Com um minúsculo receptor de VHF você pode captar as comunicações entre os aviões e as torres de controle, entre a torre de controle e os funcionários no pátio de um aeroporto, entre viaturas policiais ou de serviços públicos, e muitas outras emissões interessantes que ocorrem nesta faixa do espectro eletromagnético. Extremamente simples de montar, este receptor tem apenas um transistor e um circuito integrado, sendo alimentado com apenas duas pilhas pequenas.

Nota: Este artigo saiu na revista Eletrônica Total 4 de 1988.

 

Utilizando uma etapa superregenerativa para a recepção dos sinais de VHF (entre 108 e 150MHz), que lhe garante excelente sensibilidade, e um novo integrado que contém um amplificador completo e precisa de apenas 1,6V para funcionar, com excelente ganho e qualidade de áudio, formamos nosso receptor de bolso, que surpreenderá pela sua capacidade de captar aviões até a mais de 100 quilômetros de distância.

Mas a principal característica deste receptor é o seu reduzido tamanho, conseguido graças ao uso destes componentes, que podem ser alimentados com apenas duas pilhas pequenas, e a não necessidade de muitos elementos periféricos.

O receptor em sua versão básica é projetado para a sintonia fixa de uma frequência de VHF (que pode ser alterada mediante uma chavinha plástica), de modo que possamos escolher o ponto de operação do aeroporto local, e assim acompanhar o movimento das aeronaves na sua chegada e saída.

Normalmente, as frequências de comunicações das aeronaves em grandes aeroportos são distribuídas entre 108 e 130MHz, havendo canais separados para o controle de aproximação, o solo e a saída. No final deste artigo daremos algumas frequências importantes para o caso de São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, procurando com cuidado, você facilmente encontrará os canais de sua localidade.

Lembramos, entretanto, que os canais de VHF usados nas comunicações entre aeronaves e torres de comando são ocupados com conversas rápidas, de modo que, em locais de pouco movimento aéreo, ou longe dos aeroportos, a captação pode não ser fácil.

Os sinais de VHF se propagam do mesmo modo que os sinais de TV, o que significa que para uma estação no nível do chão, como a torre, a audição das comunicações está limitada por obstáculos tais como prédios e morros, dificilmente passando de 10 ou 20 quilômetros. No entanto, para um avião voando a grande altura, como não existem obstáculos, podemos captá-los a centenas de quilômetros.

Para o caso de viaturas policiais e serviços públicos o alcance também estará limitado à localização da emissora em relação a obstáculos tais como prédios e morros. É claro que, levando seu VHF de bolso a um aeroporto, as comunicações tanto na aproximação de aviões como na sua saída serão claras. E, quando você se cansar de ouvir aviões ou serviços públicos, bastará trocar a bobina e as estações de FM de sua localidade poderão ser ouvidas com boa qualidade de som.

 

COMO FUNCIONA

Para se obter sensibilidade com poucos componentes a melhor configuração é a do detector superregenerativo com um transistor. Este circuito, oscila na frequência que deve receber, detectando assim o sinal sintonizado pela bobina L1 e o capacitor CV.

Na figura 1 temos o diagrama do receptor de VHF, por onde observamos que a componente de alta frequência do sinal não passa pelo choque de RF (XRF), mas a componente de áudio aparece na saída deste circuito, podendo então ser amplificada.

A etapa de amplificação é constituída por um componente novo da Philips, o TDA7050T, que consiste num amplificador completo de baixa potência que apresenta como características marcantes o fato de funcionar com tensões muito baixas, entre 1,6 e 6V, e ainda não preci-sar de nenhum componente externo a não ser o controle de volume e o alto-falante. No nosso caso, pela baixa potência e para maior facilidade de uso, optamos por um fone e o controle de volume foi simplesmente substituído por um resistor de 1M.

O TDA7050T é extremamente pequeno, apresentado em invólucro DIL de 8 pinos, o que facilita a obtenção de uma montagem muito compacta.

A corrente exigida tanto pelo amplificador como pela etapa superregenerativa é muito baixa, o que garante uma boa durabilidade para as pilhas.

 


 

 

 

MONTAGEM

A placa de circuito impresso é mostrada na figura 2.

 


 

 

 

CV tanto pode ser um trimer comum, caso em que teremos uma sintonia feita com uma ferramenta especial (chave de fenda de plástico), que fixa a estação que mais ouvimos, correspondente por exemplo à torre do aeroporto local, ou então, se você preferir, uma variável pequena para FM, mas com ligações bem curtas.

C1, C2 e C3 devem ser cerâmicos de boa qualidade, enquanto C4 e C5 tanto podem ser cerâmicos como de poliéster. Já C6 é um eletrolítico com tensão de trabalho a partir de 3V.

Os resistores são todos de 1/8W ou 1/4W e XRF é um micro choque de 100p,H. Na dificuldade em encontrar este componente no comércio local, enrole de 40 a 60 voltas de fio esmaltado bem fino num resistor de 100k x 1/4W e ligue os terminais do fio em paralelo, obtendo assim este componente de forma improvisada.

A antena é um pedaço de fio rígido que deve ter 15 a 70cm de comprimento. Não use fios maiores ou antenas externas, pois o circuito terá instabilidades, dificultando seu ajuste. A bobina L1 é feita com fio rígido e suas dimensões e número de espiras dependem da faixa que queremos ouvir.

Na figura 3 temos as diversas possibilidades de construção desta bobina com fio rígido comum. Para as pilhas usamos um suporte, e o interruptor geral fica de acordo com o gosto do usuário.

 


 

 

 

Não use caixa metálica, pois pode haver influência sobre o circuito, instabilizando-o. Para o fone é importante observar o tipo de plugue disponível. Na figura 4 mostramos diversos tipos de ligações, observando-se que a impedância não deve ser inferior a 8 ohms.

 


 

 

 

Na falta de um fone, você pode usar um pequeno alto-falante de 8 ohms ou mesmo dois deles em série, caso em que podemos ter um som com boa intensidade para escuta doméstica, como sugere a figura 5.

 


 

 

 

PROVA E USO

Basta ligar a unidade e, com muito cuidado, usando uma chave plástica (do tipo empregado para ajustes de rádios) ou de madeira, gire o trimer (CV) até captar as estações desejadas. Para o caso de aviões podem ser necessárias diversas tentativas até que consigamos passar pela frequência usada justamente no momento em que haja uma comunicação. Será até interessante experimentar antes o receptor com a bobina para FM, para depois serem feitas tentativas com VHF.

Damos a seguir algumas frequências usadas para comunicações entre aeronaves e serviços -de terra (controle, solo, torre etc.):

• São Paulo

Cumbica — aproximação: 119,4MHz - saída: 119,1MHz

Marte — torre: 118,7MHz - solo: 121,6MHz

• Recife — torre: 118,1 MHz - solo: 121,9MH.z

• Rio de Janeiro — torre: 118,9MHz - saída: 120,3MHz

• Belo Horizonte — torre: 118,7MHz - APP: 120,7MHz