Escrito por: Newton C. Braga

Provadores de continuidade não são instrumentos úteis apenas na bancada do principiante. Na verdade, versões mais sofisticadas podem até ser indispensáveis na bancada do profissional. Mais cômodo de usar que o multímetro (que até pode estar sendo usado em finalidades mais importantes no mesmo momento), o provador de continuidade pode provar componentes, circuitos e mesmo eletrodomésticos. O provador “De luxo” que descrevemos oferece uma indicação visual pulsante em dois LEDs e tem por base um circuito integrado CMOS de baixo custo.

Verificar se um componente está bom pela sua continuidade é algo que todo profissional da eletrônica sabe.

Embora a maioria use o multímetro para esta finalidade, nem sempre este instrumento está disponível no momento. A disponibilidade de um provador de continuidade bom, de baixo custo e seguro é importante em muitas bancadas de trabalho.

Se você não tem este tipo de instrumento em sua bancada, mas deseja algo mais do que um simples LED, pilha e resistor, damos uma versão “de luxo”, digna de um profissional.

Nosso circuito acusa como continuidade resistências em duas faixas e é alimentado por pilhas comuns ou bateria.

Com uma montagem compacta, ele pode ser facilmente transportado na maleta de serviço do profissional ou mesmo no bolso.

 

Características:

Tensão de alimentação: 6 ou 9 V (pilhas ou bateria)

Consumo: 10 mA (tip.)

Resistência máxima detectada:

   - faixa 1 -200 k ohms (aprox.)

   - faixa 2 - 20 k ohms (aprox.)

 

Mais uma vez aproveitamos a versatilidade do 4093, circuito integrado CMOS que dispõe de quatro portas NAND disparadoras Schmitt, e que tanto podem ser usadas em suas funções normais como também como inversores e osciladores.

Assim, CI1a forma um oscilador disparado pelo nível lógico do pino 1, o qual depende da continuidade do circuito em prova.

O circuito ou componente em prova forma com R1 (e eventualmente R2) um divisor de tensão.

Se a resistência do circuito ou componente em prova for menor que o dobro de R1 o circuito integrado CI1, interpreta esta tensão como nível alto, e o oscilador é habilitado, entrando em ação e produzindo uma freqüência que depende de R2 e C1.

Caso contrário, o oscilador permanece inativo, com o pino 3 no nível alto.

Com a chave S2 na posição aberta a resistência máxima que o integrado interpreta como continuidade é 200 k ohms.

Se a chave for fechada, a transição ocorre com 20 k ohms. Temos então duas sensibilidades a serem escolhidas e que vão depender do componente ou circuito que está sendo testado.

Por exemplo, para verificação de fugas num capacitor mantemos S2 aberta.

Para teste de um eletrolítico (teste de capacitância) podemos usar S2 fechada e até ter uma ideia de seu valor pelo tempo de carga.

Com o oscilador em ação temos a excitação das outras três portas do mesmo circuito integrado e que funcionam como inversores.

A porta C1Ib inverte o sinal do oscilador aplicando-o em dois LEDs em oposição, enquanto que CI1c e CI1d invertem e desinvertem o sinal, de modo que do outro lado dos LEDs temos sinais com a fase original do oscilador.

Isso significa que os LEDs são excitados em contrafase, acendendo alternadamente com a produção do sinal do oscilador.

Com o nível alto de CI1a, que ocorre com a falta de continuidade entre as pontas de prova, não há oscilação, mas o LED1 permanece aceso enquanto o LED2 apagado, pois o pino 4 de CI1b, se mantém, nestas condições, no nível baixo.

Em suma, com as pontas separadas o LED1 fica aceso, ou quando a resistência entre as pontas é muito alta (falta de continuidade).

Com as pontas unidas, ou com continuidade, os LEDs piscam alternadamente.

A frequência das piscadas neste circuito independe da resistência entre as pontas de prova.

Na figura 1 temos o diagrama completo de nosso provador de continuidade.

 

Figura 1 – Diagrama do provador de continuidade
Figura 1 – Diagrama do provador de continuidade

 

A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 2.

 

Figura 2 – Placa de circuito impresso para a montagem
Figura 2 – Placa de circuito impresso para a montagem

 

Sugerimos que seja utilizado um soquete DIL para o circuito integrado. Os LEDs podem ser vermelho e verde.

Para alimentação de 9 V sugerimos que o resistor R3 seja aumentado para 1 k ohms.

As pontas de prova são do tipo comum, sendo PP1 vermelha e PP2 preta. Estas pontas de prova, numa versão mais econômica, podem ser improvisadas até mesmo utilizando-se pregos grandes.

Para testar o aparelho ligue a alimentação e encoste uma ponta de prova na outra.

Os LEDs devem piscar alternadamente. Se você achar que piscam muito lentamente, reduza o valor de R2. Valores até 10 k ohms podem ser usados.

Encontre o valor que em função da tolerância e valor do capacitor usado, dê o efeito desejado.

Feito isso, o aparelho estará pronto para uso.

Lembre-se então que:

a) Com S2 aberta, resistências entre 0 e 200 k ohms, aproximadamente, farão os LEDs piscar alternadamente. Resistências maiores farão com que somente um LED fique aceso.

b) Com S2 fechada, resistências entre 0 e 20 k ohms farão os LEDs piscar. Com resistências maiores apenas um LED ficará aceso.

 

Semicondutores:

Cl1 - 40938 - circuito Integrado CMOS

LED1, LED2 - LEDs comuns

 

Reslstores (1/8 W, 5%):

R1 - 100 k ohms:

R2 - 1 M ohms

R3 - 470 ohms

R4 - 10 k ohms

 

Capacitores eletrolíticos de 12 V:

C1 - 1 a 10 uF - ver texto

C2 - 100 uF

 

Diversos:

PP1, PP2 - Pontas de prova, vermelha e preta

S1, S2 - Interruptores simples

B1 - 6 ou 9 V - 4 pilhas ou bateria

Placa de circuito impresso, soquete para o integrado, caixa para montagem, suporte de pilhas ou conector de bateria, fios, solda etc.