Escrito por: Newton C. Braga

Veja neste artigo alguns circuitos práticos de segurança que tanto podem funcionar de maneira independente como podem ser agregados aos sistemas de alarmes comerciais melhorando seu desempenho e até agregando novas funções. Os leitores que trabalham com comercialização e instalação de alarmes poderão até aproveitar estes circuitos para ganhar mais dinheiro em sua atividade.

Artigo publicado originalmente em 1999.

 

A preocupação com a segurança doméstica ou em estabelecimentos comerciais e industriais é tamanha em nossos dias que podemos encontrar nas casas especializadas uma série muito grande de dispositivos e equipamentos prontos para esta finalidade. No entanto, os dispositivos são projetados para aplicações que procuram abranger o maior número possível de situações e que, portanto podem não atender a uma necessidade específica de um cliente ou de sua própria casa.

Num caso como esse a única solução é a montagem do dispositivo que tenha as características próprias para a aplicação e isso exige duas coisas importantes: ter o circuito e ter a habilidade para a sua elaboração.

Os frequentadores deste site podem tirar vantagens das ideias de circuitos que damos, pois tanto podem usá-las em seu próprio proveito como podem ganhar dinheiro fazendo instalações ou mesmo agregando-as a circuitos comerciais comuns.

Neste artigo apresentamos alguns circuitos simples que podem ser usados em sistemas de segurança de forma independente ou ainda agregados aos equipamentos comerciais que não tenham as funções sugeridas.

DESARME TEMPORIZADO

A maioria dos sistemas de alarme dá um certo tempo para que o dono da propriedade saia depois de ligar o alarme antes de ativar o sensor principal na porta de entrada.

No entanto, dependendo do sistema usado, principalmente se for mais simples, este recurso pode não estar disponível exigindo-se assim o uso de uma chave externa para esta finalidade.

O que se tem então é um interruptor que ativa o alarme do lado de fora da propriedade o que torna o sistema vulnerável, conforme mostra a figura 1.

 

Um interruptor externo de desarme torna vulnerável um sistema de alarme.
Um interruptor externo de desarme torna vulnerável um sistema de alarme.

 

 

Com o circuito simples da figura 2 qualquer sistema de alarme pode ser desativado por um tempo ajustado entre alguns segundos e vários minutos dando assim tempo para que o usuário saia e feche a porta principal antes de tudo ser ligado.

 

Pressionando-se S1 o alarme é desativado pelo tempo ajustado em P1.
Pressionando-se S1 o alarme é desativado pelo tempo ajustado em P1.

 

Este circuito é ideal para os sistemas de alarme que não são ativados no instante exato em que um dos sensores é ativado. Desta forma, para desarmar o alarme ao chegar o usuário tem um certo tempo depois de abrir a porta principal.

Se o sistema não contar com um retardo de disparo, agrega-se ao circuito da figura 2 um interruptor magnético que ficará escondido do lado externo da propriedade a ser protegida, conforme mostra a figura 3.

 

Passando um imã perto de X1, o alarme desarma pelo tempo ajustado em P1.
Passando um imã perto de X1, o alarme desarma pelo tempo ajustado em P1.

 

 

Assim, ao chegar o proprietário passa por um instante um imã sobre o reed-switch escondido, fazendo com que novamente o alarme fique desarmado pelo tempo suficiente para se entrar e desligar todo o sistema do lado interno.

O circuito tanto pode ser alimentado pela rede de energia, no caso de um sistema de alarme que não conte com bateria própria como pela bateria do alarme.

Veja que o consumo maior deste circuito apenas ocorre no curto intervalo de tempo em que ele mantém o alarme desativado (relé fechado). Para o circuito integrado 555 o consumo na condição de espera é de 0,5 mA e muito menos se for usada a versão CMOS deste componente.

O ajuste do tempo em que o alarme permanece desativado é ajustado em P1.

 

TEMPORIZANDO UMA SIRENE

Nada mais desagradável do que ter um vizinho que tem seu alarme disparado durante a noite sem qualquer possibilidade de se desarmar a sirene.

O disparo de sirenes por descargas estáticas, animais ou mesmo defeitos dos circuitos não é algo raro e pode causar sérios dissabores às pessoas que moram perto do local em que isso ocorre.

Na verdade, o Novo Código Nacional de Trânsito prevê como infração grave o disparo acidental de alarmes que perturbem pessoas.

Um circuito interessante que pode ser agregado aos sistemas de alarme que não o possuem e que é simples de montar é o temporizador de acionamento.

Temos duas versões possíveis: para uso doméstico e para uso automotivo.

Na figura 4 temos um circuito simples de uso automotivo e que consiste num temporizador CMOS.

 

Temporizando o acionamento de uma sirene com um circuito externo.
Temporizando o acionamento de uma sirene com um circuito externo.

 

 

Quando o alarme é disparado o relé fecha seus contactos alimentando o sistema de aviso (sirene, buzina, etc.).

Ao mesmo tempo o capacitor C1 carrega-se através do resistor R1 e do potenciômetro até ser atingida a tensão que é reconhecida como nível alto na entrada da porta do circuito integrado.

Neste momento a saída do circuito integrado que estava no nível alto e portanto energizando o relé que alimentada a carga externa, passa ao nível baixo desativando o relé e com isso a carga externa.

Com o capacitor usado o tempo de acionamento pode ser ajustado entre 5 minutos aproximadamente de 30 minutos, tempo mais do que suficiente para alertar vizinhos ou vigilantes e espantar eventuais intrusos (sem o perigo de não deixar ninguém mais dormir se isso ocorrer numa madrugada!).

Veja que o consumo do circuito só é maior durante o intervalo em que o sistema é ativado já que ao ser levado ao corte o circuito passa a consumir uma corrente que não vai além de fração de mA.

Para uso doméstico, alimentado pela rede de energia temos o circuito mostrado na figura 5.

 

Temporizando uma sirene alimentada pela rede de energia.
Temporizando uma sirene alimentada pela rede de energia.

 

 

A vantagem deste circuito é que apenas o dispositivo que faz barulho é desativado depois de algum tempo ficando os demais dispositivos de alerta como lâmpadas, e eventuais sistemas de proteção (eletrificadores, etc.) ainda ativados.

Se o sistema doméstico usar bateria pode ser usado o circuito da figura 4.

O tempo de acionamento do circuito de aviso em cada caso é ajustado em P1.

Um ponto importante deste circuito é que se for usado um relé de contatos duplos, o contacto não usado no controle do sistema de aviso externo pode ser empregado para se agregar funções ao sistema.

Uma sugestão interessante é a mostrada na figura 6 e consiste no envio de um sinal via rádio ou via rede a um vizinho que deva ser avisado da presença de intrusos mas que fique em local que eventualmente não possa ouvir o sistema de aviso.

 

Agregando um transmissor a um sistema de alarme.
Agregando um transmissor a um sistema de alarme.

 

 

Ao fechar o relé que ativa o sistema de aviso um sinal é emitido a um receptor distante ativando um sistema remoto de alarme.

O mesmo contacto também pode ser usado para ativar algum tipo de automatismo que afaste o intruso como, por exemplo, algum dispositivo que faça barulhos de pessoas (um gravador) mas que não deva ficar acionado de modo permanente.

 

UM ALARME DE GAVETA E ARMÁRIO

Pequenos roubos em escritórios, estabelecimentos comerciais e industriais e mesmo residências são difíceis de detectar se não for usado algum dispositivo que "pegue o ladrão no momento exato do roubo".

O circuito que descrevemos a seguir foi usado na prática para flagrar um servente que se aproveitava da saída da secretária para abrir com uma chave falsa a gaveta de sua escrivaninha e roubar dinheiro de um caixa para pequenas despesas da empresas que ela controlava.

O que ocorria é que depois de voltar do almoço ao abrir a gaveta a secretária passou a notar falta de dinheiro no seu caixa. Para saber como isso ocorria, pois a gaveta era trancada à chave resolvemos utilizar o circuito da figura 7.

 

Um alarme de gaveta.
Um alarme de gaveta.

 

 

Este circuito contém um sensor feito com um pedaço de fio de cobre rígido que deve ser cortado e dobrado de acordo com a utilização.

Assim, no caso da gaveta o fio foi posicionado de modo a manter o interruptor aberto ao ser colocado na gaveta fechada, conforme mostra a figura 8.

 

Quando a gaveta é aberta, as lâminas se tocam disparando o alarme.
Quando a gaveta é aberta, as lâminas se tocam disparando o alarme.

 

 

Ao abrir a gaveta o fio voltaria a sua posição normal acionando o circuito que então dispararia produzindo um forte som de sirene. Veja, entretanto que mesmo que a gaveta fosse fechada novamente ou ainda o fio recolocado em sua posição o alarme ainda continuaria disparado por ter uma "trava" ou temporização.

Colocado na gaveta da secretária (apenas poucas pessoas da empresa foram avisadas e, portanto estavam atentas) ele tocou justamente no intervalo para almoço da secretária.

Correndo para a sua mesa as pessoas tiveram a surpresa de ver a servente assustada diante da gaveta aberta, segurando ainda uma cópia da chave que havia conseguido não se sabe como...

A potência do toque do sistema de aviso deste alarme depende da sua alimentação. Podemos dizer que com 4 pilhas pequenas já se tem um bom barulho, mas para aplicações em que se deva realmente avisa muitas pessoas pode-se utilizar 6 ou 8 pilhas com o transistor montado num pequeno radiador de calor.

Para desligar o alarme deve-se prever uma chave em local oculto ou ainda um sistema por meio de reed-switch caso em que o barulho só cessa com a passagem de um pequeno imã no local apropriado...