Rádios são montagens interessantes para implementação em cursos de Educação Tecnológica tanto pela sua simplicidade como pelos efeitos imediatos que oferecem: ouve-se alguma coisa tão logo eles sejam montados. O rádio que descrevemos tem a vantagem de poder usar componentes de sucata e de fácil obtenção. Trata-se de montagem ideal para ensinar como soldar, reconhecer componentes e estudar o princípio de funcionamento dos rádios.

Descrevemos a montagem de um rádio muito simples, do tipo de amplificação direta que pode captar as estações locais de ondas médias com boa intensidade de som.

Usando dois transistores de qualquer tipo, que podem ser até aproveitados de aparelhos velhos, ele tem pot6encia para excitar um pequeno alto-falante.

A alimentação pode ser feita com pilhas comuns e até fontes alternativas de energia que forneçam tensões entre 1,5 e 6 V.

Os próprios transistores usados podem ser aproveitados de velhos rádios, amplificadores ou outros aparelhos antigos.

Normalmente, nestes aparelhos, existem muitos transistores em bom estado que podem ainda ser usados em projetos experimentais como este.

 

COMO FUNCIONA

A separação das estações é feita por um circuito de sintonia formado pela bobina L1 e pelo capacitor variável CV.

É justamente neste capacitor que selecionamos a estação que desejamos ouvir.

Quando este circuito é ajustado apenas o sinal de uma estação é aplicado ao diodo detector, sendo os demais desviados para a terra onde se perdem.

O diodo separa a componente de som (áudio ou baixa freqüência) da componente de alta frequência que é desviada para a terra, pois não serve mais para a nossa finalidade.

Depois disso, o sinal de áudio é levado aos dois transistores que são ligados numa configuração de alto ganho denominada Darlington e que é mostrada na figura 1.

 


 

 

Esta configuração permite a multiplicação da capacidade de amplificação dos transistores.

Assim, se tivermos dois transistores que amplificam o sinal 50 vezes, em conjunto e ligados desta forma, eles podem amplificar o sinal 2 500 vezes (50 x 50).

Desta forma, o sinal muito fraco que obtemos depois do diodo pode ser amplificado o suficiente para poder alimentar um alto-falante, resultando num som suficiente para que possamos ouvir claramente a estação sintonizada.

É claro que não é a mesma sensibilidade e volume de um rádio comercial onde encontramos de 5 a mais de 10 transistores na amplificação, mas trata-se de um rádio experimental...

Se o leitor tiver muitos transistores disponíveis pode experimentar a combinação que dê o maior ganho, mas neste caso é preciso observar que os dois devem ser do mesmo tipo: NPN

Na figura 2 mostramos como é possível saber se um transistor é NPN ou PNP e como identificar seus terminais para os tipos mais antigos.

 


 

 

O alto-falante é ligado diretamente à saída do circuito.

Na realidade, se usarmos transistores de germânio o rádio pode funcionar com tensões muito menores do que os 3 V indicados como, por exemplo, 1,0 V obtido de células experimentais ou mesmo de uma célula solar.

 

MONTAGEM

Na figura 3 temos o diagrama completo do receptor.

 


 

 

 

Na figura 4 temos o modo de se realizar a montagem numa ponte de terminais que é a versão mais indicada para estudantes, experimentadores e iniciantes sem recursos para elaboração de uma placa de circuito impresso.

 


 

 

 

A bobina L1 consta de 80 a 100 voltas de fio esmaltado de 24 a 30 de espessura (AWG) num bastão de ferrite de aproximadamente 1 cm de diâmetro e de 10 a 25 cm de comprimento, com tomada na vigésima ou trigésima espira.

O capacitor variável pode ser retirado de qualquer rádio AM fora de uso.

O diodo também pode ser de qualquer tipo de germânio.

Os diodos retirados de rádios fora de uso normalmente servem para esta aplicação mas se tiver de adquirir um, peça pelo 1N34 ou 1N60.

O resistor R1 deve ter seu valor obtido experimentalmente ficando entre 470 k Ω e 1,5 M Ω.

O leitor deve escolher o maior valor possível que resulte em maior ganho (maior intensidade do som) mas sem distorção.

O alto-falante pode ser de 2,5 a 10 cm de diâmetro com 4 ou 8 Ω de impedância.

Os transistores admitem muitas opções de rádios antigos tais como os 2SB75, 2SB175, 2SB54, AC128, OC71, OC74 e muitos outros de aparelhos anteriores a 1960.

Tipos mais modernos também servem.

Estes transistores normalmente têm uma pinta ou marca (triângulo) indicando o terminal de coletor.

Se tiver dúvidas experimente: se não funcionar inverta as ligações.

Se ainda assim não tiver sucesso é porque o transistor é NPN ou ainda está com problemas.

Se for adquirir um transistor moderno opte pelo BC557 ou BC558.

A antena deve ser um pedaço de fio esticado de 3 a 10 metros de comprimento.

A ligação à terra pode não ser necessária com as estações mais fortes, mas se for feita ela consiste num fio conectado a qualquer grande objeto em contacto com a terra ou com paredes de alvenaria tais como uma esquadria de porta ou janela.

Para as estações mais fortes, o simples fato de segurarmos no fio terra já é suficiente para se obter boa recepção.

 

PROVA E USO

Faça a ligação da antena e terra e coloque as pilhas no suporte.

Ligue o interruptor geral (se o usar, pois é opcional).

Gire o variável até captar alguma estação.

Se nada conseguir, é sinal que existem problemas com os transistores.

Inverta sua ligação ou verifique se estão em bom estado.

 

Semicondutores:

Q1, Q2 – Transistores PNP antigos – ver texto

D1 – 1N34 ou qualquer diodo de germânio

 

Resistor:

R1 – 470 k Ω a 1,5 M Ω x 1/8 W

 

Capacitores:

C1 – 100 nF – cerâmico ou poliéster

C2 – 1 nF – cerâmico ou poliéster

CV – variável – ver texto

 

Diversos:

L1 – Bobina de antena – ver texto

FTE – alto falante de 4 ou 8 Ω pequeno

B1 – 3 ou 6 V – 2 a 4 pilhas pequenas

 

Ponte de terminais, bastão de ferrite, fios esmaltados, fios comuns, antena, base para montagem, suporte de pilhas, etc.