Escrito por: Newton C. Braga

No artigo anterior desta série abordamos alguns ternos utilizados na representação de formas de onda, com especial atenção para o significado do termo "glitch". Vimos na ocasião que certos termos indicam fenômenos específicos e que são produto de criação de pessoal especializado que foge do uso comum ue encontramos no inglês tradicional. Neste artigo vamos continuar analisando alguns desses termos, em especial o significado de "jitter".

Na edição passada falamos de glitch, mostrando que este termo foi criado em 1962 para designar uma pequena oscilação ou disfunção que ocorre num circuito ou quando um sinal começa a fazer uma transição de um nível lógico para outro, conforme mostra a figura 1.

 

Figura 1
Figura 1

 

Um outro termo que tem certa semelhança com "glitch" e que às vezes pode até ser confundido é "jitter".

 

O termo jitter é definido pelos dicionários de língua inglesa como:

"A state of nervous restlessness or agitation. Used in plural: fidget (often used in plural), shiver (usado no plural), tremble (often used in plural)"

 

O Collins Cobuild English Language Dictionary define "jitters" como"

 

"fellings of extreme nervousness that you get just before you have to do something important or when you are expecting important news".

 

Em outras palavras, sem precisarmos traduzir ao pré da letra as duas definições, podemos dizer que "jitter" é uma tremulação "nervosa" que ocorre pouco antes de acontecer algo importante.

 

Levando isso para eletrônica, podemos dizer que se trata da pequena tremulação que ocorre antes de se iniciar um processo de comutação. No caso de uma forma de onda, por exemplo, quando um sinal passa do nível baixo para o nível alto, antes do processo realmente começar, uma pequena "tremulação" indica que algo está acontecendo,conforme mostra a figura 2. Isso é o "jitter".

 

Figura 2
Figura 2

 

Para o caso de sinais digitais, como seu nome sugere, o jitter" pode ser definido como pulsos que "chacoalham" o sistema, ou usando o próprio termo inglês "shake" (agitam, chacoalham) o sistema.

 

Uma definição mais técnica, para o caso de sinais, tomada em inglês para "jitter" é a seguinte:

 

"jitter is the period frequency displacement of the signal from its ideal location" ou, traduzindo:

 

"Jitter é o deslocamento do período de freqüência do sinal de sua localização ideal".

 

Tecnicamente, causas do jitter são a Interferência Eletromagnética (EMI) e o "cross-talk" com outros sinais.

 

Este é justamente um outro termo que pode ser definido como:

 

"Undesired signals or sounds, as of voices, in a telephone or other communications device as a result of coupling between transmission circuits."

 

ou

 

"Sinais ou sons indesejáveis, como vozes, num telefone ou outro dispositivo de comunicações como resultado do acoplamento entre os circuitos de transmissão".

 

Linha cruzada seria um termo apropriado para nosso uso.

 

No entanto, este termo técnico também é usado de uma forma um pouco diferente também em informática e mesmo eletrônica. O trecho abaixo mostra esses usos para "jitter".

 

"Jitter can cause a display monitor to flicker, affect the ability of a processor in a personal computer to perform as intended, introduce clicks or other undesired effects in audio signals and loss of transmitted data between network devices"

 

"O 'jitter' faz a tela de um monitor tremular, afeta a capacidade de um processador num computador pessoal de operar da forma esperada, introduz clicks ou outros efeitos indesejáveis em sinais de áudio e causa perdas de dados transmitidos entre dispositivos de uma rede"

 

O Jitter como erro de base de tempo

Analisando tecnicamente o jitter podemos dizer que ele é causado quando os intervalos de tempo nos percursos no próprio circuito mudam de componente para componente.

Uma causa para o aparecimento do "jitter" em circuitos ocorre quando PLLs (Phase Locked Loops) são projetados inadequadamente .

Outra causa é a distorção que causa deformações nas formas de onda que ocorrem devido principalmente a descasamentos de impedância e reflexões no percurso dos sinais.

Na figura 3 temos um exemplo de deformações que caracterizam a presença de "jitter" num sinal.

 

Figura 3
Figura 3

 

Na parte superior temos o sinal digital transmitido e embaixo o sinal deformado.