Escrito por: Newton C. Braga

A radiação emitida pelos monitores de vídeo dos computadores é perigosa? Que tipo de precauções são tomadas pelos fabricantes para evitar esta radiação? Existe alguma legislação que regulamenta os níveis máximos de radiação que um monitor de vídeo pode emitir? Se o leitor está preocupado com sua saúda e tem de responder à perguntas embaraçosas de clientes que estão preocupados com o uso constante do computador é importante conhecer o conteúdo deste artigo.

Este artigo é de 1997 quando os monitores de vídeo ainda eram todos do tipo com TRC.

 

Quando os primeiros televisores começaram a ser vendidos, uma das recomendações que mais chamava a atenção dos usuários era a de não ficar muito próximo deles.

De fato, quando os elétrons que formam a imagem de um televisor batem no anteparo de fósforo, além da luz que produz a imagem, também são geradas outras espécies de radiação e a mais perigosa é a formada pelos raios X. Na figura 1 mostramos o processo de formação dos raios X num cinescópio de TV e também num monitor de vídeo comum.

 

Emissão de raios X num cinescópio.
Emissão de raios X num cinescópio.

 

O que ocorre é que uma exposição prolongada aos raios X pode ser extremamente danosa ao organismo humano pois provoca a destruição de suas células e até pode causar mutações genéticas responsáveis pelo câncer.

Com o tempo a quantidade de raios X que poderiam ser emitidos por um cinescópio de TV foi limitada por uma legislação severa e hoje não corremos o mesmo risco. Os televisores modernos possuem níveis de emissão de raios X extremamente baixos e que não chegam a ameaçar a integridade de nosso organismo.

No entanto, considerando que um monitor de computador opera segundo o mesmo princípio de um televisor, pois também tem um tubo de raios catódicos, e que ainda o usuário de um computador trabalha muito mais tempo e muito mais próximo do monitor do que um telespectador fica diante de um televisor, é justo que exista uma preocupação com os efeitos da radiação.

Os monitores de computador também operam pelo mesmo princípio dos cinescópios de TV: feixes de elétrons incidem em pontos recobertos por fósforos num anteparo. O choque desses elétrons provoca a emissão de luz com a formação de imagem e também de outros tipos de radiação.

A legislação que determina qual deve ser a quantidade máxima de radiação emitida por um monitor de vídeo é bastante severa nos países mais avançados. As normas Suecas, que são as mais rígidas de todas e adotadas na maioria dos países, estabelecem os limites máximos de emissão de raios X que não colocam em risco a saúde do operador. Estas normas tem sido as adotadas pela maioria dos fabricantes de monitores e o leitor deve estar atento.

Se bem que os monitores de boa qualidade, vendidos em nosso país, estejam de acordo com estas normas, é importante que o comprador esteja atento, verificando sempre seu manual.

É por este motivo que a aquisição de monitores mais baratos e que possam ter procedência duvidosa não significa um perigo apenas para a própria integridade de seu sistema.

Monitores de origem desconhecida podem estar fora das especificações de segurança quanto à emissão de radiação e o que está sendo colocado em perigo é a sua saúde.

A exposição aos raios X tem efeito cumulativo. Isso significa que a destruição das células de seu corpo se faz lentamente e de modo irreversível. Quando você perceber que algo está mal com sua saúde pode ser tarde demais para se poder fazer alguma coisa.

 

Os efeitos do raio X são cumulativos.
Os efeitos do raio X são cumulativos.

 

Muitos usuários, com medo dos perigos que uma exposição prolongada à radiação pode causar ao seu organismo, apelam para os chamados "protetores de tela".

Estes protetores nada mais são do que anteparos colocados diante da tela do monitor conforme mostra a figura 3.

 

Os protetores de tela são colocados na frente do monitor.
Os protetores de tela são colocados na frente do monitor.

 

A capacidade destes protetores de reter qualquer excedente de radiação que escape do cinescópio é duvidosa e nem sempre altera significativamente os níveis já baixos determinados pela legislação que o fabricante obedece.

O que estes protetores fazem, na realidade, é evitar o acúmulo de pó, e formar uma barreira anti-ofuscante que melhora a imagem.

A proteção do usuário deve realmente ser prevista na qualidade do próprio monitor que deve estar dentro das normas internacionais que regem os níveis de emissão de radiação. É a sua saúde que está em jogo. Observe bem isso quando for comprar um monitor novo.

 

O QUE FALAR PARA O CLIENTE

É evidente que o simples fato de haver uma emissão de radiação pelo monitor preocupa qualquer usuário, principalmente os que não têm conhecimentos técnicos para avaliar a intensidade do problema.

O que o técnico deve fazer é orientar o cliente no sentido de que ele observe se o monitor usado no seu equipamento segue as normas de emissão adotadas internacionalmente.

Se bem que estas normas reduzam a níveis considerados seguros, o computador é um equipamento relativamente novo na maioria dos lares, diferentemente dos televisores que já existem há várias décadas.

Assim, eventuais consequências do uso prolongado, da emissão de raios X e de outros perigos em potencial não devem ser conhecidos nos próximos anos.

Um perigo ainda muito controvertido é o causado pelos campos magnéticos e que tem sido alvo de estudos em diversos países. O que os campos magnéticos gerados nos computadores (e em muitos outros eletrodomésticos) podem causar é ainda desconhecido se bem que suspeitas levem a problemas de alterações nos organismos.

Estes problemas, entretanto, pelo baixa frequência de sua ocorrência, não devem preocupar nem os usuários e nem os profissionais que trabalham com circuitos eletrônicos (pelo menos por enquanto).