Transmitindo Energia Sem Fio. Nicola Tesla Estava Certo? (ART3000)
No início do século passado Tesla propôs que a energia poderia ser transmitida para qualquer parte do mundo sem fio, usando ondas ou então suas enormes máquinas de raios. Tesla chegou mesmo a iniciar a construção de um enorme emissor experimental, que nunca foi concluído. No entanto, com os progressos tecnológicos hoje já voltamos a falar em energia sem fio, se bem que os desafios a serem enfrentados sejam muitos.
A ideia de Nicola Tesla era de que os fios poderiam ser abolidos e a energia seria transmitida através do espaço. Para isso Nicola Tesla começou a trabalhar em diversos projetos com esta finalidades, destacando-se um enorme emissor que opera com alta tensão (bobina de Tesla), conforme mostra a figura 1.

A ideia de Tesla que hoje é denominada Wireless Power Transfer ou WPT volta a tona com sua aplicação ainda a curta distância em aplicações diretas como a carga de bateria de celulares e de outros eletroeletrônicos.
A transmissão de energia pelo espaço tem problemas enormes a serem superados.
O primeiro deles é a dispersão da energia. Se pensarmos, por exemplo, no uso da luz para a transmissão, verificamos que ela se dispersa e a poucos metros do emissor, a quantidade captada já se reduz muito.
O mesmo ocorrer com as ondas de rádio, por exemplo, um feixe de micro-ondas.
O LASER é uma possibilidade, mas enfrenta-se o perigo de que um feixe de alta energia possa ser inadvertidamente cortado por uma pessoa ou um veículo e com isso ocorrer um desastre.
Para curtas distâncias, que é por onde devemos começar, existe a possibilidade de um acoplamento capacitivo e mais eficientemente, um acoplamento indutivo.
É o princípio de funcionamento dos carregadores de celulares que descrevemos no TEL102.
O princípio de funcionamento é o mesmo do transformador.
Temos uma bobina no carregador que transmite um sinal, uma corrente de média frequência, e no celular ou outro dispositivo a ser carregado uma segunda bobina que funciona como o secundário do transformador, conforme mostra a figura 2.

No entanto, a grande dispersão da energia que ocorre pelo espalhamento das linhas de forma do campo do transmissor faz com que o sistema só tenha rendimento a muito curta distância.
O celular, ou outro dispositivo a ser carregado deve ficar muito próximo da bobina do carregador, conforme mostra a figura 3.

Considerando que inicialmente os sistemas indutivos e capacitivos são os mais apropriados para as aplicações práticas podemos elaborar uma tabela de características.
Carga de baterias em equipamentos portáteis, smartcardsCarga de veículos elétricos, implantes.
Tecnologia | Alcance | Diretividade | Frequência | Antena | Aplicações atuais e futuras |
Acoplamento indutivo | Pequeno | Baixa | Hz – MHz | Bobinas | Eletroeletrônicos e aquecimento industrial |
Acoplamento indutivo ressonante | Médio | Baixa | kHz – GHz | Bobinas sintonizadas | Carga de baterias em eletroeletrônicos RFID e smartcards |
Acoplamento capacitivo | Pequeno | Baixa | kHz – MHz | Electrodos | |
Acoplasmento Magnetodinâmico | Pequeno | N.A. | Hz | Ímãs Rotativos | |
Micro-ondas | Longo | Alta | GHz | Antenas Parabólicas | Alimentação por e de satélites, drones. |
Luz | Longo | Alta | ?THz | Lasers, Fotocélulas e Lentes | Drones, aeronaves, satélites |
Na figura 4 temos um circuito típico de carregador sem fio na parte receptora.

Desafios
A ideia da remoção direta dos fios já começa a ter uma adoção maior nos telefones celulares que logo vão deixar de usar fios de conexão para esta finalidade.
A maioria dos modelos novos de celulares já possuem os recursos de carga sem fio, bastando apoiá-los no carregador.
No próprio carro, o carregador conectado à tomada de cigarros já começa a ser eliminado com o simples aopio do celular no local da carga, conforme mostra a figura 5.

No entanto, alguns problemas devem ser superados ao se pensar num carregador sem fio num ambiente ruidoso como o carro.
Um deles é a interferência (EMC) que pode ocorrer e afetar o desempenho do circuito. Além disso, o próprio circuito do transmissor de energia produz radiação que pode afetar circuitos do carro.
Outro problema é a variação de temperatura que, dentro de um carro atinge valores elevados.
No entanto, tudo isso já tem soluções e os fios vão sendo eliminados até o dia em que se tornarem coisa do passado.