Escrito por: Newton C. Braga

Um dos problemas dos gravadores comuns, está no fato de que o ajuste de polarização de seus circuitos determina a resposta de freqüência resultante, o que quer dizer que, de um tipo para outro podemos ter comportamentos diferentes. Assim, a escolha do tipo de fita para um determinado gravador não é só questão de preço e duração, mas também da resposta apropriada ao equipamento. Neste artigo damos um interessante aparelho que permite ajustar a polarização de seu gravador e avaliar a resposta de fitas comuns.

Obs. Este artigo é de 1990, quando os gravadores eram a principal mídia para gravação de som. Atualmente não se usa mais este equipamento e não ser no caso em que se deseja fazer a recuperação de mídias e este artigo pode ser útil justamente neste caso.

Na maioria dos aparelhos gravadores, existe um ajuste de polarização que permite determinar a faixa de respostas destes equipamentos.

Como diferentes marcas podem ter diferentes ajustes, e pode haver ainda interferência de técnicos ou mesmo curiosos, os vários aparelhos podem ter comportamentos diferentes na reprodução de uma mesma fita.

Na verdade, pode até ocorrer que, uma mesma fita seja boa para os ouvidos do possuidor de um aparelho e não o seja para o possuidor de outro aparelho.

A avaliação do comportamento de uma fita pode ser muito interessante, pois, conhecendo suas características (resposta), o possuidor do aparelho, em que ela é testada, pode saber daí por diante, qual é o melhor tipo para o som que deseja.

O gerador de prova que apresentamos neste artigo, tem justamente esta finalidade: avaliar o comportamento de uma fita num aparelho e eventualmente fazer o ajuste da polarização do mesmo.

O circuito gera dois sinais de prova, de 1 kHz e 12 kHz respectivamente, com ajuste de nível de sinal em 0 dB e -20 dB, o que permite estabelecer exatamente, o comportamento das fitas e dos gravadores em teste.

O circuito é alimentado com uma bateria de 9 V que terá excelente durabilidade na aplicação sugerida.

 

COMO FUNCIONA

Para produzir um sinal senoidal e portanto o mais puro possível utilizamos um oscilador de duplo T, com um transistor NPN de uso geral.

Como ilustra a figura 1, num duplo T a freqüência é dada pelos valores dos resistores e dos capacitores, que devem manter entre si uma relação determinada.

 

Figura 1 – O oscilador de duplo T
Figura 1 – O oscilador de duplo T

 

No nosso circuito, usamos dois duplos T, um calculado para 1 kHz e o outro para 12 kHz que podem ser comutados através de uma chave comum tipo HH.

A saída do circuito, feita a partir do coletor do transistor, passa por um segundo atenuador, em que temos duas saídas selecionadas a partir de uma chave.

Uma saída tem nível de referência de aproximadamente 0 dB enquanto que a outra tem nível de -20 dB.

O circuito é alimentado por uma bateria de 9 V que terá excelente autonomia, já que o consumo de corrente é bastante baixo.

A utilização do aparelho será analisada no final do artigo.

 

MONTAGEM

Na figura 2 temos o diagrama completo do aparelho.

 

Figura 2 – Diagrama do aparelho
Figura 2 – Diagrama do aparelho

 

Na figura 3 temos a disposição dos componentes numa placa de circuito impresso.

 

Figura 3 – Placa para a montagem
Figura 3 – Placa para a montagem

 

Todo o conjunto poderá ser facilmente instalado numa pequena caixa plástica, com um cabo que permita sua conexão ao gravador em teste ou que esteja sendo usado para teste das fitas (figura 4).

 

Figura 4 – Sugestão de caixa
Figura 4 – Sugestão de caixa

 

O transistor é o BC548, mas podem ser usados equivalentes, pois o circuito não é crítico.

Os resistores são todos de 1/8 ou ¼ W com 10% ou 20% de tolerância e os capacitores menores podem ser de poliéster ou cerâmicos.

Os capacitores maiores são eletrolíticos para 12 V ou mais.

A chave S1 é de 2 polos x 2 posições, deslizante, servindo para selecionar a freqüência de prova, e a chave S3 é do tipo de 1 polo, 2 posições, servindo para selecionar o nível do sinal de prova. S2 é um interruptor simples.

Não foi incluído um LED, para indicação de aparelho ligado, pois ele consumiria mais corrente que o próprio circuito.

 

PROVA E USO

Para provar, basta conectar o gerador na entrada de um gravador ou amplificador e acioná-lo.

Na posição em que o monitor se encontra ligado, devemos ter dois tons diferentes nas duas posições da chave S1.

Um tom é grave e o outro bastante agudo.

Para verificar uma fita, basta colocá-la no gravador e, na posição de -20 dB (chave S3 em B), gravar alguns segundos do tom de 1 kHz e depois alguns segundos do tom de 12 kHz.

A seguir, a fita é passada e o som reproduzido; o tom de 12 kHz deve estar ,3 dB abaixo do nível do tom de 1 kHz, para uma fita de qualidade razoável e 1 dB para uma fita de ótima qualidade.

Se isso não ocorrer e você obtiver um nível muito baixo para os 12 kHz, então deverá utilizar fitas que tenham melhor resposta de agudos para obter um bom som.

Veja que este teste leva em conta também o tipo de equalização feita pelo seu aparelho, o que quer dizer que uma fita que não dê bons agudos no seu aparelho, pode dá-los em outros.

Para testar o nível de saturação com uma fita metálica, proceda do mesmo modo, mas usando a saída de 0 dB (posição A de S5).

Para ajustar a polarização de seu tape-deck, basta aplicar o sinal de 1 kHz e verificar o nível indicado pelo VU, depois aplicar o sinal de 12 kHz e ajustar a polarização para 1 dB abaixo do nível previamente lido.

A conexão do aparelho deve ser feita na entrada auxiliar, já que na entrada de microfone pode ocorrer problema de partida para o oscilador em 12 kHz, devido à impedância.

Se o seu circuito se negar a oscilar em 12 kHz, troque R6 por um trimpot de 10 k Ω e ajuste-o para obter melhor partida do oscilador.

 

Q1 - BC548 ou equivalente - transistor NPN de uso geral

S1 - 2 polos x 2 posições - chave deslizante

S2 - Interruptor simples

S3 - 1 polo x 2 posições - chave deslizante

B1 – 9 V - bateria

R1, R2, R4, R5 - 15 k Ω 1/8 W - resistores (marrom, verde, laranja)

R3, R6 - 1,5 k Ω, 1/8 W – resistores (marrom, verde, laranja)

R7 - 330 k Ω, 1/8 W - resistor (laranja, laranja, amarelo)

R8 - 33 k Ω, 1/ 8 W - resistor (laranja, laranja, laranja)

R9 - 2k2 Ω, 1/8 W - resistor (vermelho, vermelho, vermelho)

R10 – 47 k Ω, 1/8 W - resistor (amarelo, violeta, laranja)

R11 - 47 k Ω, 1/ 8 W - resistor (amarelo, violeta, laranja)

R12 -10 k Ω, 1/8 W - resistor (marrom, preto, laranja)

R13 - 1,2 k Ω, 1/8 W - resistor (marrom, vermelho, vermelho)

C1 - 220 nF - capacitor cerâmico ou poliéster

C2, C3 - 22 nF - capacitores cerâmicos ou poliéster

C4 - 47 nF - capacitor cerâmico ou poliéster

C5, C6 - 2,2 nF - capacitores cerâmicos ou poliéster

C7 - 3,3 nF - capacitor cerâmico ou poliéster

C8 - 100 nF - capacitor cerâmico ou poliéster

C9 - 47 µF, 12V - capacitor eletrolítico

C10 - 47 µF, 12V - capacitor eletrolítico.

Diversos: placa de circuito impresso, caixa para montagem, conector para bateria, jaque ou cabo blindado com plugue para saída de sinal, fios, solda, etc.