Conheça o funcionamento deste componente que é um dos mais antigos e mais utilizados nos dias atuais, veja também os diversos drivers de acionamento que podemos fazer utilizando um relé.


Os relés são dispositivos comutadores eletromecânicos. A estrutura simplificada de um relé é mostrada na figura 1 e a partir dela explicaremos o seu

princípio de funcionamento.



Nas proximidades de um eletroimã é instalada uma armadura móvel que tem por finalidade abrir ou fechar um jogo de contatos. Quando a bobina é percorrida por uma corrente elétrica é criado um campo magnético que atua sobre a armadura, atraindo-a. Nesta atração ocorre um movimento que ativa os contatos, os quais podem ser abertos, mfechados ou comutados, dependendo de sua posição, conforme mostra a figura 2.




Isso significa que, através de uma corrente de controle aplicada à bobina de um relé, podemos abrir, fechar ou comutar os contatos de uma determinada forma, controlando assim as correntes que circulam por circuitos externos. Quando a corrente deixa de circular pela bobina do relé o campo magnético criado desaparece, e com isso a armadura volta a sua posição inicial pela ação da mola.
Os relés se dizem energizados quando estão sendo percorridos por uma corrente em sua bobina capaz de ativar seus contatos, e se dizem desenergizados quando não há corrente circulando por sua bobina.
A aplicação mais imediata de um relé com contato simples é no controle de um circuito externo ligando ou desligando-o, conforme mostra a figura 3. Observe o símbolo usado para representar este componente.



Quando a chave S1 for ligada, a corrente do gerador E1 pode circular pela bobina do relé, energizando-o. Com isso, os contatos do relé fecham, permitindo que a corrente do gerador E2 circule pela carga, ou seja, o circuito controlado que pode ser uma lâmpada.
Para desligar a carga basta interromper a corrente que circula pela bobina do relé, abrindo para isso S1.

Uma das características do relé é que ele pode ser energizado com correntes muito pequenas em relação à corrente que o circuito controlado exige para funcionar. Isso significa a possibilidade de controlarmos circuitos de altas correntes como motores, lâmpadas e máquinas industriais, diretamente a partir de dispositivos eletrônicos fracos como transistores, circuitos integrados, fotoresistores etc.
A corrente fornecida diretamente por um transistor de pequena potência da ordem de 0,1A não conseguiria controlar uma máquina industrial, um motor ou uma lâmpada, mas pode ativar um relé e através dele controlar a carga de alta potência. (figura 4)





Outra característica importante dos relés é a segurança dada pelo isolamento do circuito de controle em relação ao circuito que está sendo controlado. Não existe contato elétrico entre o circuito da bobina e os circuitos dos contatos do relé, o que significa que não há passagem de qualquer corrente do circuito que ativa o relé para o circuito que ele controla.
Se o circuito controlado for de alta tensão, por exemplo, este isolamento pode ser importante em termos de segurança.


Do mesmo modo, podemos controlar circuitos de características completamente diferentes usando relés: um relé, cuja bobina seja energizada com apenas 6 ou 12V, pode perfeitamente controlar circuitos de tensões mais altas como 110V ou 220V.
O relé que tomamos como exemplo para analisar o funcionamento possui uma bobina e um único contato que abre ou fecha.
Na prática, entretanto, os relés podem ter diversos tipos de construção, muitos contatos e apresentar características próprias sendo indicados para aplicações bem determinadas.
Analisemos como são construídos na prática os relés:



2. OS RELÉS NA PRÁTICA
O que determina a utilização de um relé numa aplicação prática são suas características. O entendimento dessas características é fundamental para a escolha do tipo ideal.
A bobina de um relé é enrolada com um fio esmaltado cuja espessura e número de voltas são determinados pelas condições em que se deseja fazer sua energização.
A intensidade do campo magnético produzido e, portanto, a força com que a armadura é atraída depende tanto da intensidade da corrente que circula pela bobina como do número de voltas que ela contém.
Por outro lado, a espessura do fio e a quantidade de voltas determinam o comprimento do enrolamento, o qual é função tanto da corrente como da tensão que deve ser aplicada ao relé para sua energização, o que no fundo é a resistência do componente. Todos estes fatores entrelaçados determinam o modo como a bobina de cada tipo de relé é enrolada.
De um modo geral podemos dizer que nos tipos sensíveis, que operam com baixas correntes, são enroladas milhares ou mesmo dezenas de milhares de voltas de fios esmaltados extremamente finos, alguns até mesmo mais finos que um fio de cabelo! (figura 5).




As armaduras dos relés devem ser construídas com materiais que possam ser atraídos pelos campos magnéticos gerados, ou seja, devem ser de materiais ferromagnéticos e montadas sobre um sistema de articulação que permita sua movimentação fácil, e retorno à posição inicial quando o campo desaparece.
Peças flexíveis de metal, molas ou articulações são alguns dos recursos que são usados na montagem das armaduras.


A corrente máxima que os relés podem controlar depende da maneira como são construídos os contatos. Além disso existe o problema do faiscamento que ocorre durante a abertura e fechamento dos contatos de relé, principalmente no controle de determinado tipo de carga (indutivas).

O material usado deve então ser resistente, apresentar boa capacidade de condução de corrente e, além disso, ter um formato próprio, dependendo da aplicação a que se destina o relé.
Dentre os materiais usados para a fabricação dos contatos podemos citar o cobre, a prata e o tungstênio. A prata evita a ação de queima provocada pelas faíscas, enquanto os contatos de tungstênio evitam a oxidação.
O número de contatos e sua disposição vai depender das aplicações a que se destinam os relés.
Temos então diversas possibilidades:


2.1 Contatos NA ou Normalmente Abertos
Os relés são dotados de contatos do tipo normalmente abertos, quando estes permanecem desligados até o momento em que o relé seja energizado. Quandoo relé é energizado, os contatos fecham, e com isso pode circular corrente pelo circuito externo. Podemos ter relés com um ou mais contatos do tipo NA, conforme mostra a figura 6.

 



Usamos relés com contatos do tipo NA quando queremos ligar uma carga externa ao fazer uma corrente percorrer a bobina do relé, ou seja, quando o energizarmos.



2.2 Contatos NF ou Normalmente Fechados

Estes relés apresentam um ou mais contatos que estão fechados, permitindo a circulação pela carga externa, quando a bobina estiver desenergizada. Quando a bobina é percorrida por uma corrente, o relé abre seus contatos, interrompendo a circulação de corrente pela carga externa. (figura 7)

 




Usamos este tipo de relé para desligar uma carga externa ao fazer uma corrente percorrer a bobina do relé.



2.3 Contatos NA e NF ou Reversíveis
Os relés podem também ter contatos que permitem a utilização simultânea dos contatos NA e NF ou de modo reversível, conforme mostra a figura 8.

 



Quando o relé está com a bobina desenergizada, o contato móvel C faz conexão com o contato fixo NF, mantendo fechado este circuito.
Energizando a bobina do relé o contato C (comum) passa a encostar no contato NA, fechando então o circuito.

Podemos usar este tipo de relé para comutar duas cargas, conforme sugere a figura 9.

 

A energia da fonte E passa então do circuito de carga 1 para o circuito de carga 2.
O número de contatos NA e NF de um relé pode variar bastante, o que garante uma enorme versatilidade para este componente.
Assim, jogando com os dois contatos reversíveis, podemos fazer inversões do sentido de circulação da corrente.
Os relés podem ainda ter bobinas para operar tanto com corrente contínua como com corrente alternada.
No caso de corrente contínua, a constância do campo garante um fechamento firme, sem problemas.


No entanto, no caso do acionamento por corrente alternada, a inversão do sentido da corrente numa determinada freqüência faz com que o campo magnético apareça e desapareça dezenas de vezes por segundo, o que leva aarmadura e os contatos a uma tendência de vibração.

Para evitar este problema técnicas especiais de construção são usadas, sendo que a mais eficiente consiste na colocação numa das metades do núcleo da bobina de um anel de cobre. Neste anel é então induzida uma forte corrente que cria um segundo campo magnético, o qual divide o campo principal em dois fluxos defasados. Assim, não existe um instante em que o campo seja nulo, quando a armadura pode "descolar", e com isso causar as vibrações.
Por este motivo, os relés usados em corrente contínua não são os mesmos empregados em circuitos de corrente alternada.



2.4 Reles abertos, fechados e selados
Dependendo das aplicações, temos ainda para os relés montagens diferentes do conjunto de peças que o formam. Os relés podem ser abertos, ou seja, sem proteção, se forem usados em equipamentos fechados, que não estejam sujeitos a poeira, umidade ou outros elementos que prejudiquem o componente.
Temos também relés fechados mas sem vedação alguma que são utilizados na maioria das aplicações comuns. Estes relés possuem coberturas de materiais diversos, como por exemplo o plástico que pode ser opaco ou transparente.
Existem ainda os relés herméticos que são encerrados em invólucros que impedem a penetração de ar do meio ambiente.
Em especial estes relés são empregados em aplicações que ficam em atmosferas combustíveis, já que o acionamento dos contatos pode ser acompanhado de faíscas que causariam a ignição do combustível e com isso o perigo de explosão.


A METALTEX possui na sua linha de produtos relés os três tipos com as mais diversas especificações adicionais.


Esta proteção evita que a poeira se acumule principalmente nos contatos, vindo a prejudicar o funcionamento do relé. (figura 10)



2.5 Ligação dos relés ao circuito externo
Outro fato importante na construção de um relé é a maneira como ele vai ser ligado ao circuito externo. Para esta finalidade, os relés são dotados de

terminais.O tipo mais simples possui, então, 4 terminais sendo 2 para a conexão à bobina e 2 para os próprios contatos. (figura 11)




O número de terminais aumentará na proporção em que aumenta o número de contatos e estes podem ter as mais diversas aparências.

Em aplicações profissionais, onde a eventual substituição rápida de um relé deve ser feita com presteza, são usados encaixes em bases fixas. São os relés de encaixe ou plug-in.Temos ainda relés que comutam sinais de altas freqüências, e que utilizam conectores para os contatos do tipo coaxial. Este tipo de configuração é necessário para que não ocorram perdas na transferência das correntes que o relé deve comutar em seus contatos.




3. REED RELÉS
Reed-switches são interruptores hermeticamente encerrados em ampolas de vidro, conforme mostra a figura 13.

 



Duas lâminas no interior de uma ampola podem ser movidas pela ação de um campo magnético. Uma das maneiras de fazer um reed-switch fechar os contatos, encostando uma lâmina na outra, é através do campo magnético de um imã.

A outra maneira é colocar este elemento no interior de uma bobina, dando origem assim ao componente denominado reed-relé. (figura 14)





A flexibilidade da lâmina usada permite que campos magnéticos muito fracos consigam atuar sobre elas fechando os contatos, o que dá origem a relés

extremamente sensíveis e compactos. No entanto, estas mesmas lâminas não suportam correntes elevadas, o que significa que, se obtemos um relé muito sensível, ele não pode operar com correntes elevadas nem tensões muito altas.

Existem aplicações em que a miniaturização do reed-relé e a sua sensibilidade tornam este componente ideal.A METALTEX possui na sua linha de relés os tipos relés reed da série RD, que podem ser montados diretamente em placa de circuito impresso.




4. CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS RELÉS
Como acionar um relé? Que tipo de circuitos externos podem ser controlados por um relé?
Na utilização de qualquer tipo de relé num projeto é fundamental ter respostas para as duas perguntas acima, e em alguns casos para outras.Nos manuais de fabricantes de relés, como os da METALTEX, encontramos informações que permitem a avaliação do que um relé pode fazer e como deve ser usado. No entanto, é preciso saber interpretar estas informações, para que não aconteçam surpresas desagradáveis num projeto. Iniciaremos então nossas explicações pelas características elétricas dos relés.


4.1 Características da bobina
Para que o relé seja energizado corretamente e os contatos atuem, é preciso que uma corrente de intensidade mínima determinada circule pela sua bobina.

Devemos então aplicar uma tensão de determinado valor, que em função da resistência do enrolamento vai permitir que a corrente mínima determinada seja estabelecida.Na prática os relés são especificados em termos da corrente que deve passar pelo enrolamento para uma determinada tensão que é a tensão de funcionamento. Na verdade é preciso levar em conta que, para fechar o relé, precisamos de uma certa intensidade de campo magnético que puxe a armadura para perto da bobina com certa força, mas uma vez que a armadura se aproxima, o campo já não precisa ser tão forte para mantê-la junto à bobina, e com isso o relé fechado.Devemos então distinguir a tensão que aciona o relé da tensão que o mantém fechado que é muito menor.
A corrente que aciona o relé é denominada corrente de acionamento, enquanto que a corrente que o mantém fechado (muito menor) é a corrente de

manutenção.Fixando a tensão que deve disparar um relé de corrente contínua, a corrente que vai circular por sua bobina é função da resistência do

enrolamento, o que pode ser calculado facilmente pela lei de Ohm.Assim, se um relé for especificado para uma tensão nominal de 24 volts, quando então circula uma corrente de 20 mA (0,02 A), podemos calcular a resistência com uma simples divisão:


R = V/IR = 24/0,02R = 1200 ohms

As características da bobina do relé de corrente contínua (resistência, corrente e tensão) ficam então perfeitamente definidas quando temos duas das três grandezas acima citadas:Se tivermos a tensão (V) e a corrente (I), calculamos a resistência (R) pela fórmula:

R = V/I

Se tivermos a tensão (V) e a resistência (R), calculamos a corrente pela fórmula:

I = V/R

Finalmente, se tivermos a corrente (I) e a resistência (R), calculamos a tensão (V) pela fórmula:

V = R x I

Veja que estas tensões são "valores nominais", ou seja, aqueles que são recomendados numa operação normal. Na prática o relé pode fechar seus contatos com tensões menores, mas este fator deve, ser levado em conta quando se desejar máxima confiabilidade do componente.Os valores superiores também são admitidos, apenas até certo limite. Se a aplicação de uma tensão num circuito que tenha uma certa resistência, como a bobina de um relé, significa a produção de calor, temos aí um motivo claro da limitação. As bobinas podem dissipar apenas uma quantidade definida de calor, que não deve ser superada. Os fabricantes de relés indicam então qual é a porcentagem acima da tensão nominal que pode ser aplicada no máximo na bobina de um relé sem o perigo de haver aquecimento. Valores típicos estão entre 10 e 15% acima da tensão nominal.Resumindo: as características elétricas da bobina de um relé, que devem ser levadas em conta num projeto, são:


Tensão nominal, tensão de operação e tensão máxima de trabalho

Corrente nominal

Resistência ôhmica

Potência nominal dissipada



4.2 Características dos contatos
Além do número de contatos e o tipo, devemos também conhecer características elétricas desses contatos, para utilizá-los sem problemas em qualquer projeto. A primeira característica que nos interessa é a corrente máxima que podem controlar. A abertura e fechamento dos contatos de um relé exige um certo tempo, o que significa que nos pontos de aproximação máxima podem ocorrer arcos, ou seja, pequenas faíscas quetendem a queimá-los com o tempo.Estas faíscas são mais intensas quando se comuta um circuito indutivo como por exemplo um transformador, um motor, um solenóide etc.
A superfície dos contatos determina, por outro lado, a intensidade máxima da corrente que pode ser controlada. Estes dois fatores devem ser levados em conta na utilização de um relé. Assim, temos a especificação da corrente máxima que cada contato pode controlar tanto em circuitos resistivos como indutivos.

Evidentemente, a corrente máxima num circuito resistivo é sempre maior que a permitida para um circuito indutivo.Alguns recursos permitem a proteção dos contatos com o prolongamento de sua vida útil,na comutação e controle de cargas indutivas "amortecendo" as faíscas, mas isso será visto posteriormente.
A vida útil de um relé está basicamente determinada pela durabilidade dos contatos, e como o desgaste ocorre nos momentos em que ocorrem as comutações, esta característica é dada em termos de abertura e fechamento do relé em milhares ou mesmo milhões de vezes.Temos ainda como especificação importante a tensão máxima que os circuitos do contato podem admitir. Esta característica é importante levando-se em conta a possibilidade de ocorrer faiscamentos ou mesmo fugas entre os contatos dado o seu afastamento na posição em aberto, se a tensão máxima for superada.Valores típicos estão na faixa dos 150 aos 250V. Como a potência controlada no circuito de carga é dada pelo produto da corrente pela tensão, em alguns casos especifica-se a potência máxima também.
Existem casos em que não se recomenda que a corrente máxima especificada para os contatos seja aplicada também com a tensão máxima. Limita-se assim a potência.
Uma outra especificação importante em certas aplicações é o tempo que o relé demora para fechar seus contatos. Existe então um intervalo de tempo mínimo indicado pelo fabricante que decorre entre a aplicação da tensão na bobina e o pleno fechamento dos contatos. Este valor varia de tipo para tipo e é dado tipicamente em milisegundos (ms).Veja então que os dois tempos devem ser levados em conta quando se deseja que o relé opere em ciclos rápidos.

Do mesmo modo, existe um tempo determinado para o desaparecimento do campo magnético na bobina a partir do instante em que a corrente é interrompida. As linhas de forças do campo magnético se contraem em velocidade limitada pela indutância da bobina, e isso influi diretamente no tempo em que os contatos demoram para abrir. (figura 15)



Os fabricantes especificam também o tempo de abertura do relé em milisegundos.

Uma outra especificação importante em certas aplicações é o tempo que o relé demora para fechar seus contatos. Existe então um intervalo de tempo mínimo indicado pelo fabricante que decorre entre a aplicação da tensão na bobina e o pleno fechamento dos contatos. Este valor varia de tipo para tipo e é dado tipicamente em milisegundos (ms).Veja então que os dois tempos devem ser levados em conta quando se deseja que o relé opere em ciclos rápidos.

Estes tempos determinam a máxima freqüência que o relé pode responder. É claro que não se recomenda a utilização deste tipo de componente em aplicações que exijam a repetição de muitos ciclos de operação rapidamente, pois existe uma limitação para a vida útil dos contatos. Esta vida útil é indicada em termos de quantidade de operações, ficando tipicamente entre 250 mil e 30 milhões, conforme a corrente controlada. Finalmente devemos levar em conta a resistência dos contatos que pode ser expressa de diversas formas.Uma das maneiras consiste em se indicar a resistência de contato inicial, que é a resistência de um contato que ainda não comutou carga e, portanto, ainda não sofreu desgaste pelo faiscamento. Esta resistência é expressa em milésimos de ohm (mohms) situando-se tipicamente entre 10 e 100.Além destas especificações todas existem outras que eventualmente podem ser necessárias nas aplicações mais críticas. Dentre elas podemos citar o isolamento entre a bobina e os contatos, a capacitância entre os contatos quando eles estão abertos, já que nestas condições podemos considerá-los como as placas de um capacitor.Temos ainda o peso do componente, a vibração, a rigidez dielétrica entre bobina e contatos e entre os contatos etc.



5. COMO USAR UM RELÉ
Alguns pequenos cuidados no projeto de circuitos com relês podem ser importantes, tanto no sentido de se obter maior durabilidade para o componente, como de proteger os próprios componentes do circuito de acionamento. Analisemos os principais casos:


5.1 Proteção do circuito de acionamento
No momento em que um relé é desenergizado, as linhas de força do campo magnético da bobina, que se encontram em seu estado de expansão máxima, começam a se contrair. Nesta contração, as espiras da bobina do próprio relé são cortadas, havendo então a indução de uma tensão. Esta tensão tem polaridade oposta àquela que criou o campo e pode atingir valores muito altos.
O valor desta tensão depende da velocidade de contração do campo (di/dt) e da indutância da bobina (L). Se o componente que faz o acionamento do relé não estiver dimensionado para suportar esta tensão, se não houver uma proteção adequada, sua queima será inevitável. (figura 16)



Do mesmo modo, existe um tempo determinado para o desaparecimento do campo magnético na bobina a partir do instante em que a corrente é interrompida. As linhas de forças do campo magnético se contraem em velocidade limitada pela indutância da bobina, e isso influi diretamente no tempo em que os contatos demoram para abrir. (figura 15) Os fabricantes especificam também o tempo de abertura do relé em milisegundos.

Diversas são as técnicas empregadas para eliminar este problema, sendo a mais conhecida a que faz uso de um diodo, conforme mostra a figura 17.




O que ocorre neste caso é que o diodo está polarizado inversamente em relação a tensão que dispara o relé. Assim, quando ocorre a indução de uma alta tensão nos extremos da bobina no momento da interrupção da corrente, o diodo polarizado no sentido direto passa a ter uma baixa resistência absorvendo assim a energia que, de outra forma, poderia afetar o componente de disparo.
Outra técnica, menos comum dado o custo do componente, é a que faz uso de um varistor ligado em paralelo com a bobina do relé, conforme mostra a figura 18.

O varistor ou VDR é um componente, normalmente de óxido de zinco que apresenta uma característica não linear de corrente versus tensão, conforme mostra a curva da mesma figura. Quando a tensão supera certo valor a resistência do componente cai abruptamente.
Esta propriedade pode ser usada para absorver a corrente no instante em que o relé é desenergizado e que poderia causar problemas aos componentes de disparo.
A tensão do VDR ou Varistor deve ser escolhida de tal modo a ser maior que a tensão de disparo do relé, porém menor que a tensão máxima suportada pelo elemento usado no disparo.
A utilização de um capacitor + resistor em paralelo com a bobina é também um meio de proteção, mas que nem sempre é recomendado, dada a velocidade com que ocorre a comutação.


5.2 Proteção dos contatos
Além da observação das limitações de corrente e tensão que devem aparecer nos contatos de um relé, existem alguns cuidados adicionais que podem prolongar sua vida e, com isso, a vida do próprio relé.
Na comutação de cargas indutivas é conveniente agregar-se ao circuito elementos de proteção contra faiscamento.
Na figura 19 temos um diodo usado em paralelo com a carga indutiva de modo que seja evitado o aparecimento de altas tensões nos contatos na sua abertura.




Estas elevadas tensões poderiam causar faiscamento excessivo e com isso a queima dos contatos.
Outro recurso consiste no emprego do varistor e até mesmo de capacitores e resistores.
Os capacitores e resistores são indicados para os circuitos de corrente alternada, onde o diodo não pode ser empregado.
Na tabela abaixo temos algumas sugestões de circuitos para proteção dos contatos em cargas com tensões alternadas ou contínuas.

 

CIRCUITO APLICAÇÃO
CA       CC
TIPO DE CARGA OBSERVAÇÕES











Circuito RC

 

*

 

SIM
Se a carga for um relé ou solenóide o tempo de abertura aumenta.
Mais eficaz quando conectado entre ambos os contatos e a tensão da fonte for 24V ou 48V e a tensão da carga de 100 a 200V.

* Se este circuito for usado em tensão CA certifique-se que a impedância da carga seja menor que a impedância do circuito RC.
Os valores de R e C podem ser selecionados da seguinte forma:
R- 0,5 a 1W por 1V da tensão de contato.
C- 0,5 a 1mF por 1A da corrente que passa pelo contato.
Os valores acima podem variar dependendo das propriedades da carga e variações das características do relé.
O capacitor deve ter tensão de ruptura de 200V a 300V.
Para circuitos em CA os capacitores devem ser não-polarizados.

 

SIM

 

SIM

Diodo

 

NÃO

 

SIM
O diodo conectado em paralelo com a carga faz com que a energia acumulada na bobina flua em forma de corrente e a dissipe em forma de calor devido a resistência da carga indutiva.
Este circuito aumenta o tempo de desoperação se comparado com o RC.
Use um diodo com tensão reversa mínima de 10 vezes a tensão do circuito e com corrente direta maior que a corrente da carga. Em circuitos eletrônicos quando a tensão não é muito alta a tensão reversa do diodo pode ser de 2 a 3 vezes a tensão de alimentação.

Diodo e Diodo Zener

NÃO SIM É eficaz quando o tempo de não condução do diodo é muito longo. Use um diodo zener com tensão similar a da tensão da fonte.

Varistor

SIM SIM Usando a característica de tensão estável do componente, este circuito previne picos de tensão vindos da comutação dos contatos. Este circuito também aumenta o tempo de desoperação dos contatos. Mais eficaz quando conectado em ambos contatos e a tensão da fonte for 24V ou 48V e a tensão da carga de 100 a 200V.  

 



6. CIRCUITOS PRÁTICOS - DRIVERS
Chamamos de drivers os circuitos que permitem excitar relés a partir de correntes ou tensões fracas demais para fazerem isso diretamente. Estes circuitos podem ser usados para aumentar a sensibilidade de um relé, permitir a operação de relés de corrente contínua a partir de sinais alternantes, modificar o tempo de resposta, ou simplesmente responder a faixas determinadas de tensões.


6.1. Driver de 1 transistor
Este circuito permite a multiplicação por 100 da sensibilidade de um relé em termos de corrente (fig. 20).




O que temos é um seguidor de emissor, onde os valores dos resistores empregados dependem das características do relé e do transistor. Este circuito pode operar com relés tanto de 6 como de 12V para correntes de acionamento de até 100 mA. A resistência R2 deve ser 100 vezes a resistência da bobina do relé para um ganho de 50 vezes.

R1 funciona como limitador da corrente de entrada. A resistência da entrada deste circuito ficará multiplicada pelo ganho. Assim, se o relé tem uma resistência de 100 ohms em um acionamento com 6V, com este circuito, ele passará a representar uma resistência de 5 000 ohms.
Podemos usar qualquer transistor de silício de uso geral com o ganho superior a 50 e corrente de coletor máxima de 100 mA ou mais. Tipos recomendados são os BC547 e equivalentes.
Observe a utilização de um diodo de proteção em paralelo como relé. A capacidade de corrente do circuito controlado vai depender das características de contato do relé empregado.

6.2. Driver de 1 transistor PNP

As características do circuito dado a seguir são as mesmas do anterior, com a diferença que usamos um transistor PNP. Temos então uma mudança de todas as polaridades. (figura 21)
Como exemplos de transistores que podem ser usados nesta aplicação temos os seguintes: BC557, BC558, 8C559, BC177.




6.3. Driver para C.A.
Os dois circuitos anteriores podem ser usados para excitar relés a partir de sinais de correntes alternadas áudio ou RF) com a utilização de uma ponte de

diodos.
Esta ponte também permite que sinais de qualquer polaridade seja usados no disparo do relé. (figura 22)

 



O capacitor é usado no caso de sinais de áudio ou RF, enquanto que para simples disparo com inversão de polaridade ele pode ser eliminado.
O ganho também depende das características do transistor, podendo ser fixado tipicamente em 50 vezes através de R2. Podemos empregar este circuito com relés de 6 a 12V. Para tensões maiores, o transistor deve ser trocado por equivalente com tensão máxima entre coletor e emissor de pelo menos 50V.

 


6.4. Driver de alto ganho com 2 transistores NPN
O circuito apresentado a seguir tem uma sensibilidade maior ainda. Com ele podemos multiplicar por 500 a sensibilidade de um relé com tensões de trabalho de 6 a 12V ou mais. (figura 23).

Os valores dos componentes dependem das características do relé. Assim, o resistor R2 deve ser 100 vezes maior que a resistência do relé empregado, enquanto que R3 deve ter 100 vezes a resistência de R2.
Para um relé como o ML2RC1 de 65 ohms de bobina, R2 pode ser de 6k8, enquanto que R3 será de 680k.
Os transistores serão ambos 8C548 ou equivalentes, e o diodo de proteção pode ser o 1N4148 ou equivalente.
A corrente de acionamento do relé neste caso passará a ser de apenas 184 uA.

 

6.5. Driver de alto ganho com transistores PNP
O mesmo circuito anterior, na versão com transistores PNP, é mostrado na figura 24.



Os resistores são calculados de modo análogo ao caso anterior, e a sensibilidade será multiplicada por 500. Lembramos que para estes circuitos será interessante que a tensão de alimentação seja pelo menos 2V maior que a tensão de acionamento do relé, para compensar as quedas nos transistores.
A tensão de ativação dos relés nestas aplicações também fica reduzida sensivelmente: com 0,7.V aproximadamente conseguimos excitar o circuito.



6.6. Driver de alto ganho para CA
Para a ativação de um relé com ganho de sensibilidade da ordem de 500 vezes, mas com sinais alternantes ou sem polaridade definida (duas polaridades temos o circuito da fig.25

 



A ponte retificadora de entrada se encarrega de aplicar a polaridade certa nos transistores e, com isso, a ativação. Os valores dos resistores são calculados da mesma forma que nos circuitos 4 e 5, já que temos a mesma configuração básica.

O capacitor será necessário se o circuito tiver de ser acionado com sinais de áudio ou mesmo RF.
Lembramos que existe uma barreira de potencial da ordem de 0,7 V nos diodos de silício e da ordem de 0,2 V nos de germânio a ser vencida para haver a polarização dos diodos. Como temos dois diodos neste circuito, para os tipos de silício o sinal de ativação deve ter uma amplitude mínima da ordem de 1,4 V, e para os tipos de germânio u1-1ia amplitude mínima de 0,4 V. Para tensões maiores de alimentação os transistores devem ser trocados por tipos de maior VCE.
Lembramos também que neste circuito existe uma pequena queda de tensão no circuito de acionamento que deve ser compensada por maior alimentação em relação ao mínimo requerido para o disparo do relé.



6.7. Driver Darlington
A configuração mostrada na figura 26 utiliza dois transistores NPN de uso geral na configuração Darlington, com carga de coletor.

 



O ganho será dado aproximadamente pelo produto dos ganhos dos transistores, o que significa uma excelente sensibilidade.
Temos também como recurso importante para este circuito um ajuste de pré- polarização que leva o relé ao limiar do disparo, isso feito num potenciômetro de 1M.
Com isso, a sensibilidade obtida é enorme, devendo o circuito ser disparado com tensões contínuas.
Podemos empregar este circuito com relés de 6 ou 12V. Levando em conta a pequena queda de tensão que ocorre no transistor Q2 e no resistor R3 será conveniente que a tensão de alimentação seja 1 a 3V maior que a tensão necessária ao disparo do relé.
A resistência de entrada deste driver é da ordem de mega ohms, podendo o mesmo ser disparado com baixíssimas correntes. Uma ponte de diodos na entrada permite sua atuação com sinais alternantes ou sem polaridade definida. O capacitor C1 influi no
retardo ao disparo e também na filtragem de eventuais transientes que possam causar um disparo errático do relé.



6.8. Driver complementar 700mV x 50mA
O driver apresentado permite o disparo de um relé de 6 a 12V com uma corrente de apenas 50 uA e tensão de 700 mV. São usados dois transistores, um PNP e um NPN. O relé pode ser de qualquer tipo com corrente até 100 mA e tensão da mesma ordem do que a usada na alimentação. (figura 27)

 



O resistor R1 serve de limitador de corrente, e R2 determina a polarização em repouso de Q1. Com a condução de Q1, o transistor Q2 é polarizado na saturação, energizando assim a bobina do relé.
Para tensões maiores do que 15V alterações nos valores dos componentes devem ser feitas e Q2 trocado por um equivalente de maior VCE.
Uma ponte de diodos na entrada permite a ativação com sinais sem polaridade ou alternantes.


6.9. Driver complementar inverso
Na figura 28 temos o circuito equivalente ao anterior, mas com polaridade inversa.

 



As características obtidas são as mesmas, exceto pela polaridade do sinal de disparo. Enquanto o primeiro é disparado por uma tensão positiva de 700 mV este é disparado por tensões negativas.
As características obtidas são as mesmas, exceto pela polaridade do sinal de disparo. Enquanto o primeiro é disparado por uma tensão positiva de 700 mV este é disparado por tensões negativas.


6.10. Driver com operacional
Amplificadores operacionais como o 741 podem ser usados para excitar relés conforme o circuito mostrado na figura 29.

 



Para acionamento com sinais positivos damos o circuito da figura 30.




Neste circuito é feita a troca do transistor NPN por um PNP equivalente, e as relações entre os demais componentes são mantidas



6.11. Driver de potência
Este circuito, com um ganho de aproximadamente 40 vezes (corrente), permite o acionamento de relés com correntes de bobina de até 500 mA e tensões até 24V. (figura 31)




Com transistor PNP é mostrada na figura 32.



O transistor deverá ser montado em radiador de calor e o diodo é de uso geral como o 1N4148.
A tensão de disparo deve estar em torno de 0,7 V. O resistor de 470 ohms eventualmente deve ser aumentado em função da intensidade do sinal para limitação da corrente de base no transistor.



6.12. Driver com SCR
O circuito mostrado na figura 33 faz o disparo de um relé através de um SCR apresentando enorme sensibilidade. Os SCR da série 106 podem ser disparados com tensões entre 0,7 e 1V tipicamente e correntes da ordem de 200uA.

 



Deve ser observado que o SCR, após o disparo, não desliga, a não ser que a tensão entre seu ânodo e cátodo seja momentaneamente reduzida a zero. Isso pode ser conseguido com um interruptor de pressão ligado entre o ânodo e o cátodo ou então pela interrupção momentânea da corrente da fonte.

O SCR também provoca uma queda de tensão da ordem de 2V que deve ser compensada na fonte, para que o relé dispare convenientemente.
Podemos ativar relés de corrente de até mais de 1A com tensões até 48V. Para correntes acima de 500 mA será conveniente dotar o SCR de um radiador de calor.
O disparo é feito com pulsos de tensão positiva ou tensões contínuas positivas.



6.13. Driver biestável com SCR
O circuito apresentado na figura 34 é um biestável com SCR que dispara um relé.



Estando inicialmente SCR1 em condução e SCR2 em não condução, um pulso de entrada inverte esta situação, ativando o relé. Para desativá-lo bastará aplicar novo pulso.
O capacitor de 10uF de realimentação é obtido pela associação de dois eletrolíticos de 22uF em oposição. O resistor R deve ser dimensionado para que, na tensão de alimentação do circuito, tenhamos no disparo do SCR uma corrente maior que a de manutenção (Ih). Um valor típico para a corrente neste circuito é de 100mA.
Para relés que exijam correntes maiores, será conveniente dotar o SCR de um radiador de calor.