Da mesma forma que os filtros passa-baixas, abordados na seleção de circuitos de artigo desta mesma série no site (ART106), os filtros passa - altas são de grande importância numa infinidade de aplicações eletrônicas. Podemos usar esse filtro em telecom, equipamentos médicos, equipamentos industriais e muito mais. Nesse artigo selecionamos 10 circuitos práticos de filtros passa - altas, a maioria sugerido pelos próprios fabricantes dos componentes usados.

 

Os filtros passa - altas são filtros que deixam passar sinais que estejam acima de uma certa freqüência, a freqüência para a qual eles sejam calculados.

Conforme mostra a figura 1, a ação do filtro não começa exatamente na freqüência para o qual ele foi projetado, mas um pouco antes ele já deixa de atenuar totalmente o sinal.

Figura 1 – Curvas típicas dos filtros passa - altas.

 

Assim, conforme a configuração usada, os filtros podem ter uma ação mais suave (6 dB0 ou mais abrupta (18 dB). Essa atenuação é dada pela ordem do filtro. Assim, um filtro de primeira ordem apresenta uma curva com uma inclinação de 6 dB por oitava,  enquanto que um filtro de quinta ordem apresenta uma curva com uma inclinação de 30 dB por oitava.

A maneira mais simples de se implementar um filtro passa - altas ativo é com a utilização de amplificadores operacionais.

Assim, os circuitos que coletamos e que são dados a seguir, em sua maioria são sugeridos pelos fabricantes dos amplificadores operacionais como a Texas Instruments, National Semiconductor e outros.

Evidentemente, na maioria dos casos, amplificadores equivalentes aos indicados podem ser usados e alterações nos componentes podem modificar a ação dos filtros conforme a aplicação.

 

 

1.Filtro Pasa - Altas de 1 kHz

Nosso primeiro circuito, mostrado na figura 2, é sugerido pela Texas Instruments, fazendo uso de um amplificador operacional com transistores de efeito de campo na entrada.

Figura 2 – Filtro com amplificador operacional.

 

A freqüência é determinada pelos capacitores, os quais podem ter seus valores alterados, para que seja obtido outro corte.

Como se trata de um filtro de primeira ordem, sua atenuação abaixo da freqüência selecionada é de 6 dB por oitava.

A fonte de alimentação usada deve ser simétrica e circuitos integrados equivalentes podem ser empregados.

 

 

2.Filtro de Segunda ordem para 1 kHz

Usando o mesmo amplificador operacional do projeto anterior, mas com uma ação mais efetiva, temos na figura 3, um filtro passa - altas de segunda ordem para 1 kHz.

Figura 3 – Filtro passa - altas de segunda ordem com amplificador operacional.

 

Os capacitores determinam a freqüência a partir da qual a ação do filtro é máxima, podendo esses componentes ser alterados conforme a aplicação.

Como no caso anterior, a fonte de alimentação deve ser simétrica e amplificadores operacionais equivalentes podem ser usados.

 

 

3.Filtro de terceira ordem de 1 kHz

O circuito apresentado na figura 4 é de um filtro de Bessel de terceira ordem com ganho unitário usando dois amplificadores operacionais.

Figura 4 – Filtro de terceira ordem com dois amplificadores operacionais.

 

Os capacitores e os resistores são os elementos que devem ser alterados para se modificar a freqüência desse filtro.

Amplificadores de ala impedância de entrada como os da linha LinMOS da Texas são os sugeridos para essa aplicação. A Texas Instruments é que sugere esse circuito em sua literatura técnica sobre o assunto.

 

 

4.Filtro Ajustável de 230 a 2,8 kHz

A freqüência de corte do filtro mostrado na figura 5 pode ser ajustada para valores entre aproximadamente 239 Hz e  2,8 Hz através de um potenciômetro duplo.

Figura 5 – Filtro com ajuste de frequência usando um amplificador operacional 741.

 

Deve-se cuidar para que ao girar o potenciômetro as duas seções tenham a resistência aumentada ou diminuída ao mesmo tempo. O valor desse componente também pode ser modificado, conforme a faixa desejada.

O amplificador operacional sugerido é o 741 com fonte de alimentação simétrica de 6+6 V a 12+ 12 V, mas amplificadores operacionais equivalentes também podem ser usados.

A faixa de freqüências também pode ser modificada pela troca de valores dos capacitores. Os capacitores, entretanto devem ser iguais.

Observamos que a freqüência máxima de operação desse circuito não vai além de algumas centenas de quilohertz. Para freqüências mais elevadas, devem ser usados amplificadores operacionais apropriados.

Também é importante notar que, operando com sinais de áudio deve-se utilizar cabos blindados para que não ocorra a captação de zumbidos, pois o circuito é de alta impedância de entrada.

 

 

5.Filtro de Segunda Ordem

A configuração mostrada na figura 6 é de um filtro de segunda ordem (12 dB por oitava) com um amplificador operacional.

Figura 6 – Filtro de segunda ordem com um amplificador operacional.

 

Os capacitores são os componentes que basicamente determinam a freqüência de corte desse filtro, podendo ser alterados. Nesse caso, essa freqüência é da ordem de 1 kHz.

A fonte de alimentação usada nesse circuito deve ser simétrica e praticamente qualquer operacional serve para sua implementação.

 

 

6.Filtro de 100 Hz

O filtro mostrado na figura 7 é sugerido pela National Semiconductor tendo uma freqüência de corte de 100 Hz determinada pelos valores dos capacitores e dos resistores usados.

Figura 7 – Filtro de 100 Hz.

 

O filtro é de primeira ordem com 6 dB por oitava e o amplificador operacional é o LM102. Outros amplificadores operacionais podem ser usados respeitando-se suas características, principalmente de freqüência máxima de operação.

A fonte de alimentação deve ser simétrica e na faixa passante o ganho do circuito é unitário.

 

 

7.Filtro Motorola de Segunda Ordem

O filtro mostrado na figura 8, sugerido pela Motorola, opera numa freqüência de corte de 1 kHz, mas os capacitores e resistores podem ser alterados para operação em outras freqüências.

Figura 8 – Filtro de segunda ordem com o MC34071 da Motorola.

 

Evidentemente, outros amplificadores operacionais podem ser experimentados.

A fonte de alimentação deve ser simétrica de 6 a 15 V ou conforme o amplificador operacional usado.

 

 

8.Passa Altas para Altas Freqüências

O filtro mostrado na figura 9 pode operar com freqüências até várias dezenas de megahertz graças ao uso de um amplificador operacional rápido.

Figura 9 – Filtro passa – altas para altas frequências.

 

Resistores e capacitores determinam a faixa de freqüências que pode passar.

Observe a necessidade de desacoplamento dos pinos de alimentação, feito com capacitores cerâmicos montados os mais próximos quanto seja possível desses elementos.

A fonte de alimentação deve ser simétrica e deve-se tomar especial cuidado com o layout da placa, pois se trata de circuito que opera em alta freqüência.

 

 

9.Filtro de Terceira Ordem de 1 kHz

O circuito mostrado na figura 10 tem uma atenuação de 18 dB para freqüências abaixo do corte.

Figura 10 – Filtro de terceira ordem para 1 kHz.

 

Os valores dos componentes podem ser alterados para operação com outras freqüências.

O amplificador operacional pode ser de qualquer tipo, devendo ser alimentado com fonte simétrica. Observamos que esse tipo de circuito se destina a aplicações de baixas freqüências, no máximo chegando a algumas dezenas de quilohertz.

 

10. Filtro de 1 kHz com ganho 2

Na figura 11 temos uma configuração de filtro passa - altas com ganho de tensão igual a 2. Esse ganho é determinado pelos resistores na rede divisora que realimentação a entrada inversora.

Figura 11 – Filtro de 1 kHz com ganho 2 de tensão.

 

Os capacitores determinam a freqüência de corte, podendo ser alterados.

A fonte de alimentação deve ser simétrica e amplificadores operacionais praticamente de qualquer tipo podem ser usados.

 

Conclusão

Os circuitos que vimos são apenas alguns dos milhares que fabricantes de componentes sugerem em seus manuais. O leitor pode partir das configurações indicadas e tanto alterar os circuitos como escolher aquele que melhor se adapte a aplicação visada.