Escrito por: Newton C. Braga

(31) RESISTORES

Estes são os componentes mais comuns na maioria dos aparelhos eletrônicos e também de custo mais baixo e facilmente encontrados (ainda) no comércio especializado, dependendo do tipo.

Basicamente são usados resistores de carbono ou carvão, película metálica e que aparecem em diversos tamanhos dados pela dissipação em watts, ou seja, pela potência, conforme mostra a figura 58. Os valores dos resistores são dados em ohms, segundo um código de faixas coloridas que ‚ muito importante conhecer ou ter em mãos.

 

Resistores de diferentes dissipações
Resistores de diferentes dissipações

 

 

O código de cores é o seguinte:

Cor Valores Significativos (1a e 2a Faixas) Multiplicador (3a Faixa) Tolerância (4a Faixa) Coeficiente de temperatura (ppm/oC)
Preto 0 1 - -
Marrom 1 10 1% 100
Vermelho 2 100 2% 50
Laranja 3 1 000 - 15
Amarelo 4 10 000 - 25
Verde 5 100 000 0,5% -
Azul 6 1 000 000 0,25% 10
Violeta 7 10 000 000 0,1% 5
Cinza 8 100 000 000 0,05% -
Branco 9 1 000 000 000 - 1
Dourado - 0.1 5% -
Prateado - 0.01 10% -

 


 

 

 

Tomando o resistor e observando-o a partir das extremidades vemos, por exemplo, que as duas primeiras faixas são amarela e violeta.

Consultando a tabela vemos que essas cores correspondem ao 2 e 7. Assim, os dois primeiros dígitos do valor da resistência são 2 e 7 formando assim 27.

O terceiro anel ou faixa colorida nos dá o fator de multiplicação ou número de zeros que devemos acrescentar ao valor 27. Se esta faixa for laranja, por exemplo, temos 27 seguido de 3 zeros (000). Isso nos leva ao valor final do componente que é 27 000 ohms ou 27 k ohms.

Veja que os "milhares de ohms" também são chamados de "quilo ohms" e abreviados por "k", por isso 27 000 ohms é o mesmo que 27 k ohms.

Podemos também usar o "k" para substituir a vírgula e em lugar de escrevermos 4 700 ohms de um resistor, podemos simplesmente escrever 4k7.

Os milhões de ohms também são expressos de forma semelhante. usamos "megohms" neste caso e abreviamos por M. Isso significa que em lugar de 2 200 000 ohms podemos escrever 2,2 M ohms ou ainda 2M2 (com o M substituindo a vírgula).

Os resistores não têm polaridade para a ligação:

Diversos são os tipos de problemas que os resistores podem apresentar o que normalmente leva à necessidade de sua substituição num aparelho eletrônico:

 

a) Abertura ou queima - o excesso de corrente "abre" um resistor que tem então sua resistência aumentada até um valor indeterminado, eventualmente passando a se comportar como um "circuito aberto" ou resistência infinita. Observando um resistor queimado vemos que ele se apresenta escurecido e até com as faixas indicadoras de valor apagadas. Num caso como este é preciso dispor do diagrama do aparelho para saber identificar o resistor e com isso encontrar o valor do substituto.

Na figura abaixo temos o modo de se fazer a substituição rápida de um resistor numa placa de circuito impresso.

 

 

Substituição simplificada de um resistor
Substituição simplificada de um resistor

 

 

Na substituição correta os terminais do resistor queimado são retirados e os terminais do resistor novo inseridos nos furos.

O resistor substituído deve ter sempre o mesmo valor que o resistor original (ohms), mas, a potência pode ser igual ou maior que o original, desde que exista espaço disponível para sua instalação, já que os resistores de maiores dissipações também têm tamanhos maiores.

Um resistor de 1 k ohms x 1/8 W pode perfeitamente ser substituído por um de 1 k ohms x 1/4 watt, mas não o contrário.

 

Atenção: um resistor normalmente queima porque existem problemas com componentes próximos como, por exemplo, a entrada em curto de capacitores, diodos, transistores, transformadores, etc. Assim, antes de fazer sua troca verifique a real causa de sua queima analisando os componentes próximos.

 

Também observamos que existem resistores muito pequenos, na chamada tecnologia SMD, principalmente em equipamentos compactos modernos como computadores, CD players, etc. que exigem equipamentos especiais para sua extração e troca.

 

b) Alteração de valor - às vezes, por sobrecarga ou outros problemas, um resistor tem seu valor alterado passando a apresentar uma resistência diferente da marcada no seu invólucro. Neste caso também devemos fazer sua substituição.

 

Teste:

a) Resistores até 10 k ohms podem ser testados com um provador de continuidade mas sempre fora do circuito ou com um de seus terminais levantado da placa. Deve haver continuidade até estes valores, e dependendo do provador, a continuidade vai diminuindo pela alteração do som ou brilho do indicador com o aumento da resistência. Este teste não permite detectar alterações de valores e determinar o próprio valor do componente.

 

b) Medida com o multímetro - este é o melhor teste pois nos dá o valor exato do componente (caso esteja bom). Lembramos que os resistores são fabricados com tolerâncias de 1% a 20% (conforme a cor do quarto anel) e que isso significa que tolera-se uma diferença entre o valor indicado no teste ou medida (tantos por cento) e o valor real.

Para os resistores de 1% e 2% de precisão existe uma faixa adicional com um código de leitura de 4 faixas . As três primeiras faixas correspondem aos três primeiros dígitos da resistência e a quarta faixa ao multiplicador.

Na troca de um resistor deste tipo, devemos colocar outro com o mesmo valor e também a mesma tolerância (todas as faixas iguais).

Resistores sem a quarta faixa têm precisão de 20%.

A medida da resistência com o multímetro deve ser feita com um dos terminais do resistor desligado da placa.

 

c) Medida no circuito - podemos fazer um teste rápido de um resistor com o multímetro sem desligar o resistor da placa. Este teste pode revelar apenas se o resistor está aberto. A resistência medida deve ser igual ou menor que a do componente (resistor) se ele estiver bom.

Se medirmos um valor maior então certamente o resistor está ruim (aberto ou alterado) devendo ser substituído. Por exemplo, se ao testar desta forma um resistor de 10 k ohms e encontrarmos 7 k ohms ou 5 k ohms (devido à presença de outros componentes em paralelo) ele então PODE estar bom.

No entanto, se medirmos 25 k ohms ou 100 k ohms então CERTAMENTE ele está ruim, devendo ser substituído.

 

Resistores de Fio

Estes resistores são dotados internamente de um fio fino de nicromo (níquel + cromo) que pode romper-se com o excesso de corrente ou outro motivo. Os resistores de fio normalmente trabalham quentes de modo que, ao constatar o aquecimento desses componentes, o leitor não deve preocupar-se.

As dissipações dos resistores de fio vão de 1 watt até mais de 100 watts e tanto maior será o tamanho do resistor quanto maior for sua dissipação.

Os resistores de fio também são usados em alguns aparelhos como fusíveis, recebendo então o nome de "fusistores". Se houver um aumento excessivo da corrente em algum ponto do circuito, o fio de nicromo deste componente aquece a ponto de fundir a solda de seus terminais que, sendo do tipo "mola" desligam automaticamente o circuito.

A troca de um resistor de fio segue às mesmas regras de um resistor comum. Mesmo valor e dissipação igual ou maior a do original.

A recuperação de um resistor de fio é problemática já que não temos acesso ao fio interrompido sem quebrar a proteção de porcelana que o recobre.

 

(32) POTENCIÔMETROS

Os potenciômetros são usados como controles de volume, tonalidade, balanço, sensibilidade, tempo, etc. em uma grande quantidade de aparelhos eletrônicos. Os potenciômetros podem ser encontrados em diversos formatos, com ou sem chave, simples ou duplos, conforme mostra a figura abaixo.

 

Tipos comuns de potenciômetros
Tipos comuns de potenciômetros

 

 

Um potenciômetro consiste basicamente num dispositivo mecânico em que, através de um eixo giratório ou deslizante, um contato corre sobre um elemento resistivo de grafite ou de fio de nicromo.

Os principais problemas que podem ocorrer com os potenciômetros comuns são os seguintes:

 

a) Desgaste da trilha ou entrada de sujeira quando então o contato do cursor falha provocando o aparecimento de ruídos desagradáveis nos aparelhos em que ele funciona como ajuste de som (tom, volume, balanço, etc.). Nos televisores, se o potenciômetro for usado para ajustes de cor, tonalidade, contraste, etc. constataremos falhas bruscas quando mexemos no botão. A solução para o problema pode ser uma limpeza deixando-se cair um pouco de solvente sobre o elemento resistivo (álcool, por exemplo) e movimentando-se o cursor para a remoção da sujeira. Se houver possibilidade de abertura do componente para uma limpeza direta com um cotonete também ‚ interessante. No entanto, para maior garantia de funcionamento ‚ melhor trocar o componente por um novo.

Nem sempre esse procedimento é possível, pois existem os casos em que os potenciômetros são totalmente blindados, não havendo como pingar o solvente.

 

b) Quebra ou interrupção da trilha - neste caso ocorre uma mudança brusca da resistência do componente no circuito ao ser ajustado, com efeitos como distorções, mudanças bruscas de volume, tom ou contraste dependendo da função em que ele seja usado. A troca do componente é a melhor solução.

 

c) Defeitos mecânicos - a quebra do eixo, deformação, etc. só pode ser resolvida com a troca do componente.

 

TESTES

a) O teste mais simples consiste em se mexer no eixo do potenciômetro e verificar se ocorrem variações bruscas do ajuste em que ele deve atuar. Ruídos desagradáveis, mudanças bruscas de volume ou tom podem ocorrer com potenciômetros ruins em aparelhos de som. Perda repentina de contraste, sombras na imagem, etc. podem ocorrer com um potenciômetro ruim num televisor.

 

b) Medidas de continuidade - fazendo a prova de continuidade entre os extremos do potenciômetro devemos ter um valor constante.

Podemos medir este valor com o multímetro. Medindo a continuidade entre o cursor (terminal do meio) e qualquer extremo, ao girar o eixo do potenciômetro (ou movimentar o cursor) a resistência deve variar entre zero e o valor nominal do potenciômetro (marcado em ohms) e de maneira suave. Mudanças bruscas indicam problemas de contatos (sujeira, interrupção de trilhas, etc.).

Na troca do potenciômetro por um novo devemos observar seu valor dado em ohms e o tipo de "curva" que ele apresenta. Existem basicamente dois tipos de curvas disponíveis: lineares (lin) e logarítmicas (log). Os potenciômetros lineares são usados em controles de tom, balanço, ajustes de tempo, instrumentos, etc., enquanto que os potenciômetros log são usados em controles de volume.

Quando ressoldar os fios de um potenciômetro observe sua ordem de ligação, pois se houver alguma inversão o potenciômetro pode atuar de forma errada, por exemplo, aumentando o volume quando deveria diminuir.

Muitos potenciômetros são comprados com eixos longos que precisam ser cortados no tamanho certo para serem instalados num aparelho. Use uma serra fina para esta finalidade e nunca prenda o componente pelo corpo para fazer isso. Prenda o componente numa morsa pelo próprio eixo.

Os interruptores e chaves conjugados aos potenciômetros são provados segundo procedimento que descrevemos no item correspondente aos interruptores.

 

a) Teste com o seguidor de sinais para potenciômetros de volume - se ligarmos o seguidor de sinais antes do potenciômetro e tivermos um sinal claro, mas não tivermos o mesmo sinal no cursor de um potenciômetro de volume em todas as posições que ele for movimentado (apenas alterando a intensidade) então o problema é do componente, conforme sugere a figura abaixo.

 

Testando um potenciômetro
Testando um potenciômetro

 

 

A prova com o seguidor de sinais deve ser feita com o aparelho processando um sinal, ou seja, ligado, sintonizado ou com uma fita ou disco tocando.

 

(33) TRIMPOTS

Os trimpots ou potenciômetros de ajuste são pequenos componentes que operam segundo o mesmo princípio dos potenciômetros comuns (ver item 32).

 

 

Trimpots comuns
Trimpots comuns

 

 

Estes componentes são usados em ajustes internos, fixados em placas de circuito impresso e podem apresentar os mesmos problemas dos potenciômetros comuns como, por exemplo, a ação da sujeira, desgaste do cursor, etc.

As provas são feitas da mesma maneira que no caso dos potenciômetros, conforme explicado no item 32.

Na troca de um trimpot deve ser observado seu valor e o tipo de montagem, ou seja, se ele fica montado verticalmente, horizontalmente ou ainda se é um trimpot de precisão do tipo multivoltas.

Em caso de emergência podemos trocar um trimpot de menor valor por um de valor mais alto, operação esta que, em alguns casos, apenas altera um pouco o ponto de ajuste do aparelho. Assim, na dificuldade de encontrar um trimpot de 47 k ohms pode ser usado em seu lugar um de 100 k ohms.

 

(34) CAPACITORES VARIÁVEIS

Estes componentes são formados por conjuntos de placas de metal móveis e fixas que se interpenetram. Entre elas pode haver folhas de plástico isolante ou simplesmente ar. Os conjuntos de placas não devem encostar um no outro.

 

Capacitores variáveis comuns
Capacitores variáveis comuns

 

 

Os principais problemas que podem ocorrer com os capacitores variáveis são:

a) As placas se deformam por batidas ou quedas encostando umas nas outras - neste caso, para os capacitores com dielétrico de ar (sem plástico entre as placas) podemos tentar desentortar as placas com muito cuidado.

 

b) Penetra sujeira entre as placas afetando o funcionamento do aparelho. A limpeza pode ser feita com muito cuidado com um pincel fino ou então com um jato de ar.

 

c) O plástico entre as placas deteriora ou apresenta problemas de rachadura afetando assim o componente - devemos trocar o componente.

 

Os variáveis são especificados pela sua capacitância máxima em picofarads (pF) e pelo número de seções. Rádios AM possuem variáveis de 2 seções de capacitância maior enquanto que os de FM possuem variáveis de 2 seções com capacitâncias menores. Os rádios AM/FM possuem variáveis de 4 seções sendo duas de baixa e duas de alta capacitância.

 

 

TESTE

 

a) Mecânico - girando o eixo do variável as placas devem interpenetrar-se sem encostar umas nas outras - o movimento deve ser suave e não devemos sentir as placas "raspando" umas nas outras. Para os pequenos variáveis com dielétrico de plástico, o movimento deve ser suave.

 

b) Teste de continuidade - com o variável fora do circuito ou desligado devemos medir a continuidade entre as placas ao mesmo tempo em que giramos o seu eixo. Não deve haver continuidade em todo o percurso do movimento das placas. A existência de continuidade em qualquer ponto indica que as placas estão encostando umas nas outras.

 

Os capacitores variáveis são usados na sintonia de rádio na maioria parte dos casos sendo fácil perceber quando o problema é causado por este componente: a sintonia falha quando mexemos justamente neste componente.

 

 

(35) TRIMMERS

São pequenos capacitores que possuem placas móveis para o ajuste. Na figura damos dois tipos principais de trimmers. Problemas com este tipo de componente não são muito comuns.

 

Capacitores tipo trimmer
Capacitores tipo trimmer

 

 

Podem ocorrer basicamente os seguintes problemas com os trimmers:

 

a) De natureza mecânica quando o parafuso de ajuste escapa ou ainda a placa móvel se deforma ou quebra.

 

b) De continuidade quando o isolante existente entre as placas sofre algum tipo de dano.

 

 

TESTE

Com o componente fora do circuito medimos a continuidade ao mesmo tempo em que atuamos sobre o parafuso de ajuste. Em nenhum ponto do ajuste deve haver mudança de continuidade.

Os trimmers são especificados pela capacitância máxima e mínima que apresenta como 2-20 pF, 3-30 pF, etc. Na falta de um tipo pode ser usado outro que tenha uma faixa de ajuste próxima. Por exemplo, usando um de 3-30 pF no lugar de um de 2-20 pF, dependendo do aparelho as mudanças de funcionamento não ocorrem, apenas sendo alterado o ponto de ajuste.

 

(36) CABEÇAS GRAVADORAS

As cabeças gravadoras são componentes que basicamente consistem em bobinas, de modo que seu teste elétrico ‚ o mesmo que descrevemos no item 27.

 

Cabeça de gravador
Cabeça de gravador

 

 

Os principais problemas que podem ocorrer com estes componentes são:

 

a) Sujeira - na parte de contato com a fita, disquete ou outro meio pode acumular sujeira que prejudica tanto a gravação como a reprodução (leitura). A limpeza pode ser feita com um algodão molhado em álcool ou outro solvente.

 

b) Desgaste - o contato permanente da cabeça com o meio de leitura ou gravação (fita ou disquete) pode gastar a cabeça o que exige sua troca ou na maioria dos casos de computadores, do driver inteiro.

 

c) Interrupção da bobina - que pode ser revelada por uma prova de continuidade. Veja que nas cabeças estéreo temos duas bobinas que podem ou não ter uma ligação em comum. No caso em que não tiverem a ligação entre os terminais de bobina de canais diferentes não deve haver continuidade.

 

A troca da bobina deve ser acompanhada de um ajuste de posição (azimute) no caso dos gravadores, existindo para isso um parafuso e um procedimento indicado pelo fabricante.

 

 

(37) RELÉS

Relés são dispositivos eletromecânicos formados por uma bobina e um conjunto de contatos que são acionados quando uma corrente circula pela sua bobina. Nos aparelhos eletrônicos podemos encontrar diversos tipos de relés com os mais variados formatos e tamanhos.

 

Tipos comuns de relés
Tipos comuns de relés

 

 

Os relés, como os demais, componentes eletrônicos podem apresentar problemas de funcionamento e os principais são:

 

a) Interrupção da bobina devido à excesso de corrente ou sobretensão ou ainda outros motivos. Este problema pode ser detectado por uma prova de continuidade ou funcionamento dinâmico.

 

b) Curto entre espiras da bobina que não afeta a continuidade mas impede a operação normal do relé ou ainda causa um consumo maior.

 

c) Problemas de contatos que vão desde sua inoperância devido à deformações ou sujeira até a queima por excesso de corrente ou ainda a "cola" quando os contatos prendem em determinada função.

 

 

TESTE

a) Dinâmico - ao acionar um relé ele deve dar um leve estalido que pode ser ouvido facilmente quando nos aproximamos o suficiente do componente. Se ao acionar a função o relé não "estala" então provavelmente temos uma bobina interrompida ou ainda um circuito de acionamento inoperante.

Se o relé "estala", mas nada acontece então podemos ter um problema de contatos que podem ser "grudados" ou deformados, ou ainda com sujeira. O problema da sujeira faz com que o acionamento falhe ou apresente variações de intensidade na corrente controlada.

Alguns tipos de relés são dotados de invólucros que podem ser abertos para dar acesso aos contatos onde uma limpeza com uma lixa bem fina pode resolver o problema.

 

b) Continuidade - a bobina de um relé deve apresentar continuidade. A falta de continuidade indica uma bobina interrompida. O relé deve ser substituído.

 

c) Resistência ou continuidade dos contatos - os contatos NF (normalmente fechados) são aqueles que devem apresentar continuidade com o contato C (comum) quando o relé está desativado. Quando ativamos o relé, os contatos NA (Normalmente Aberto) passa a apresentar continuidade com o C e o NF deixa de apresentar essa continuidade. Comportamento diferente indica problemas de contatos.

 

d) Teste de acionamento - conhecendo a tensão de acionamento de um relé, normalmente entre 3 e 48 volts para os de corrente contínua e aplicando esta tensão, o relé deve acionar se estiver bom. Uma fonte ou um conjunto de pilhas pode ser usado para esta prova.

Os relés são especificados pela tensão da bobina, resistência da bobina e também pela corrente máxima de seus contatos.

Na substituição de um relé devemos usar um que tenha a mesma tensão de bobina, mesma resistência e a corrente dos contatos pode ser igual ou maior que a especificada para o original.

Existem relés que são montados em soquetes. Uma falha de funcionamento do relé pode também ser causada por um problema de contato no soquete.

É importante observar que os relés que operam com correntes elevadas têm uma vida útil limitada, devendo então de tempos em tempos ser substituídos. O que ocorre é que a cada vez que a carga, principalmente se for indutiva como um motor ou bobina, for acionada existe um faiscamento nos contatos que acaba por "queimá-lo" reduzindo assim sua capacidade de estabelecer a corrente no circuito (exatamente como ocorre com o platinado do sistema de ignição de um carro).

Quando os contatos estão no fim de sua vida útil, eles tendem a falhar e a "grudar" não mais ligando e desligando o circuito controlado. Neste caso, nada mais resta do que trocar o relé.

 

(38) RADIADORES DE CALOR

Muitos componentes como transistores, circuitos integrados, circuitos híbridos, etc. são montados em radiadores de calor de dimensões que podem variar. Os radiadores podem ser instalados nas partes internas ou externas dos aparelhos dependendo da quantidade de calor que precisam transferir para o meio ambiente. Também podemos ter componentes com radiadores já incorporados.

 

Dissipadores ou radiadores de calor
Dissipadores ou radiadores de calor

 

 

Se bem que a finalidade básica de um radiador de calor não seja elétrica, em algumas condições estes elementos podem causar problemas de natureza elétrica como:

 

a) Os radiadores devem ser em alguns casos isolados dos demais componentes e do chassi como, por exemplo, transistores e circuitos integrados. Para esta finalidade é colocado entre o componente e o radiador um isolador de mica ou plástico que, para ajudar na transferência de calor pode ser impregnado com uma pasta térmica (pasta de silicone).

O isolamento do componente, entretanto, pode ser quebrado e com isso o componente entra em curto-circuito com o radiador que, por sua vez, está ligado ao chassi ou caixa do aparelho. O resultado disso é a queima de componentes, abertura de fusíveis, etc. Cuidado na reposição de elementos montados em dissipadores é com a manutenção deste isolamento.

A melhor maneira de se detectar problemas de isolamento é através de uma prova de continuidade:

 

b) Isolamento de terminais - os terminais dos componentes montados em radiadores de calor podem encostar nos próprios radiadores.

Existem casos em que pequenas buchas de passagem são usadas para evitar que os terminais que passam por furos nos radiadores encostem neles. A montagem correta dessas buchas é muito importante para se evitar curtos. A prova de continuidade em cada terminal do componente em relação ao radiador é importante para a detecção de curtos.

Os radiadores são elementos de grande importância para o funcionamento de um equipamento. Mantê-los limpos e com ventilação apropriada é fundamental para que um aparelho funcione bem. O acúmulo de sujeira modifica as características de dissipação de calor de um radiador que então pode ter sua temperatura (e do componente) elevada acima dos limites admitidos. O resultado final é a queima do componente.

Na troca mantenha a pasta térmica no isolamento e tome cuidado para que o componente não toque no radiador. Observamos que existem casos em que, pelo fato do radiador com componente em si já ser ligado à massa ou terra do circuito, não se necessita de isolamento para o componente nele montado.

 

(39) AQUECEDORES

Alguns aparelhos eletrônicos e muitos eletrodomésticos possuem elementos de aquecimentos elétricos, ou seja, dispositivos que devem aquecer alguma parte do aparelho quando ligados. Estes dispositivos são formados basicamente por "resistências” de nicromo ou outros materiais e também podem apresentar defeitos.

 

Elementos de aquecimento de nicromo
Elementos de aquecimento de nicromo

 

 

O problema mais comum é o rompimento ou "queima" da resistência, sendo este defeito facilmente detectado visualmente ou se o elemento estiver fechado em algum tipo de isolante, através de uma prova de continuidade. O elemento bom deve ter continuidade, ou seja, uma baixa resistência elétrica.

Se a temperatura de operação for muito alta, ou se o valor da resistência for crítico e ainda não houver acesso ao elemento rompido, a troca do componente é a única solução. Para isso, leve em conta que o substituto deve ter as mesmas características que o original: tensão de trabalho, resistência ou ainda, potência em watts.

 

(40) MICROFONES

Microfones são usados em conjunto com gravadores, aparelhos de som, computadores multimídia, sistemas de instrumentos musicais, etc.

 

Os microfones podem ser de diversos tipos, operando como componentes isolados ou embutidos nos próprios equipamentos.

 

 

Alguns tipos de microfones e cápsulas
Alguns tipos de microfones e cápsulas

 

 

a) Eletretos - são pequenos microfones que operam polarizados e precisam eventualmente de 3 fios para sua ligação ao equipamento - o teste pode ser feito com o seguidor de sinais. Se houver sinal na saída do microfone, mas não no final do cabo, então teremos um problema de cabo.

 

Se não houver sinal na saída do próprio microfone então o problema é do componente. Observe que na polarização de um microfone de eletreto deve haver uma tensão contínua de 1,5 a 9 V, que pode ser verificada com o multímetro.

 

b) Cristal ou cerâmica - são microfones de baixo custo usados em muitos aparelhos. Estes microfones de alta impedância não devem apresentar continuidade e o melhor teste é o feito com a ajuda de um amplificador de prova. A ligação do microfone "suspeito" é feita diretamente na entrada do amplificador. O nível de reprodução não precisa ser o máximo para se verificar se ele está bom ou não. Não pode haver distorção.

 

Os microfones de cristal já não mais são fabricados. Esses componentes antigos tinham a deficiência de absorver a umidade e ir perdendo com isso a sensibilidade, quando então precisavam ter a cápsula trocada. Os microfones modernos dessa categoria usam cerâmicas piezoelétricas que são muito mais resistentes e não absorvem umidade.

 

c) Microfones dinâmicos - são formados por uma bobina que pode ter impedâncias entre poucos ohms até mais de 1 k ohms. A prova elétrica imediata é a de continuidade da bobina. A prova dinâmica deve ser feita com a ajuda de um seguidor de sinais ou amplificador de prova e eventualmente um pequeno transformador para elevar sua impedância.

Um transformador de saída para transistores pode ser útil neste caso.

Em todos os casos, as provas também podem ser feitas experimentando-se o componente com sua ligação num amplificador.

Observamos que os níveis de sinal dos microfones variam, o que quer dizer que, conforme cada aparelho que eles operam, devem existir pré-amplificadores internos apropriados. Assim, um microfone que funcione bem num aparelho pode não ter o mesmo rendimento em outro cuja impedância e características de entrada sejam diferentes.

A substituição de um microfone por outro num aparelho ou a utilização num equipamento desconhecido deve levar em conta a impedância do microfone que se exige para máxima excitação e a sensibilidade do equipamento. A não excitação de um microfone impróprio para um equipamento não é defeito dos dois, é simplesmente a falta de concordância de suas características: um não foi feito para operar com o outro.

 

(41) CAPACITORES ELETROLÍTICOS

Existem diversos tipos de capacitores nos aparelhos eletrônicos e um deles, talvez o mais sensível, é o capacitor eletrolítico. O capacitor eletrolítico mais comum é o de alumínio, mas existem os tipos de tântalo, que consistem num pequeno "rolo" de papel metálico embebido numa substância química que lhe dá as propriedades elétricas que o caracterizam.

 

 

Tipos comuns de eletrolíticos e sua construção interna
Tipos comuns de eletrolíticos e sua construção interna

 

 

Por ser de natureza química, o eletrolítico tem uma vida útil limitada. Assim, de posse de um aparelho antigo que tenha ficado muito tempo sem funcionar, é uma boa prática para quem tente fazer sua recuperação, trocar todos os capacitores eletrolíticos. Recomenda-se esta prática para aparelhos que tenham mais de 10 anos e que tenham ficado mais de 2 anos fora de uso.

São os seguintes os tipos de problemas que podem ser causados por eletrolíticos ou que ocorrem com estes componentes:

a) Curto-circuito - as armaduras do capacitor entram em curto passando a apresentar uma baixa continuidade no teste com o provador ou com o multímetro. Em muitos casos, a entrada em curto de um capacitor eletrolítico pode causar a queima de outros componentes próximos como diodos, resistores, transistores, etc. Existem também os casos "violentos" em que o capacitor, principalmente de grande valor de fontes de alimentação, "estouram" quando entram em curto. Para este caso, o estado do componente ‚ facilmente visível pela simples inspeção. Consideramos em curto um capacitor que apresenta uma continuidade baixa ou resistência menor que uns 10 000 ohms.

 

b) Aberto - um capacitor eletrolítico também pode abrir, ou seja, deixar de apresentar qualquer capacitância. Isso pode ocorrer pela dessoldagem dos terminais internos ou outros problemas. Este defeito não detectado pelas provas com o multímetro ou provador de continuidade, a não ser para capacitores acima de 10 uF (Os capacitores deste tipo são especificados em microfarads, abreviado por uF nos tipos modernos e mfd em alguns tipos antigos).

 

Para os capacitores acima de 10 uF o teste de abertura é feito conforme mostra a figura abaixo.

 

Teste de capacitores com multímetro analógico (Veja mais no livro Como testar Componentes de Newton C. Braga)
Teste de capacitores com multímetro analógico (Veja mais no livro Como testar Componentes de Newton C. Braga)

 

 

A falta de oscilação da agulha no teste indica que o componente está aberto. A oscilação será tanto maior quanto maior for a sensibilidade do multímetro ou do provador de continuidade. Para o provador de continuidade, se a indicação for visual ou auditiva, temos uma variação de brilho ou tonal momentânea se o capacitor estiver bom.

A prova de capacitores deve ser feita desligando-se um dos terminais do componente da placa ou retirando-o completamente do circuito.

 

c) Fuga - dizemos que há fuga quando o capacitor passa a apresentar uma certa resistência entre seus terminais. Há fuga quando esta resistência está na faixa de 47 k ohms a 1 M ohms. Valores de 1 M ohms são tolerados em capacitores de valores elevados (acima de 100 uF).

O provador de continuidade revela fugas assim como o multímetro. No caso do provador de continuidade temos uma variação do som ou do brilho do LED que, entretanto, não chega a apagar ou parar (som). Isso caracteriza uma fuga.

 

d) Perda de capacitância ou alteração de valor - uma redução do valor da capacitância apresentada pelo componente pode afetar o funcionamento de um aparelho. Numa fonte de alimentação temos como conseqüência disso o aumento do nível do ronco. Esta prova só pode ser feita com a ajuda de um capacímetro, mas existe uma alternativa prática interessante para se verificar e este é o problema e que é dada a seguir:

 

Teste prático para abertura e perda de capacitância:

Basta ligar em paralelo com o capacitor "suspeito" um outro bom de mesmo valor. Se o aparelho voltar a funcionar normalmente então o suspeito pode estar aberto (sem capacitância) ou com a capacitância reduzida. Basta então fazer a troca.

O procedimento para a troca é simples: basta dessoldar os terminais e quando a soldar estiver fundida, puxar os terminais do componente. Ao montar o eletrolítico novo observe sua polaridade. O substituto deve ter o mesmo valor (microfarads), mas pode ter tensão de trabalho igual ou maior que o original, desde que haja espaço para a colocação, pois o de maior tensão também pode ter maior tamanho físico.

 

Índice

Curso Básico de Reparação - Introdução

Curso Básico de Reparação – 1

Curso Básico de Reparação – 2

Curso Básico de Reparação – 3

Curso Básico de Reparação – 4

Curso Básico de Reparação – 5

Curso Básico de Reparação – 6

Curso Básico de Reparação – 7

Curso Básico de Reparação – 8