Escrito por: Newton C. Braga

Muitos projetos que descrevemos neste site e em nossos livros utilizam bobinas que não podem ser encontradas prontas no comércio especializado na maioria dos casos. Para conseguir montar com sucessos seus aparelhos, o montador precisa fabricar as bobinas e isso exige um certo conhecimento que passamos neste artigo.

Pequenos transmissores, receptores de rádio para diversas faixas, osciladores para frequências elevadas e filtros exigem a utilização de bobinas que podem ter as mais diversas características.

Nos circuitos ressonantes de receptores e transmissores, por exemplo, as bobinas são ligadas em paralelo com capacitores, conforme mostra a figura 1, e em geral não são críticas.

 

   Figura 1 – Circuitos ressonantes LC
Figura 1 – Circuitos ressonantes LC

 

Normalmente, pequenas diferenças de características em relação ao tipo original como, por exemplo, fios mais grossos ou mais finos, podem ser compensadas pelo ajuste do núcleo da própria bobina ou do capacitor.

Para determinar a espessura do fio de que dispomos, existe uma técnica simples que consiste em se enrolar algumas espiras num lápis e medir o comprimento da bobina, conforme mostra a figura 2.

 

   Figura 2 – Determinando a espessura de uma bobina
Figura 2 – Determinando a espessura de uma bobina

 

Veja no artigo M176 como calcular uma bobina.

O problema maior está na obtenção do fio esmaltado que normalmente é usado na confecção dessas bobinas.

Uma solução simples consiste na retirada do fio de velhos transformadores que tenham apresentado algum tipo de problema.

Só não podemos aproveitar os fios de transformadores que tenham queimado, pois passando por um superaquecimento, os fios perdem o isolamento e não podem ser mais usados.

Podemos facilmente perceber que o transformador está queimado pela cor enegrecida dos fio e pelo forte cheiro que apresentam.

Na figura 3 temos o modo de se desmontar um transformador para se ter acesso ao carretel onde está enrolado o fio esmaltado.

 

   Figura 3 – Desmontando um transformador
Figura 3 – Desmontando um transformador

 

Nestes transformadores normalmente temos dois enrolamentos, um com fio esmaltado muito fino (32 ou 34) que é o primário com maior número de espiras, e outro com fio grosso (18 a 28) que é o secundário de baixa tensão.

Para enrolar as bobinas em muitos aparelhos é exigida uma forma de plástico como as mostradas na figura 4.

 

   Figura 4 – Formas para bobinas ajustáveis
Figura 4 – Formas para bobinas ajustáveis

 

Estas formas possuem um pequeno núcleo de ferrite que pode ser ajustado para se modificar a indutância.

O ajuste sempre deve ser feito com uma ferramenta de plástico ou madeira, pois uma chave de fendas comum, por ser metálica influi no campo magnético.

Podemos conseguir formas para estas bobinas em rádios e televisores antigos fora de uso.

Normalmente, conforme mostra a figura 5, elas estão em pequenos invólucros de metal que servem de blindagem.

 

   Figura 5- Formas para bobinas com blindagem
Figura 5- Formas para bobinas com blindagem

 

Dependendo da montagem, a própria blindagem de metal pode ser recolocada.

Quando se trata de uma montagem de alta frequência em que poucas espiras de fio relativamente grosso são utilizadas, a bobina pode ser auto-sustentada, conforme mostra a figura 6.

 

   Figura 6 – A bobina auto-sustentada
Figura 6 – A bobina auto-sustentada

 

Para as bobinas deste tipo, devemos observar que existem duas maneiras de fazermos a separação entre as espiras.

Essas maneiras são mostradas na figura 7.

 

    Figura 7 – Enrolamento espaçado e cerrado
Figura 7 – Enrolamento espaçado e cerrado

 

Na primeira, as espiras estão espaçadas podendo este espaçamento variar entre a espessura de uma espessura até mais.

Na segunda, temos o enrolamento cerrado, em que as espiras encostam umas nas outras.

Em alguns casos, o comprimento da bobina é indicado de modo que ao enrolar, saberemos se as espiras ficam juntas ou espaçadas.

Uma outra forma de se fazer bobinas é a mostrada na figura 8 em que temos duas bobinas enlaçadas.

 

   Figura 8 – Bobinas enlaçadas
Figura 8 – Bobinas enlaçadas

 

Esta forma de enrolamento é na realidade a de um transformador de alta frequência, podendo ter ou não um núcleo de ferrite.

Também podemos ter casos em que a bobina tem uma tomada onde é feita a conexão de um fio, conforme mostra a figura 9.

 

   Figura 9 – Bobina com derivação
Figura 9 – Bobina com derivação

 

No ponto em que a derivação é feita o fio deve ser raspado, para que a solda possa pegar, conforme mostra a figura 10.

 

   Figura 10 – Fazendo a derivação
Figura 10 – Fazendo a derivação

 

Lembre-se que os fios esmaltados são isolados por uma fina capa de esmalte, daí seu nome.

Esta capa deve ser raspada no ponto em que deve ser feita a soldagem da extremidade da bobina, conforme mostra a figura 11.

 

   Figura 11 – Raspe as pontas dos fios dos enrolamentos para fazer a soldagem
Figura 11 – Raspe as pontas dos fios dos enrolamentos para fazer a soldagem

 

Esta soldagem deve ser feita com muito cuidado no caso de fios finos para que eles não se rompam.

Para o caso das bobinas enroladas em bastões de ferrite, como a mostrada na figura 12, podemos usar fita isolante ou adesiva para prender as extremidades dos fios.

 

   Figura 12 – Prendendo as extremidades dos fios
Figura 12 – Prendendo as extremidades dos fios

 

Se o fio for muito fino, é conveniente utilizar um fio mais grosso como conexão, prendendo com fita isolante, conforme mostra a figura 13.

 

   Figura 13 – Prendendo fios muito finos
Figura 13 – Prendendo fios muito finos

 

Enfim, existem muitas formas do leitor fabricar as bobinas para seus projetos.

Além disso, em sucatas podem ser encontrados muitos outros componentes, além dos transformadores que são fontes de fios esmaltados para seus projetos, como motores, campainhas, reatores de lâmpadas fluorescentes, relés, solenóides e muito mais.