Astronomia e Eletrônica (AST012)

Em vídeo que fiz recentemente para o canal do Youtube Instituto Newton C. Braga (INCB) falei do entrelaçamento de disciplinas, mostrando que cada vez mais as diversas ciências e tecnologias de nossos dias interagem, exigindo que os profissionais as conheçam de uma maneira mais profunda. Neste artigo trataremos do entrelaçamento da eletrônica com a astronomia.

Há alguns anos atrás falávamos em convergência, mostrando que as diversas e tecnologias estavam indo para uma direção única com a criação cada vez maior de equipamentos que reuniam muitas funções.

As máquinas fotográficas, lanternas, gravadores, rádios e outras coisas mais deixaram de existir como equipamentos separados, de uso independente para se tornar um equipamento único: o celular.

Fornos de microondas passaram a ter acesso a internet e em alguns casos até ter um sistema detector de presença para acusar intrusos em sua casam reunindo duas funções.

Estamos agora passando por uma nova fase da evolução da tecnologia que utiliza um termo que vem de física quântica: o entrelaçamento.

Dizemos que partículas estão entrelaçadas quando podem tanto ocupar o mesmo lugar no espaço como estando distantes uma da outra ainda mantém uma comunicação instantânea.

Algo interessante que trataremos em outros artigos, mas cuja ideia básica pode ser aplicada ao que ocorre com muitas ciências que estão “entrelaçando” suas aplicações com a eletrônica e uma delas é a astronomia.

 

Do telescópio óptico ao telescópio computadorizado

Podemos partir do telescópio óptico que antigamente (e alguns de baixo custo ainda são) era constituído apenas por lentes e um suporte mecânica.

 

Figura 1 – Telescópio óptico
Figura 1 – Telescópio óptico

 

 

Desta configuração temos atualmente a penetração cada vez maior da eletrônica como, por exemplo, a localização automática dos objetos a serem observados através de um sistema servomotor e um computador.

No telescópio com eletrônica incluída, basta fazer seu posicionamento correto, com o azimute e a inclinação conforme a latitude devidamente ajustada para simplesmente se digitar o astro pelo nome, ou suas coordenadas para que o telescópio o localize.

 

Figura 2 – telescópio computadorizado
Figura 2 – telescópio computadorizado

 

Recursos de CCD e Bluetooth permitem a transferência da imagem para um celular ou laptop e sensores podem até ser usados para medir o brilho e outras características do objeto observado.

O mesmo sistema de posicionamento acompanha o movimento da terra, mantendo o objeto focalizado com passar do tempo.

Tudo isso mostra como, um simples instrumento óptico de observação, mesmo para amadores, podemos ter a eletrônica aplicada de forma intensa.

 

Equipamentos profissionais

É claro que numa aplicação profissional em que pesquisadores trabalham com equipamentos de altíssimo custo pesquisando todas as características do universo em que estamos, os equipamentos usados são cada vez mais fantásticos.

Observe o telescópio orbital Hubble que leva equipamentos de uma tecnologia extrema que o leitor interessado pode acessar no próprio site da NASA.

 

Figura 3 – O telescópio Hubble
Figura 3 – O telescópio Hubble

 

Lentes que podem ser modificadas para refletir radiações de diversos comprimentos de onda, sensores especiais para diversos comprimentos de radiação permitindo assim estender o alcance do telescópio para além dos extremos do espectro visível são alguns exemplos de tecnologia.

Tudo isso mostra que o futuro astrônomo que também pode ser um radio-astrônomo, cada vez mais deve conhecer a tecnologia eletrônica para poder não apenas usar corretamente os equipamentos disponíveis, como para também sugerir novos equipamentos e eventualmente até criá-los.

São campos das ciências entrelaçadas que cada vez mais exige um conhecimento especializado dos seus profissionais.