Escrito por: Newton C. Braga

Em diversos de nossos artigos temos abordado o tema “ritmo circadiano” mostrando como o ciclo do sono está ligado à iluminação ambiente e como as alterações por que passa o nosso meio ambiente está afetando-o. O tema continua em alta, principalmente pela sensibilidade cada vez maior que nós temos às alterações das condições ambientes assim como o mundo vivo que nos cerca. Voltamos a tratar deste tema neste artigo, com foco nas tecnologias de iluminação de que hoje dispomos.

Em diversos artigos em que tratamos do ritmo circadiano, desde aqueles que explicam o que ele é até os que tratam da sua utilização e influência no nosso meio ambiente, mostramos como as alterações de nosso mundo podem estar afetando nossos hábitos ligados ao sono (Veja nota).

 

 

Voltamos a discutir o tema, mostrando que cada vez mais devemos ter cuidados com a iluminação, pois não se trata simplesmente de afetar o nosso sono.

Com a atuação direta sobre a produção da serotonina, que é hormônio do sono, a iluminação também tem uma influência muito grande sobre o nosso bem estar.

Assim, a velha ideia de se colocar uma simples lâmpada num local em que se deseja iluminação, nos nossos tempos de alta tecnologia vai além.

A cor da luz produzida depende não apenas de quem frequente o ambiente, mas também de quando frequenta o ambiente e em que condições de trabalho ou uso do ambiente em questão isso ocorre.

É claro que tudo isso tem realmente de ser discutido, pois a iluminação com que podemos contar atualmente é flexível. Podemos mudar a cor da luz de uma sala que de branco da luz do dia, passa para o amarelo a noite, impedindo assim que a serotonina seja inibida e não tenhamos sono quando deve ter sono.

A Mouser Electronics publicou recentemente um artigo de Adam Kimmel que trata da disruptura que ocorre em função de nossos hábitos sociais que vão desde a iluminação dos ambientes em que frequentamos até o uso de aparelhos de alta tecnologia que excitam nossos olhos como os celulares e tablets. (para quem deseja consultar o artigo original em inglês o link é: https://br.mouser.com/applications/circadian-lighting-enhances-response/?utm_medium=email&utm_campaign=elq-20.0429-techapp-lighting-en&utm_source=eloqua&subid=3ed92779ffc544aa9bf7904114cf8cd8&utm_content=6063273 

Um gráfico bastante interessante, que nos chamou a atenção do artigo, mostra que não é apenas a luz azul que comanda nosso ritmo circadiano, mas que o fenômeno pode ser muito mais complexo, envolvendo todo o espectro visível.

Veja que, nas diferentes horas do dia, assim como em função das condições ambientes, a iluminação natural pode ter a predominância de luz em determinadas faixas do espectro, conforme mostra a figura 1.

 

Figura 1 – Predominância da cor da luz no meio ambiente em diversos horários do dia.
Figura 1 – Predominância da cor da luz no meio ambiente em diversos horários do dia.

 

Isso significa que as aplicações inteligentes que envolvam iluminação podem ter um grau maior de sofisticação.

Pode chegar o momento em que, ao chegarmos em casa e acendermos uma luz de um ambiente, além de podermos selecionar que tipo de atividade vamos realizar, o sistema inteligente também nos reconhecerá e em função também do horário, escolherá o espectro ideal para a luz produzida.

Em outras palavras, um projeto de iluminação ambiente vai além de se escolher uma fonte única para um ambiente em função de sua decoração, tipo de trabalho executado nele ou uso, ou ainda de modo a ressaltar seus móveis.

A iluminação deve ser adaptativa e levar em conta o ritmo circadiano das pessoas que o frequenta.

Podemos ir além assim como analisar a possível presença de outras criaturas vivas nesse ambiente. Plantas e animais também possuem ritmos circadianos.

Uma varanda que tenha plantas, um aquário ou viveiro de pássaros e dependa da iluminação artificial deve levar em conta isso. Já abordamos em artigo nosso, o problema que está ocorrendo pela influência da iluminação das cidades para as criaturas que vivem em seu entorno, tais como pássaros e outros animais que podem se sentir confusos com a alteração de seu ritmo circadiano.

É claro que devemos ir além da iluminação artificial. Existem os ambientes em que ela é combinada com a iluminação natural. Nesse ponto, além das fontes de luz, devemos considerar a presença de sensores.

Os sensores podem medir a composição da luz natural no ambiente considerada e com isso enviar as informações para um microcontrolador que, tendo como informações o horário, a ocupação e o tipo de ambiente, complementam com a iluminação a LED, as componentes para preencher o espectro ideal para o momento.

Se podemos falar em iluminação inteligente, não poderíamos encontrar melhor exemplo.

O gráfico de luz natural mostrado no artigo da Mouser pode servir de exemplo para o modo que as informações que ele contém podem ser usados na complementação inteligente da iluminação artificial para se obter o espectro que traga conforto ao usuário. (figura 2)

 

Figura 2 – Espectro de luz natural
Figura 2 – Espectro de luz natural

 

Esse espectro também é importante para um projeto se considerarmos que essa a curva de um ambiente natural ideal. Na prática, a iluminação natural está modificada por diversas condições nos ambientes que frequentamos.

Prédios nas proximidades fazem sombras, cores vivas de uma parede de um prédio adjacente podem incomodar justamente pelas componentes de luz que produzem e a própria decoração. Uma cortina que deixe passar seletivamente uma cor ou uma parede com uma cor viva pode modificar a iluminação ambiente.

Mais uma vez, os sistemas inteligentes devem entrar em ação. Os sensores verificarão ao longo do dia qual é o espectro natural do local e criarão um programa de iluminação que traga o maior conforto para as pessoas que frequentam o local.

E, veja que isso pode ir além, com a própria interação das telas de computadores e outros equipamentos com displays para que tanto a iluminação ambiente como a natural sejam analisadas no sentido de encontrar a melhor iluminação para a sua tela.

 

Projetos do futuro

Está claro que os novos projetos envolvendo iluminação ambiente devem cada vez mais pensar na sua interação, não apenas com os humanos, mas também com todas as criaturas que de certa forma manifestam ritmos circadianos.

Manter o equilíbrio do meio ambiente é uma necessidade. Além de produtos apropriados, cada vez mais o profissional projetista deve conhecer um pouco mais de biologia, ecologia além dos componentes e plataformas que deve usar.

Para os que pretendem criar algo de novo, as possibilidades são infinitas e para isso precisam contar com a tecnologia mais avançada no momento.

Nosso parceiro de negócios, a Mouser Electronics distribui componentes dos principais fabricantes do mundo. Indo desde os LEDs usados em todos os tipos de aplicação, passando pelos microcontroladores e outros dispositivos de controle como shields, até os sensores, o leitor pode contar com tudo que precisa para novos projetos.