A corrida espacial foi responsável por uma enorme quantidade de inovações tecnologias. Com a necessidade de se trabalhar num ambiente hostil em condições nunca antes enfrentadas, os países envolvidas no processo tiveram de criar novas tecnologias que depois se transferiram ao uso comum na terra e de muitas delas nos beneficiamos até hoje.

Nota: Este artigo faz parte do meu livro “Viagem pelo Mundo da Tecnologia” (2018) onde, além de destacarmos as grandes invenções e suas influências em nossos dias, comentamos as invenções atuais e o estado da tecnologia que usamos e o que pode vir no futuro.

A corrida espacial foi, sem dúvida, responsável por um grande impulso no desenvolvimento da tecnologia a partir da década de 60.

Os primeiros satélites lançados pelos Russos e Americanos levaram à necessidade de se desenvolver novas tecnologias, com componentes e circuitos menores e que ainda resistissem ao ambiente hostil do espaço, com variações térmicas muito grandes e ainda a presença da radiação cósmica.

Muitas tecnologias que naquela época foram desenvolvidas para o espaço e testadas neles acabaram depois em produtos de consumo, coisas que não teríamos antes de muito tempo, se não fosse à necessidade de se desenvolver novas tecnologias.

Um fato curioso da época que gostamos de tratar, é que a tecnologia usada no início da corrida espacial, mesmo na época da viagem da Apolo 11 à lua não era o que muitos hoje, acostumados com seus celulares e computadores com circuitos integrados contendo bilhões de transistores poderiam imaginar.

Num site da internet encontrei há algum tempo o circuito eletrônico do equipamento usado no módulo lunar da Apolo 11.

Examinando o circuito, eu diria que não confiaria hoje num carro que usasse aquela tecnologia. Os circuitos usavam transistores comuns em placas de circuito impressos com soldas, aparentemente feitas a mão. Eram flip-flops, como os muitos que descrevo para os experimentadores em nosso site, usando transistores com encapsulamento metálico e resistores discretos do tipo comum (não havia SMD) ocupando um bom espaço.

Gostaria de saber qual era o grau de confiabilidade de tais circuitos. Acho que a viagem à lua teve muito mais de sorte do que de tecnologia.

 

Figura 1 - Montagem em placa de circuito usado no foguete Saturno da Missão Apollo – Foto Nasa
Figura 1 - Montagem em placa de circuito usado no foguete Saturno da Missão Apollo – Foto Nasa

 

Mas, a evolução foi rápida e muitas novas tecnologias como a modulação digital que já era conhecida antes e a miniaturização cada vez maior dos chips levaram a aparelhos de uso comum que hoje usamos sem pensar na sua origem como os telefones celulares, os computadores e muito mais.

 

Astrofísica e Radioastronomia

Nos anos 20 a Bell Laboratories estava interessadas em identificar fontes de interferências que afetavam as então precárias comunicações de rádio através do Oceano Atlântico.

Trabalhando então nessa identificação o engenheiro Karl G. Jansky dscobriu que no céu haviam diversas fontes de emissão de sinais como, por exemplo, o Sol, Júpiter e uma poderosa fonte no que seria o centro de nossa galáxia.

A pesquisa dessas fontes e de muitas outras deram então início a uma nova ciência, a radioastronomia que passou a ser um ramo da astrofísica.

Poderosos radiotelescópios foram construídos no mundo inteiro para estudar fontes emissoras de ondas de rádio.

Um projeto ambicioso denominado OZMA (em homenagem ao mágico de Oz.) foi lançado em 1960 pelo experimento denominado SETI (Search for Extraterrestial Inteligency – Busca por Inteligências Extraterrestres) cuja finalidade era detectar sinais de rádio que revelassem vida inteligente no universo.

Acreditava-se que em algum ponto de sua evolução, uma vida inteligente descobriria as ondas de rádio passando-as a usar em comunicações e em outras finalidades.

Antenas de muitos rádio-telescópios foram dirigidas a pontos “suspeitos” do céu onde poderiam haver planetas capazes de abrigar vidas inteligentes.

As frequências mais pesquisadas foram as próximas de 1420 MHz (21 cm), que corresponde a radiação natural do hidrogênio, a substância mais abundante do universo.

O projeto OZMA ainda existe, recrutando voluntários que desejem examinar os milhões de sinais captados, procurando pistas do que seria uma “emissão inteligente”. Busquem na internet se quiserem participar.