Escrito por: Newton C. Braga

O avistamento de objetos voadores não identificados; (OVNI) tem sido registrado desde os tempos dos homens das cavernas. Registros na forma de pinturas rupestres ou ainda em documentos muito antigos têm reveleado o aparecimento de luzes no céu, objetos de formas estranhas voando e até mesmo contacto de “entidades” devidamente endeusadas, com seres humanos.

Nota: este artigo foi escrito em 1993, fazendo parte de um livro publicado na época em que o autor descrevia projetos para os pesquisadores. O autor não adotava as ideias sobre origem ou mesmo tecnologias dos objetos fornecendo em seu livro apenas meios técnicos para a pesquisa.

Para explicar a origem de tais objetos ou mesmo dos seres, o homem tem sempre feito valer teorias que estejam de acordo com o grau de conhecimento de sua época.

Nos tempos atuais, entretanto, dada a diversidade do níveis culturais, as teorias que procuram explicar as origens do OVNI podem ter as mais diversas características, indo do absurdo improvável ao correto altamente provável.

Para o pesquisador sério é muito difícil poder dizer que uma teoria qualquer seja válida, pois, ao nosso ver todas elas têm suas talhas, devidamente creditadas ao fato de que não temos suficiente quantidade de dados para poder fazer uma análise segura. Assim, partimos do fato de que os pesquisadores sérios ainda não têm a resposta definitiva, se bem que tenham em sua posse uma grande quantidade de dados.

Por este motivo, acreditamos que qualquer recurso que lhes permita colher mais dados será extremamente valioso.

O importante para nós neste livro é aceitar que existem fatos relativos ao aparecimento de OVNIs e correlatos que são suficientemente consistentes para não serem negados e suficientemente estranhos para não poderem ser explicados pela ciência oficial.

Como colher estes fatos é de vital importância para o pesquisador, será interessante saber como podemos contar com mais recursos do que um simples binóculo, luneta ou telescópio na parte óptica, uma máquina fotográfica e finalmente a própria presença num local, o que reduz as probabilidades de se ter êxito, num avistamento ou registro de um fenômeno a índices mínimos.

Contando com recursos eletrônicos podemos multiplicar a probabilidade de êxito na constatação de um fenômeno e com isso enriquecer o material de pesquisa.

Assim, nosso começo consiste em aceitar que os fenômenos existem e que podem ser detectados.

 

Os Fenômenos

O aparecimento dos objetos voadores não identificados (OVNI) está relacionado não só com a presença de uma imagem real (luminosa ou não) como também a diversas outras manifestações de natureza física.

Não podemos dizer, a partir disso, que tais objetos tenham uma natureza física, pois isso iria além de nossa finalidade, que não é explicar o fenômeno, pois pode ser perfeitamente possível que estas manifestações sejam consequências de fatos que não conhecemos. O importante para nós é analisar os fenômenos físicos relacionados com os aparecimentos e de que modo podemos usá-los para a detecção do OVNI.

Dizemos que os fenômenos são físicos quando eles não alteram a natureza da matéria, envolvendo energias conhecidas, como por exemplo a luminosa, radiante de outra faixa do espectro eletromagnético não visível, térmica, etc.

Por outro lado, existem os fenômenos de natureza química que afetam a natureza da matéria como, por exemplo, a queima de rochas num eventual pouso ou ainda a alteração das características de um curso de água ou coisa parecida.

O grande número de relatos pesquisados em livros nos mostram que basicamente temos os seguintes tipos de manifestações quando do aparecimento de OVNI, ou mesmo relacionadas com estes aparecimentos em locais suspeitos:

 

Efeitos Luminosos

Na maioria dos avistamentos noturnos os OVNI são dotados de luz. Emitem fortes luzes de colorações diferentes que parecem estar associadas ao próprio meio de propulsão usado.

Não podemos dizer se estas luzes são produzidas por ionização do ar em torno do objeto ou por qualquer outro fenômeno, no entanto seria interessante contar com a possibilidade de se fazer uma análise espectral da luz emitida por um OVNI de modo a se determinar a sua natureza.

Isso, em princípio, pode ser feito com um espectrógrafo acoplado a uma luneta, conforme mostra a figura 1.

 


 

 

Os diversos comprimentos de onda da luz emitida seriam retratados de formas diferentes por um prisma de cristal, impressionando o filme em locais diferentes. Como cada comprimento de onda, e portanto cada cor, está associado a um elemento químico, seria possível obter uma “ficha” completa da composição do corpo que está emitindo luz, inclusive sendo possível saber se este corpo é o ar ambiente que cerca o objeto ou se é o próprio objeto, a partir de algum processo de natureza desconhecida.

A ionização a partir de fenômenos elétricos têm sido bastante explorada na explicação do avistamento de luzes em locais ermos, associadas a OVNI.

Será interessante analisar este fenômeno para que o leitor saiba em que condições ele pode se manifestar e assim ficar mais fácil saber quando podemos associá-lo a uma ocorrência natural e quando não.

Quando as cargas elétricas acumuladas num corpo aumentam em quantidade, o corpo não pode mais retê-las. O resultado é que estas cargas tendem a escapar, principalmente pelas regiões do corpo que tenham pontas.

O escape destas cargas sob alta tensão é acompanhado de uma ionização do ar a sua volta, o que causa a emissão de uma luz branco-azulada, que em alguns casos pode também tender ao verde ou alaranjado, conforme mostra a figura 2.

 


 

 

 

Nos dias de tempestade, a indução de cargas em objetos pelas nuvens carregadas pode provocar a manifestação de um fenômeno bastante conhecido dos navegadores.

A estrutura do navio adquire uma carga elétrica e nos mastros ou outros pontos começam a ocorrerem escapes destas cargas com a produção de uma luminescência.

Este fenômeno, denominado “fogo de Santelmo” é relatado muitas vezes, tendo sido associado em muitos casos a fenômenos não naturais.

Veja então que sua manifestação em condições de “ar carregado” é perfeitamente natural, se bem que nas condições de ar seco, sem vento ou sem nuvens, seja difícil explicar como o aparecimento deste tipo de emissão possa ocorrer.

Assim, em muitos relatos de aparecimento de luzes estranhas em florestas, regiões desabitadas, a produção da luz por fenômenos naturais de natureza elétrica deve ser investigada, sendo importante estabelecer as condições climáticas do local no momento em que foi feito o avistamento.

No entanto, podemos facilmente observar que em muitos casos em que estas luzes foram observadas as condições para a ocorrência de forma natural não eram satisfeitas.

Outro caso que deve ser levado em conta é que um objeto material se deslocando em grande velocidade na atmosfera aquece, e com isso pode haver a emissão de luz.

A entrada na atmosfera de um pequeno meteorito pode fazer com que um traço luminoso seja produzido no céu. O objeto, entrando na atmosfera em velocidades que variam entre 40 000 e 80 000 quilômetros por hora aquece-se pelo atrito a ponto de se queimar, produzindo um traço luminoso no céu, conforme mostra a figura 3.

 


 

 

No entanto, está claro que este traço dura poucos segundos, e é quase que perfeitamente reto, diferentemente de um objeto controlado que pode fazer curvas, voltar ou mesmo parar.

Assim, é extremamente fácil para o observador distinguir a entrada de um meteorito na atmosfera de qualquer outra manifestação luminosa ligada a OVNI.

Outro motivo de confusão, comum em observadores inexperientes, é aquela em que visualizamos um satélite artificial.

Os satélites que orbitam entre 300 e 600 km de altura podem ser vistos a olho nu em condições favoráveis. O que ocorre é que, normalmente logo após o crepúsculo, eles se encontram em altura suficientemente elevada para permanecerem iluminados pelo sol.

Desta forma, para um observador terrestre eles aparecem como um ponto luminoso, que tem alguma cintilação ou variação de brilho pelo fato de poder estar girando em torno de si mesmo, deslocando-se vagarosamente pelo céu, conforme mostra a figura 4.

 


 

 

Quando eles se deslocam em direção oposta àquela em que está o Sol, eles acabam por penetrar na sombra da Terra, caso em que desparecem. O tempo de deslocamento médio de horizonte & horizonte é da ordem de alguns minutos, mas é bem mais lento do que o movimento de um meteoro.

Evidentemente não incluímos nestas observações objetos de fabricação terrestre, como balões e aviões, e nem alguns astros de maior brilho, como o planeta Vênus, que podem ser confundidos pelos menos habituados à observação.

 

Efeitos Elétricos

Se bem que o fogo de Santelmo seja uma manifestação elétrica que pode causar confusões, existem outros tipos de fenômenos elétricos importantes, estes sim, associados ao aparecimento de objetos voadores não identificados.

Em certos casos, a eletrificação de objetos tem sido relatada, caso em que as pessoas tomam choques ao tocarem em objetos de grande porte quando um OVNI se aproxima muito deles.

O que pode ocorrer nestes casos é a indução de cargas elétricas causadas por motivos que não conhecemos (mas que seria muito interessante analisar).

A indução ocorre quando um objeto carregado de eletricidade se aproxima de outro, conforme mostra afigura 5.

 


 

 

 

Neste caso, cargas elétricas de um dos objetos se deslocam de modo a criar uma elevada tensão elétrica que pode causar choques.

Um exemplo de indução pode ser dado durante as próprias tempestades em que as cargas das nuvens induzem em objetos metálicos ou condutores de grande porte, cargas elétricas com tal intensidade que sua fuga provoca a ionização.

Esta ionização do ar ambiente gera então uma luminosidade de que já falamos anteriormente. De qualquer maneira, a manifestação deste fenômeno associado ao aparecimento de OVNI é um indicativo de que processos elétricos estão ocorrendo, o que pode ser muito interessante para o pesquisador.

Por este motivo, a inclusão de dispositivos de detecção de campos elétricos pode ser muito interessante para o pesquisador sério.

Outro fato importante que deve ser levado em conta é que muitos aparelhos eletrônicos de uso pessoal são extremamente sensíveis a cargas elétricas de natureza estática.

Assim, a presença de campos elétricos associados ao aparecimento de OVNI pode perfeitamente causar danos a relógios de pulso eletrônicos, calculadoras, computadores, equipamentos de vídeo cassete etc..

Os circuitos eletrônicos denominados CMOS são especialmente sensíveis descargas estáticas, podendo ser afetados até mesmo pelo toque dos dedos se estivermos “carregados” de eletricidade, o que ocorre com muito mais facilidade do que se pensa.

O simples caminhar de uma pessoa sobre um tapete é suficiente para gerar cargas elétricas que atinge milhares de volts, conforme mostra a figura 6.

 


 

 

Isso significa que objetos de maior porte que se atritem com o ar, como um carro, um avião (e eventualmente um OVNI), podem adquirir cargas elétricas muito maiores e que poderiam causar problemas na sua aproximação, ou servir para fazer sua detecção.

No caso específico dos carros e aviões, temos fitas e pontas de descarga por onde as cargas acumuladas podem escoar, conforme mostra a figura 7.

 


 

 

No caso específico do OVNI não sabemos se existem (ou se precisam) meios semelhantes, mas o fato de que fenômenos elétricos têm sido associados à sua presença pode indicar que as cargas realmente se acumulam ou se manifestam em suas proximidades, e isso é importante para o pesquisador.

 

Fenômenos Magnéticos

Os fenômenos magnéticos não devem ser confundidos com os fenômenos de natureza elétrica.

Cargas elétricas acumuladas num corpo produzem um campo elétrico, ou seja, uma “influência” a sua volta, normalmente invariável (estática). .Já as correntes elétricas, que resultam de um fenômeno dinâmico, criam em seu trajeto uma perturbação magnética no espaço, conforme mostra a figura 8.

 


 

 

Temos a produção de campos magnéticos pelos ímãs. Estes campos são associados ao movimento dos elétrons nas órbitas em torno dos núcleos dos átomos.

Quando todos os movimentos estão organizados o campo produzido se orienta e o corpo se magnetiza, conforme mostra a figura 9.

 


 

 

Este corpo adquire então a propriedade de atrair objetos de metais ferrosos.

As correntes elétricas que passam pelas instalações elétricas e pelos circuitos elétricos e eletrônicos criam campos magnéticos e também são influenciadas por eles.

Neste ponto é importante que o pesquisador diferencie os fenômenos causados por eletricidade estática dos produzidos por eletricidade em movimento, ou seja, magnéticos.

Os fenômenos magnéticos estão associados às cargas elétricas em movimento, ou seja, devido à presença de correntes elétricas ou materiais com propriedades magnéticas.

Têm sido notados diversos fenômenos de natureza magnética relacionados ao aparecimento de OVNI. Na verdade, os fenômenos magnéticos têm sido os mais acentuados, o que parece indicar que seu sistema de propulsão ou sua própria presença tem algo a ver com campos de natureza magnética.

Evidentemente não cabe a nós elaborar teorias a este respeito mas sim indicar ao leitor os possíveis métodos de sua investigação.

A manifestação de campos magnéticos pode causar diversos tipos de fenômenos que podemos observar, principalmente a partir de dispositivos que tenham principio de funcionamento semelhante.

Uma manifestação interessante é a que ocorre quando a presença de um OVNI causa o desvio da agulha de uma bússola. De fato, a bússola opera baseada no campo magnético da Terra. Uma agulha imantada tende a se orientar do modo a ficar paralela às linhas do campo magnético da Terra, conforme mostra a figura 10.

 


 

 

 

É evidente que a presença de qualquer campo magnético “estranho" causa um desvio nesta orientação. Aproxime um pequeno imã de uma agulha de bússola e o leitor verá o que estamos dizendo.

Pela distância que um pequeno imã pode influir na orientação de uma bússola, pode-se ter uma ideia de que intensidade deve ter o campo produzido por um OVNI para poder causar influências a muitos metros (ou centenas de metros de distância).

Uma bússola consiste, portanto, num excelente detector de fenômenos magnéticos causados pela presença de OVNI. No entanto, a principal dificuldade no seu uso está na necessidade de precisarmos ficar constantemente observando-a.

Soluções eletrônicas para a detecção de campos e suas variações podem ser muito interessantes para um pesquisador e veremos mais adiante como fazer isso.

Uma outra manifestação de natureza magnética que pode ocorrer na presença de OVNI é a relacionada com a alteração na tensão da rede de energia.

A aproximação de um OVNI de uma linha de alta tensão pode ter efeitos tanto de natureza elétrica como de natureza magnética, conforme mostra a figura 11.

 


 

 

Estes efeitos podem se manifestar como uma diminuição da tensão elétrica, caso em que os aparelhos elétricos e eletrônicos podem sofrer alterações de funcionamento ou pararem de funcionar, ou ainda as lâmpadas podem diminuir de brilho.

Dispositivos cujo princípio de funcionamento se baseia em indução eletromagnética, tais como motores elétricos e dínamos, podem parar completamente em alguns casos. Isso explica a paralisação dos motores dos carros na presença de OVNI, citada em muitos relatos.

Os carros usam dínamos para gerar a tensão que carrega a bateria e ajuda no funcionamento do sistema elétrico, e também possuem a bobina de ignição, que consiste num autotransformador cujo principio de funcionamento e' totalmente magnético.

Evidentemente. um campo magnético suficientemente forte pode afetar o funciona mento destes dispositivos, paralisando um carro.

Alguns equipamentos que operam com ondas eletromagnéticas como, por exemplo, rádios, televisores e equipamentos de telecomunicações, podem sofrer alterações de funcionamento mais drásticas com o corte do sinal (nos televisores podem aparecer chuviscos com a diminuição do sinal), ou mesmo uma alteração de sua intensidade.

Têm sido relatados casos em que imagens dos televisores sofrem diminuição do quadro quando OVNI são avistados nas proximidades, conforme mostra a figura 12.

 


 

 

 

Deve-se observar que a imagem de um televisor é controlada por bobinas em torno do Cinescópio responsáveis pela deflexão dos elétrons. Um campo magnético forte no Cinescópio afeta a deflexão, podendo com isso deformar a imagem.

Evidentemente, a manifestação dos fenômenos da forma indicada não é uma regra. O importante para o pesquisador e saber que campos magnéticos parecem estar intimamente associados à presença de OVNI, e não são poucos os pesquisadores que trabalham com detectores de campos magnéticos permanentemente ligados.

E claro que devemos também levar em conta a produção de campos magnéticos a partir de fenômenos naturais.

Os principais fenômenos naturais que podem causar perturbações de natureza magnética são:

 

Raios

Descargas elétricas atmosféricas e, portanto, perfeitamente naturais, produzem fortes perturbações de natureza magnética e também eletromagnética, ou seja, causam emissões de ondas de rádio.

Basta ligar um rádio de ondas médias (AM) fora de estação durante a aproximação de uma tempestade para se perceber que a cada descarga visível (relâmpago) temos a produção de um ruído devido à captação dos sinais elétricos gerados.

Pode-se detectar a aproximação de tempestades justamente utilizando-se um rádio de ondas médias.

Evidentemente, este fato é importante para se poder saber quando um detector dispara pela presença de um OVNI ou pela simples descarga atmosférica de uma tempestade próxima.

Assim, o uso do detector fica limitado a dias limpos e sem nuvens, ou seja, quando não ocorra ameaça de chuva com descargas estáticas fortes.

 

Dispositivos construídos pelo homem

Diversos são os aparelhos comuns que podem gerar fortes perturbações de natureza magnética e eletromagnética e que podem ser confundidas pelos detectores ou pelos efeitos que causam.

Motores elétricos e circuitos indutivos quando acionados produzem perturbações que se propagam pelas linhas de energia, conforme mostra a figura 13.

 


 

 

 

Estas perturbações podem afetar aparelhos sensíveis como receptores de rádio e TV, aparecendo então ruídos ou interferências na imagem. Estas perturbações também podem causar o disparo de detectores.

Por exemplo, a ligação de um motor elétrico nas proximidades de um detector pode causar o seu disparo, com a indicação de que uma perturbação de natureza magnética ou eletromagnética ocorreu.

Os motores dos automóveis pela presença de circuitos comutadores e geradores de altas tensões para as velas também podem causar interferências magnéticas, disparando detectores, daí ser preciso estar atento para não fazer confusões.

Um rádio de AM ligado fora de estação nas proximidades de um carro com o motor ligado mostra que tipo de interferência os motores podem causar, e estas interferências podem afetar os detectores.

Todos estes fatos mostram que é preciso estar atento a falsos alarmes quando se usa um detector de campos magnéticos.