

Nosso pequeno curso de introdução à computação analógica não pretende ir longe com projetos de supercomputadores com a capacidade de nosso cérebro ou que substituam as aplicações digitais de que hoje dependemos, como este computador em que agora redijo este curso.

Pretendemos apenas dar um pequeno “como funciona” para que sabendo o porque, o onde e o como, o leitor dê os primeiros passos e possa seguir por conta própria, pois a matéria é muito mais ampla e complexa do que muitos possam pensar.

E para poder ir além do pensar, passando ao fazer. Daremos no final o projeto de um pequeno computador analógico experimental que nós mesmos montados nos anos 70, quando o assunto despertou nosso interesse pela primeira vez.

Hoje, com recursos mais avançados como amplificadores operacionais muito mais elaborados, o leitor poderá montar seu próprio computador analógico, quer seja, para aprender como demonstrar como tudo funciona.

 

Índice

Introdução à Computação Analógica (CUR6000)

Computação Analógica – Lição 1 – Os Computadores Analógicos (CUR6001)

Computação Analógica – Lição 2 – Os Componentes do Computador Analógico (CUR6002)

Computação Analógica – Lição 3 – Monte um Computador Analógico (CUR6003)

Computação Analógica – Lição 4 – Fazendo Cálculos (CUR6004)