Este artigo aborda de maneira básica os instrumentos que o leitor deve ter na sua bancada para encontrar defeitos em pequenos aparelhos eletrônicos.

Este artigo fez parte de livro que publicamos em 1985 tratando de princípios básicos de reparação d aparelhos portáteis e de pequeno porte da época como rádios, gravadores, etc. Muitos dos conceitos apresentados ainda são válidos com alguns aparelhos modernos. O artigo é interessante para quem deseja prender e reparar aparelhos antigos (e mesmo alguns mais modernos).Esses conceitos são abordados em outros artigos deste site e em livros do autor.

 

Injetor de sinais

O injetor de sinais nada mais é do que um oscilador que produz um sinal que pode ser aplicado num aparelho em prova para simular seu funcionamento. Num rádio ele simula a estação, enquanto num amplificador ele simula o microfone ou o toca- discos. Num toca-fitas ele simula a presença de uma fita que está tocando.

A vantagem maior do injetor está no fato de que a simulação de funcionamento pode ser feita em qualquer etapa do aparelho, ou seja, podemos isolar as diversas etapas de um aparelho e analisar uma a uma, localizando assim facilmente os defeitos.

Na figura 1 damos o circuito de um injetor de sinais típico que o leitor poderá montar com facilidade para ter em sua oficina.

 


 

 

É claro que existem os injetores comerciais que podem ser comprados por preço acessível nas casas especializadas, e mesmo pelo correio através da Internet.

 

Multímetro

O multímetro, multiteste ou ainda VOM (Volt-Ohm-Miliamperimetro) é sem dúvida o mais importante instrumento de bancada para todo técnico reparador. Com este instrumento podemos medir tensões, resistências e correntes e assim verificar cada ponto de um circuito ou testar cada componente com facilidade, Todo técnico deve procurar adquirir este instrumento em primeiro lugar, dada a sua utilidade.

Na figura 2 temos o aspecto de um multímetro comum. Recomendamos que o tipo adquirido pelo técnico seja de pelo menos 5 000 ohms DC de sensibilidade, para facilitar seu trabalho. Os de menor sensibilidade podem.dificultar a localização de certos defeitos.

 


 

 

Apesar de existirem hoje os multímetros digitais, para reparação simples e mesmo em certos tipos de efeitos, o uso do analógico ainda é melhor.

O problema maior para o técnico que adquire um multímetro é saber usá-lo. Como vimos, trata- se de um instrumento que mede três grandezas diferentes: resistências, correntes e tensões.

Os Segredos no Uso do Multímetro é um dos livros de Newton C. Braga que pode ajudar muito quem deseja aprender a usar este instrumento. Também recomendamos os quatro volumes de “Como Testar Componentes” do mesmo autor.

Para usá-lo corretamente, a primeira coisa que o técnico precisa saber diferenciar as três grandezas, para não fazer confusões que inclusive podem levar à ruína o seu caro instrumento. Vejamos então como realizar cada medida. (Nos instrumentos existem folhetos que indicam que terminais ou posições de chave usar para cada medida):

 

Medida de resistência - Esta é a mais simples, pois normalmente é usada para o teste de componentes separadamente.

Em primeiro lugar devemos colocar o instrumento na posição para esta medida (chave ou terminais) escolhendo uma escala que esteja de acordo com a medida esperada. Por exemplo, se esperamos ler uma resistência baixa para um componente, colocamos a chave na posição xl , enquanto que se esperamos ler uma resistência alta, colocamos a chave na posição x 100 ou x 1 k.

Depois, encostamos uma ponta de prova na outra e ajustamos o zero da escala, atuando sobre o botão Zero Adj. Este controle compensa o desgaste natural da pilha que existe no interior do aparelho, evitando assim que a medida saia errada.

Finalmente, realizamos a medida desejada, encostando as pontas de prova do- instrumento nos terminais do componente ou circuito, do qual se quer saber :a. resistência (fig. 3).

 


 

 

Se o componente estiver sozinho, o valor lido corresponde mesmo à sua resistência, mas se o componente estiver no circuito devemos levar em conta:

- que toda alimentação do circuito deve estar desligada, pois a presença de tensão pode estragar o instrumento; sô meça resistência nos aparelhos desligados;

- que a resistência lida não corresponde somente à do componente verificado, ,mas sim do circuito na totalidade; os componentes adjacentes influem nesta leitura.

 

Medida de tensão - Para medir tensões, em primeiro lugar devemos optar pela escala DC (tensões continuas) ou AC (tensões alternantes).

Nos aparelhos transistorizados as tensões presentes em sua maioria são continuas, a não ser no primário e secundário do transformador de alimentação, se existir este componente.

Escolhemos a escala de acordo com a tensão que esperamos ler. Por exemplo, se esperamos ler 6 V de uma bateria, escolhemos uma escala que tenha um valor um pouco maior que este, 10 V por exemplo, ou 15 V.

Encostamos as pontas de prova nos extremos do componente ou circuito do qual queremos saber a tensão, obedecendo a polaridade: vermelho no potencial mais alto ou positivo e preto no mais baixo ou «negativo. Depois é só ler o valor da tensão diretamente na escala (fig. 4).

 


 

 

Se o ponteiro tender a ultrapassar o final da escala, devemos escolher uma de maior valor.

 

Medida de corrente - Para a medida de corrente o instrumento deve ser intercalado ao circuito. Para esta finalidade interrompemos o circuito e fazemos a ligação do instrumento obedecendo a sua polaridade, conforme mostra a figura 5.

 


 

 

Se não tivermos ideia do valor da corrente a ser medida, devemos começar pela escala de maior valor (500 mA, por exemplo) e ir reduzindo até obtermos uma leitura satisfatória.

Observamos que a medida é feita com correntes contínuas e que a intensidade da corrente nunca é feita diretamente em fonte de energia como, por exemplo pilhas, baterias, fontes, tomadas, pois sem carga isso causaria a queima do instrumento. Nunca tente medir a “corrente” da tomada, pois isso não existe e causará a queima do seu multímetro!