Se bem que lanternas de excelente aparência e boa qualidade com recursos especiais tais como pisca-pisca e sirenes possam ser encontradas prontas, a possibilidade de fazer sua montagem tem algumas finalidades. Uma delas é introduzir essa montagem nos cursos técnicos, como matérias eletivas em educação tecnológica ou mesmo para distração, já que se trata de algo que os mais habilidosos podem usar para demonstrar todos os seus potenciais. É justamente esse tipo de circuito que descrevemos neste artigo.

Um dos problemas das lanternas de pilhas comuns (faroletes) é que, na maioria dos tipos, o interruptor usado tem problemas de contactos com pouco tempo de uso.

Além disso, é comum que o usuário esqueça as pilhas no seu interior, que depois de um certo tempo acabam por vazar e inutilizar por completo a lanterna.

Se o leitor tem um farolete desse tipo abandonado, ou ainda deseja montar um que não tenha esses problemas, a idéia está no uso da eletrônica.

Aproveitando simplesmente o refletor com a lâmpada podemos montar uma versão de excelente desempenho com algumas vantagens, além de possibilitar a colocação em prática de conhecimentos de eletrônica.

Se o leitor dá aulas de tecnologia, a sua montagem pode ser muito interessante como trabalho prático numa disciplina eletiva que ensine eletrônica.

É claro que, além de tudo, trata-se de um aparelho de utilidade para ser usado em situações de emergência, camping, pescarias e muito mais.

O circuito foi projetado para lâmpadas de 6 V mas pode ser modificado para operar com lâmpadas de 9 V (6 pilhas) ou mesmo 12 V (bateria) com correntes até 500 mA.

A ideia básica e instalar todo o conjunto numa caixa conforme mostra a figura 1, aproveitando-se o refletor e a lâmpada de uma lanterna que tenha sido abandonada pelos problemas que já relatamos.

 

Figura 1 – Sugestão de caixa para a montagem
Figura 1 – Sugestão de caixa para a montagem

 

 

Nessa caixa teremos um interruptor geral, um interruptor de pressão para sinalização e uma chave que aciona a função pisca-pisca.

 

Como Funciona

Para o acionamento direto não existem segredos, já que a chave S3 coloca a lâmpada no circuito e a corrente pode ser estabelecida nessa mesma lâmpada a partir de S2 (pulsos) ou a partir de S1 (ligação permanente).

Como são usados interruptores comuns, estes não apresentam os mesmos problemas de falhas que o sistema de lâminas deslizantes das lanternas comuns tem.

Essas lâminas enferrujam ou então entortam fazendo com que ocorra um contacto deficiente que prejudica o funcionamento da lanterna.

Para a função pisca-pisca é que entra em ação a parte eletrônica: temos então um multivibrador astável com dois transistores BC548 onde a freqüência de operação depende de R2/R3, C1 e C2.

A faixa de valores indicada permite que o leitor faça experiências no sentido de encontrar a velocidade das piscadas desejada.

O sinal do multivibrador controla um transistor de potência TIP32 que tem por carga a lâmpada.

Em função da corrente da lâmpada, o resistor R1 deverá ser alterado para se obter o maior brilho. Se, ao ligar o aparelho na função pisca-pisca, a luminosidade da lâmpada for pequena, devemos reduzir R5 até um valor mínimo de 47 Ω.

Se mesmo assim, não conseguirmos a luminosidade desejada, deve ser reduzido R4 para 1,5 ou 1,2 k Ω.

 

Montagem

Na figura 2 temos o diagrama completo do aparelho.

 

Figura 2 – Diagrama completo do aparelho
Figura 2 – Diagrama completo do aparelho

 

 

A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 3.

 

Figura 3 – Montagem em placa de circuito impresso
Figura 3 – Montagem em placa de circuito impresso

 

 

Como se trata de montagem simples existe a possibilidade de se usar uma ponte de terminais ou mesmo uma placa universal.

Os capacitores usados são eletrolíticos para uma tensão mínima de trabalho e seu valor depende de experiências para se obter as piscadas na velocidade desejada. Observe sua polaridade no momento da soldagem.

O transistor Q3 pode precisar de um radiador de calor se tender ao aquecimento, em função da potência da lâmpada.

S1 é um interruptor de pressão e S2 um interruptor simples. S3 é uma chave de dois pólos x duas posições, onde aproveitamos apenas uma de suas secções.

Para as pilhas devemos usar um suporte de acordo com seu tamanho: pequenas, médias ou grandes.

 

Prova e Uso

Para provar a unidade, coloque inicialmente a chave S3 na função “lanterna” e aperte S1. A lâmpada deve acender com brilho normal.

Depois, acione S2 o que também vai fazer com que a luz acenda. Passe agora a chave S3 para a posição “pisca-pisca” mantendo S2 ligada. A lâmpada deve piscar em velocidade que vai depender dos componentes usados.

Comprovado o funcionamento, faça a instalação definitiva do aparelho numa caixa.

Dê preferência a uma caixa que resista às condições ambientes, principalmente se for usá-lo ao ar livre.

 

Obs.: uma ideia interessante é usar pilhas recarregáveis de NiCad. Um sistema carregador pode ser agregado ao circuito para manter as pilhas em recarga quando a lanterna não estiver sendo usada.

 

Também podem ser usados LEDs brancos de alta potência em série com resistores de 22 Ω a 47 Ω.

 

Semicondutores:

Q1, Q2 – BC548 ou equivalentes – transistores NPN de uso geral

Q3 – TIP32 – transistor de potência

 

Resistores: (1/8 W, 5%)

R1 – 4,7 k Ω – amarelo, violeta, vermelho

R2, R3 – 47 k Ω – amarelo, violeta, laranja

R4 – 2,2 k Ω – vermelho, vermelho, vermelho

R5 – 1 k Ω – marrom, preto, vermelho

 

Capacitores:

C1, C2 – 1 a 10 µF – capacitores eletrolíticos – ver texto

 

Diversos:

X1 – lâmpada de 6 V de lanterna

S1 – Interruptor simples

S2 – Interruptor de pressão normalmente aberto

S3 – Chave de 2 pólos x 2 posições

B1 – 6 V – 4 pilhas pequenas, médias ou grandes – conforme a lâmpada

Placa de circuito impresso, suporte de pilhas, radiador de calor para o transistor de potência (opcional), fios, caixa para montagem, solda, etc.