No artigo anterior (V1037) comentamos a volta dos toca-discos de vinil que estão sendo anunciados em diversas lojas e na internet , mas utilizando tecnologias modernas como amplificadores classe-D, toca-CDs e outros recursos. Comentamos na ocasião que muitos colecionadores, com conhecimentos de eletrônica desejam ir além, montando circuitos da mesma época da tecnologia do vinil, ou seja, valvulados. Para estes selecionamos em nosso estoque alguns circuitos interessantes.

Para saber mais sobre montagens com válvulas, especificações desses componentes e também circuitos práticos de amplificadores, sugerimos consultar nossa seção neste site.

 

Pré-Amplificador Equalizador de Alta Fidelidade

O circuito apresentado é tradicional nos equipamentos valvulados de alta fidelidade a partir dos anos 50. Trata-se de um pré-amplificado equalizador com diversos tipos de entrada conforme as fontes de sinal. Para cada fonte de sinal, a equalização apropriada é selecionada. As válvulas são pentodos de alto ganho do tipo 6267 ou EF86 e a alimentação deve ser feita com uma fonte de 300 V com pelo menos 20 mA de corrente.

A tensão de saída do circuito para excitar um amplificador tipicamente de 10 W é de 40 mV, ajustada num potenciômetro. Para 20 V ajusta-se a tensão em 250 mV. A sensibilidade varia conforme as entradas:

a) Cristal: 78 rpm = 150 mV

b) Longplay = 50 mV

c) Microfone = 6 mV

d) Fono magnético = 9 mV a 6 mV

e) Fita = 3 mV

f) Sintonizador (tuner) = 250 V

O circuito possui ainda controle de graves e agudos.

Na figura 1 temos o diagrama completo deste pré-amplificador, lembrando que os componentes usados devem ser compatíveis com as alta tensões usadas na alimentação.

 

Figura 1 – Diagrama completo do pré-amplificador + equalizador valvulado.
Figura 1 – Diagrama completo do pré-amplificador + equalizador valvulado.

 

Lembramos que o layout deste circuito deve ser cuidadosamente estudado para que não ocorram roncos, já que os sinais são de muito baixa intensidade e o circuito é de alta impedância.

 

Pré-Amplificador Para Cápsulas de Relutância Variável

As cápsulas de relutância variável possibilitavam a melhor qualidade de reprodução para os discos nas décadas de 50 e 60, quando este tipo de aparelho alcançou seu auge. O que levamos aos leitores é um pré-amplificador para este tipo de cápsula, encontrado em equipamentos comerciais.

O circuito deve ser alimentado por uma fonte com excelente filtragem e tensão de 80 a 100 V. Como a intensidade do sinal da cápsula é muito pequena e a válvula é de alta impedância de entrada, todo cuidado é pouco para se evitar a captação de zumbidos.

O circuito tanto pode fazer parte de um amplificador de potência como montado separadamente para funcionar com um toca-discos que possua este tipo de cápsula, o que ocorre com muitos colecionadores. Na figura 2, o circuito completo do pré-amplificador que usa um duplo triodo 6SC7.

Lembramos que a tensão de filamento para a válvula é de 6,3 V podendo ser obtida do próprio transformador com o qual este circuito vai operar.

 

Figura 2 – Diagrama completo do pré-amplificador.
Figura 2 – Diagrama completo do pré-amplificador.

 

 

Oscilador Fonográfico – Transmissor AM

O circuito que apresentamos consiste num pequeno transmissor de ondas médias (AM) que tem um alcance da ordem de 50 metros quando usa como antena um pedaço de fio esticado de até uns 3 metros de comprimento. Tradicionalmente este tipo de circuito é usado em toca-discos sem fio da década de 50 ou 60.

A entrada do circuito tanto pode receber sinais de um microfone piezoelétrico, uma cápsula de cristal ou outra fonte de sinal.

A bobina L1 consiste em 120 espiras de fio AWG 28 num tubo de PVC ou papelão de 2 a 2,5 cm de diâmetro enquanto que L1 consiste em 70 espiras de fio 28 AWG num tubo de PVC ou papelão de 2 a 2,5 cm de diâmetro. O capacitor variável pode ser aproveitado de qualquer rádio valvulado antigo. Normalmente liga-se uma das duas seções (ou mais) existentes.

A alimentação pode ser feita com tensões de 80 a 200 V. Veja na seção Mundo das Válvulas o artigo que trata de fontes para aparelhos valvulados para ter uma fonte que alimente este circuito.

O cabo de entrada de sinal deve ser blindado para que não ocorram roncos. Na figura 3 temos o diagrama completo do transmissor.

 

Figura 3 – Diagrama completo do pequeno transmissor valvulado.
Figura 3 – Diagrama completo do pequeno transmissor valvulado.

 

 

Amplificador Corretor Para Fonocaptor de Cristal

Este circuito é de uma publicação de 1952. Ele consiste num pré-amplificador com equalização para toca-discos que usam fonocaptores de cristal. A fonte de alimentação não é mostrada mas tipicamente é de 250 V, neste tipo de aplicação.

 

Figura 4
Figura 4

 

 

 

Filtro de Zumbido

Este é um circuito de filtro de zumbido e ruído de pua (scratch e rumble - wow e flutter), que ocorriam em equipamentos valvulados de som da década de 1970. O circuito é alimentado por uma tensão de 300 V, normalmente obtida dos próprios equipamentos de som da época. A válvula, não indicada no diagrama pode ser um duplo triodo como a 12AU7 ou12AX7.

 

Figura 5
Figura 5

 

 

Expansor de Volume

Este circuito é do manual de válvulas da RCA de 1937. A fonte de alimentação não é dada. O circuito é usado em toca-discos do tipo antigo para reforço de frequências de áudio nos extremos da faixa.

 

Figura 6
Figura 6

 

 

Pré Amplificador Sem Motor Boating

Este circuito da RCA não apresenta o chamado ruído de motor de popa que ocorre por realimentação em certos circuitos. O circuito é do Manual de Válvulas de 1937 da própria RCA.

 

Figura 7
Figura 7

 

 

Decodificador Estéreo Valvulado

Não tem muito a ver com tocadiscos mas, este interessante circuito de decodificador PL utilizando válvulas foi encontrado no manual de válvulas da RCA de 1970. Alguns dos componentes s]ao críticos, além das válvulas e a fonte não é fornecida.

 


 

 

 

Supressor de Ruídos com Duplo Diodo

Esta configuração é encontrada em receptores valvulados e outros circuitos sujeitos a elevados níveis de ruído. Trata-se de um ceifador que corta os picos de ruído utilizando um duplo diodo. O circuito deve ser alimentado por tensões entre 150 e 300 V.

 

Figura 9
Figura 9

 

 

Porque as válvulas queimam

As válvulas, assim como as lâmpadas incandescentes usam um filamento de tungstênio que, ao ser percorrido por uma corrente elétrica se aquece. Nas válvulas a finalidade do filamento é emitir elétrons funcionando como um catodo ou então aquecer um segundo eletrodo, denominado catodo que, sendo recoberto por substâncias alcalinas, emite elétrons com facilidade. Nas lâmpadas, o filamento tem por finalidade produzir luz.

Ocorre que estando frio o filamento de tungstênio de uma lâmpada ou válvula apresenta uma resistência muito baixa, o que significa que ao ser ligado a corrente inicial é muito alta. Na verdade, esta corrente inicial pode ser até 8 vezes maior do que a corrente normal do dispositivo, depois de aquecido. Uma lâmpada de 150 mA, ao ser ligada pode ser percorrida por uma corrente inicial de mais de 1 A.

Se o filamento estiver com algum problema de desgaste mecânico ou ainda com sua espessura reduzida pela evaporação gradual, no momento em que ele é ligado pode ocorrer a ruptura, ou seja a queima.

Assim, as válvulas (e lâmpadas incandescentes) queimam por dois motivos:

a) Pelo desgaste mecânico que enfraquece o filamento, principalmente nos pontos em que ele é ligado aos eletrodos. No momento em que a corrente é estabelecida ele se queima.

b) Pelo desgaste gradual que ocorre já que, com o tempo, o filamento trabalhando quente vai se evaporando e tendo por isso sua espessura reduzida. Neste caso, a queima pode ocorrer no momento em que a corrente é estabelecida ou o dispositivo é ligado.

Não contamos neste caso a queima que ocorre pela oxidação, quando por algum motivo entra ar na válvula ou lâmpada.

Na figura abaixo mostramos como testar o filamento de uma válvula com o multímetro.

 


 

 

 

A maioria dos circuitos apresentados neste artigo não detalha a fonte de alimentação. No entanto, no site o leitor poderá encontrar na seção de válvulas uma boa quantidade delas.