Escrito por: Newton C. Braga

Continuamos com esta série de artigos sobre Eletrônica Paranormal, baseados principalmente em nosso livro “Electronics Projects from the Next Dimension”  publicado nos Estados Unidos, passando a tratar de mais um assunto polêmico, mas que é explorado de uma forma bastante intensa nos meio “paranormais”. Mais uma vez alertamos que a finalidade desta seção não é defender teorias sobre a existência ou não dos fenômenos, mas sim dar elementos baseados em tecnologia que permitam aos interessados fazer suas pesquisas. Se as pesquisas revelarem se o fenômeno existe ou não, qual é a sua natureza e sua finalidade não cabe a nós, numa revista técnica, dar opiniões.

 

Os objetos voadores não identificados (OVNIS), ou UFOS se adotarmos a terminologia inglesa, popularmente chamados "discos voadores" preocupam uma grande parte dos pesquisadores ou interessados em fenômenos paranormais ou esotéricos.

Os mais diversos meios de sensoriar tais objetos têm sido imaginados pelos pesquisadores, que não deixam de citar que o próprio radar foi o primeiro recurso eletrônico que serviu para acusar esses “veículos”.

No entanto, radares não são equipamentos que estão ao alcance dos pesquisadores comuns, e os que podem manejá-los nem sempre estão dispostos (ou podem) revelar a presença de objetos estranhos em suas telas, por motivos que não nos cabe discutir aqui da mesma forma que não nos cabe discutir num artigo técnico se tais objetos existem ou não...

O fato é que, se tais naves são materiais (sólidas) elas podem refletir ondas de rádio, e se possuem algum tipo de propulsão que desconhecemos, existem manifestações ou efeitos que podem ser detectados por meios eletrônicos.

Um caso interessante que nos dá elementos para um bom projeto, é um relato que ficou famoso na nossa literatura “ufológica”.

Trata-se do caso de um navio na Ilha de Trindade (na década de 40 ou 50) que, sobrevoado por OVNIS teve seus equipamentos elétricos e eletrônicos afetados, inclusive relógios de muitos tripulantes que chegaram a parar.

Desde então, têm-se associado a presença desses objetos a efeitos magnéticos mais ou menos intensos. Tais perturbações dos campos poderiam ser aproveitadas para sua detecção.

Na figura 1 temos então um interessante circuito de detector de OVNIS, baseado na presença de campos magnéticos intensos que seriam produzidos no seu aparecimento.

 

A bobina deste circuito capta variações do campo magnético no local, fornecendo um sinal elétrico ao circuito.

A tensão induzida nestas condições é amplificada por um amplificador operacional servindo para disparar um monoestável. Esse monoestável está programado para habilitar um oscilador por um tempo determinado.

O sinal do oscilador vai então produzir um som audível num alto-falante sempre que forem detectadas variações bruscas do campo magnético do local.

A sensibilidade do aparelho depende muito da quantidade de espiras da bobina. Uma bobina com 5 000 a 10 000 espiras de fio fino é o que se recomenda como sensor. No entanto, o montador não precisa se preocupar em enrolar tal número de espiras numa bobina. Pode ser aproveitado o enrolamento primário de um transformador comum de alimentação, o enrolamento de um solenóide ou mesmo de uma campainha de porta.

Na figura 2 temos uma sugestão de placa de circuito impresso para a montagem desse “detector de OVNIS”.

 

É importante observar que variações de campos magnéticos relativamente intensas não são necessariamente associadas à presença de OVNIS.

Linhas de transmissão de energia, comutação de aparelhos elétricos e mesmo descargas elétricas na atmosfera, com a formação de tempestades,  podem provocar variações capazes de causar o disparo do aparelho.

O uso do aparelho será mais eficiente em “campo aberto” longe de influências elétricas produzidas por aparelho criados pelo homem. Também é importante observar que a bobina tem características direcionais de captação de campos.

 

 

OUTROS FENÔMENOS

Na série de filmes "Caça Fantasmas" os personagens principais possuem equipamentos sofisticados que, não só servem para detectar a presença das criaturas responsáveis pelos fenômenos estranhos, como também dispositivos que os afugenta ou mesmo os destrói.

Evidentemente, o "caçador de fantasmas" real, que seria o pesquisador ou ainda o amador interessado em qualquer tipo de manifestação paranormal não pode ainda chegar a tanto, pelo menos no estágio atual da ciência.

No entanto, a utilização de equipamentos eletrônicos de todos os tipos, aproveitando todo o seu potencial, pode ser muito interessante.

Dentre os equipamentos que podem ser utilizados nas pesquisas podemos citar os seguintes:

 

a) Detector de Radiação

Muitos pesquisadores indicam que nos locais de prováveis pousos de OVNIS detecta-se radiação atômica remanescente.

Para pesquisar tais locais, o que se faz é empregar detectores Geiger, capazes de medir radiações ionizantes resultantes de desintegrações atômicas, conforme sugere a figura 3.

 

A presença dessas radiações nos locais em que tais objetos voadores tem sido observados é associada, por muitos pesquisadores, ao sistema de propulsão que eles usariam. Evidentemente, a presença de altos níveis de radiação, além de alertar sobre o que ocorreu no local, também serve para afastar o pesquisador, que não deve ficar sujeito aos seus efeitos.

 

b) Detector de raios infravermelhos e raios X

Manifestações "energéticas" de diversos tipos podem ocorrer com a emissão de formas de radiação que nossos olhos não podem perceber.

Assim, um detector de radiação infravermelha, como os sensores piroelétricos usados como alarmes, consistem em equipamentos interessantes numa pesquisa de fenômenos paranormais. Variações da temperatura de um objeto que sejam imperceptíveis para nossos sentidos podem ser detectadas por um sensor piroelétrico, como o mostrado na figura 4.

 

c) Eletroscópio

Se existem fenômenos que podem provocar distúrbios magnéticos, podemos esperar que também ocorram condições em que fenômenos de natureza elétrica se manifestem.

É importante observar que os campos magnéticos e elétricos têm natureza distinta, e que um aparelho que seja sensível ou detecte um, não o faz com o outro.

Campos elétricos são causados por cargas elétricas acumuladas como, por exemplo, as que se acumulam nas nuvens e que são depois responsáveis pelas descargas elétricas (raios) durante tempestades.

O eletroscópio é o instrumento indicado para acusar a presença de cargas elétricas. Na figura 5 mostramos um eletroscópio eletrônico simples utilizando um FET de junção (transistor de efeito de campo) e que pode ser usado em algumas experiências interessantes.

 

 

Esse eletroscópio é sensível o suficiente para acusar um pente carregado a uma distância de quase um metro. A capacidade de pessoas paranormais de afetar a carga de objetos pode ser testada com este tipo de instrumento, ou até mesmo a capacidade de afetar a carga existente num corpo previamente carregado.

 

d) Conversor de ultrassons

Existem na natureza (e no mundo sobrenatural) muitas manifestações sonoras que ultrapassam a capacidade de percepção de nossos ouvidos. Talvez um fenômeno pesquisado não se revele justamente por estar numa faixa do "espectro sonoro" que não podemos perceber.

Um conversor ultrassônico seria um recurso muito interessante para o pesquisador, conforme mostra a figura 6.

 

 

Na própria gravação de "sons paranormais"  (EVP), o uso de um aparelho que traga para o espectro audível sons de freqüências elevadas, pode revelar coisas interessantes.

Esse aparelho nada mais é do que um sensível amplificador que mistura os sons de um microfone ultrassônico com os sinais de freqüência menor de um oscilador local. O resultado é um "batimento" ou combinação de freqüências que cai dentro da faixa audível.

Esse batimento pode então ser reproduzido num fone, alto-falante ou mesmo gravado.

 

 

CONCLUSÃO

Não é finalidade deste artigo discutir se os fenômenos pesquisados são reais, se devem ser acreditados ou não, ou porque não são aceitos pela ciência estabelecida.

Nossa finalidade com este artigo foi descrever os recursos eletrônicos que têm sido utilizados pelos pesquisadores (quem quer que eles sejam).

Se o leitor é cético em relação a qualquer um desses fenômenos, deve levar em conta apenas que, sendo "ligado" na eletrônica, pode perfeitamente ser consultado sobre algum equipamento que descrevemos ou mesmo receber a "encomenda" de montar algum deles.

O conhecimento do princípio de funcionamento dos aparelhos descritos e das técnicas usadas, tem antes um carater profissional para os que estão no campo da eletrônica, e foi principalmente para esse público preparamos esta série de artigos.

É claro que os leitores que são adeptos deste tipo de pesquisa devem merecer todo nosso apoio e, com certeza, não deixaremos de publicar, quando tivermos ao nosso alcance, projetos de quaisquer tipo que envolvam as chamadas "para-ciências" como a parapsicologia e outras.