Quando vemos que a internet está se expandindo de modo a fazer parte dos objetos (IoT) e até mesmo das pessoas com os implantáveis, o que denominamos IoI (Internet Implantável) ou IoP (Internet das pessoas – Internet of People se adotarmos um termo em inglês), olhamos apenas numa direção. De fato, estamos acompanhando a internet rumo ao interior de nosso corpo, mas nos esquecemos da direção contrária. O espaço e até mesmo o Universo. Hoje já se fala em IoS (Internet do Espaço) e é dela que trataremos neste artigo.

Em documento bastante interessante do IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineering - http://iot.ieee.org/newsletter/march-2016/the-internet-of-space-ios-a-future-backbone-for-the-internet-of-things.html ) aborda-se a possibilidade de no futuro um novo tronco da internet se abrir, mas agora em direção ao espaço: a interne do espaço ou IoS.

A ideia parte do fato de que as previsões mostram que de 25 a 50 bilhões de objetos estarão interconectados à internet isso já no ano 2020, o que vai exigir da rede mundial uma fantástica capacidade para gerenciar a enorme quantidade de dados gerados.

Além disso, deve-se levar em consideração de que boa parcela dos dispositivos que terão conexão com a internet farão isso sem fio, e em posições cada vez mais afastadas de um eventual centro que possa manusear os dados e enviá-los à rede.

Como resolver isso? Qual será o próximo desafio da internet das coisas e para poder fazer com que tudo isso funcione em qualquer parte do mundo e eventualmente fora dele.

Um conceito de como isso funcionaria pode ser dado pela imagem de um futuro ecossistema de comunicações concebido para ser usado na Europa, mostrado na figura.

 

Figura 1 – Ecossistema de comunicações Europeu manuseado a partir do espaço
Figura 1 – Ecossistema de comunicações Europeu manuseado a partir do espaço

 

A ideia é o gerenciamento das comunicações a partir do espaço, com satélites posicionados de forma a poder manter contacto com qualquer coisa que deseje acesso à internet.

Não é ideia nova. Já em 1990 tínhamos no espaço muitos satélites que eram usados em serviços de comunicações de projetos como o Iridium, Teledesic, Globstar e outros.

No entanto, a manutenção de tais satélites era extremamente cara o que impossibilitou um uso mais ampla dessa tecnologia, mas com o desenvolvimento de novas tecnologias, uma abordagem diferente se torna possível em nossos dias.

As novas tecnologias permitem não apenas que satélites mais baratos sejam conseguidos, como também que eles sejam muito menores. Na documentação do IEE fala-se em satélites do tamanho de torradeiras de pão (Toasters) que poderiam ser lançados às dúzias em órbitas baixas e com isso ser obtida uma cobertura tão boa quanto a dos satélites de órbitas altas (geoestacionários), mas com muito menor custo de lançamento.

Outra vantagem da órbita baixa é a redução da latência (tempo para o sinal ir e voltar) que no caso de uma órbita alta torna-se significativo.

Recentemente, a SpaceX em parceria com o Google anunciou investimentos de milhões de dólares para o lançamento de aproximadamente 4000 satélites em órbitas baixas em torno do mundo. Esses satélites poderiam levar o acesso à internet em qualquer parte do mundo, pois como no caso do GPS, a qualquer momento será haveria um satélite passando sobre nós para nos dar acesso à rede.

Outras empresas estão trabalhando em sistemas próprios incluindo até mesmo empresas aéreas para oferecer aos passageiros acesso à internet em qualquer parte, o que hoje é extremamente caro, por usar satélites convencionais.

Na criação dessa nova tecnologia, além do 5G teremos o emprego de ondas milimétricas e de técnicas de modulação que permitem que, com muito pequena potência se tenha o alcance necessário para acessar os satélites.

Ondas milimétricas seriam a usadas no sentido de se obter ao mesmo tempo potência concentrada e capacidade de transmissão de dados.

Mas a ideia mais ousada que se propaga é de que o sistema se estenderia ao sistema solar inteiro com a colocação em órbita solar de uma enorme quantidade de satélites até talvez além de Plutão, e com isso o acesso à internet teria nova fronteira, mais ampla do que nossa própria capacidade de acesso físico.

Muita coisa nova deve surgir nos próximos tempos.