Escrito por: Newton C. Braga

Durante muitos anos me interessei pelo que se denominam “fenômenos paranormais”. Diferentemente do que os leitores mais tradicionais possam pensar, isso não significa uma fuga da minha maneira de pensar acadêmica ou ligada a diretamente à ciência, como a praticamos. A ciência avança aos saltos e muitas vezes existem obstáculos que impedem esses saltos durante muito tempo. Isso ocorre principalmente quando a ciência tradicional deixa de lado sua “isenção de ânimos” e passa a repudiar certos temas que ela julga não estarem de acordo com aquilo que ela acredita ser correto. Isso, às vezes pode significar erros irreparáveis.

   Não precisamos ir muito longe no passado para dar exemplos.
Durante muitos anos, os efeitos das ervas e drogas obtidas de plantas tropicais, principalmente da Amazônia eram assunto apenas de publicações que não tinham aceitação científica, sendo considerados crenças, lendas e até mesmo invenções. No entanto, quando a ciência resolveu tratar desse assunto, deixando de lado os preconceitos, pudemos ver que aquilo que a tradição dos índios apregoava tinha sérios fundamentos científicos. Componentes ativos de muitas dessas substâncias obtidas de vegetais possuem realmente as propriedades apregoadas e podem levar a novos medicamentos. No século XIX, por exemplo, os cientistas descartavam totalmente a possibilidade de estudar a composição de meteoros encontrados em diversos locais, pois, segundo a ciência oficial eles não existiam, porque segunda ela “não havia pedras no céu”.

  Em outros setores da curiosidade humana, nos defrontamos com alguns fatos semelhantes. É o caso da acupuntura, ioga, etc. Em especial, podemos falar dos chamados fenômenos paranormais que a ciência ainda reluta em muitos casos a aceitar e se nega sequer a investigação (como ocorreu em tempos passados com as ervas da Amazônia e os meteoros).

   O verdadeiro cientista deve ser dotado de total isenção de ânimo. Não deve aceitar ou descartar a existência qualquer fenômeno ou tentar explicá-lo, sem antes fazer uma pesquisa profunda. Nossa curiosidade nos levou então a aproveitar o nosso conhecimento de eletrônica para criar aparelhos que pudessem ser úteis na pesquisa de fenômenos paranormais. Não que isso signifique que aceitemos esses fenômenos ou as explicações (muitas vezes esotéricas ou místicas) que são dadas. Queremos é investigar,

   Assim, depois de participarmos das atividades de um grupo de pesquisadores com as mesmas idéias e criarmos diversos circuitos para essa finalidade os quais publicamos em muitas das revistas dessa série, pensamos num livro que pudesse reuni-los.

   Na verdade, a idéia surgiu de uma conversa que tivemos com nosso agente nos Estados Unidos, Jeff Eckert e com a Gerente de Aquisições da Newnes, divisão americana da Elsevier Technical Books (da Inglaterra) nos Estados Unidos, Candace Drake Hall. Já havia publicado dois livros nos Estados Unidos, os quais tiveram excelente aceitação, um deles até adotado em diversos cursos de engenharia daquele país e de outros onde a Elsevier tem filiais (Austrália, Índia, Hong Konk, Singapura, Alemanha, etc.).

   Candace afirmou que um livro desse tipo teria grande aceitação pela curiosidade que representaria. E, de fato, após reunir mais de uma centena de projetos Paranormais” publiquei o livro “Electronic Projects from the Next Dimension – Paranormal Experiments for Hobbysts” (Projetos Eletrônicos da Outra Dimensão – Experimentos Paranormais para Hobistas” que acabou ganhando o prêmio de “livro mais original do ano” de 2002, da revista Anomalyst da Inglaterra.

  Se bem que o livro tenha sido originalmente e escrito em inglês, posteriormente reuni diversos dos projetos originais numa edição em equivalente em português,  que recebeu o título de Eletrônica Paranormal – Projetos para outra Dimensão. Muitos dos projetos já foram publicados na Revista Saber Eletrônica e Eletrônica Total em sua versão antiga. Os artigos que vamos colocar agora em nosso site, a partir deste, são adaptações do livro, atualizações e muita coisa nova baseada no mesmo assunto.

   Observamos que, muitos dos aparelhos também podem ter sua utilidade estendida para experimentos em áreas médicas e de comportamento humano como, por exemplo, em psicologia, experimentos com animais, etc. Gostaríamos, antes de iniciar, ressaltar mais uma vez a posição do autor de pesquisador que se interessa pela criação do experimento e dos meios que levem a ele, utilizando tecnologia eletrônica. Os  resultados dos experimentos e suas explicações ficam por conta dos pesquisadores.


Figura 1 - Capas das edições em português, inglês e russo do livro citado no texto acima.

 O livro Electronic Projects from the Next Dimensio é vendido pela Amazon (www.amazon.com) onde existe um comentário de leitor que reforça o que dissémos:


Very interesting book, August 6, 2001

Reviewer: bugbaum from Charlottesville, VA

This book is technically very good, the author is a respected educator, and potential buyers should not be put off by the paranormal aspect of it. The experiments are interesting in any context. Just as a book about, for example, fly fishing does not guarantee that fish exist, this book does not address the question of whether any spirits really are out there attempting to communicate with us. It does, however, present logical ideas about how we might detect such attempts if they do exist. It follows in the footsteps of similar studies conducted by many respected scientists and engineers, including Edison.

“Este livro é tecnicamente muito bom, o autor é um respeitável educador, e os compradores em potencial não devem ser enganados pelo seu aspecto paranormal. Os experimentos são interessantes em todos os contextos. Tal como um livro sobre, por exemplo, pescaria não afirma que os peixes existam, esse livro não questiona o que os espíritos realmente são ou se desejam se comunicar conosco. No entanto, ele apresenta idéias lógicas de como poderíamos detectá-los se eles existirem. Ele segue as pegadas de estudos similares conduzidos por muitos cientistas e engenheiros respeitáveis, incluindo Edison.”