Escrito por: Newton C. Braga

Depois da Internet das coisas (IoT) e da Internet do Espaço (IoS), estamos agora nos aproximando da IoP ou Internet of People (Internet das Pessoas) com a integração de chips em pessoas, fazendo conexão com outros chips e com a internet. Mais do que isso, podemos pensar em internet dos viventes ou seres vivos, que poderíamos chamar de IoB (Internet of Beings), também muito próxima. Veja neste artigo o que nos oferecerá mais um passo dessa revolução tecnológica.

Em outros artigos deste site, tratando de novas tecnologias (NT) e de internet das coisas (IoT) já tratamos das inovações que estão levando o acesso a internet não apenas aos objetos (IoT) e ao espaço (IoS), numa escala macro, como também numa escala micro, entrando no nosso corpo e atingido também dispositivos quânticos como de envio de mensagens criptografadas e eventualmente até numa velocidade maior do que a da luz.

Mas, o que nos chama a atenção é que em artigo antigo já mostrávamos que a tecnologia tendia a um avanço em todas as direções, do macro ao micro, indo do espaço ao interior de nosso corpo, com uma interação cada vez maior que o ser vivo, principalmente o ser humano.

Em nossas palestras exploramos por diversas vezes este tema, falando numa possível integração no futuro entre o ser humano (de carbono) com o ser de silício, no que já há muitos anos se cunha de “vida artificial”.

Já se noticiou recentemente que os médicos já estão pensando em breve no primeiro transplante de cabeça (humana) para os próximos decênios, mas as implicações éticas de tal procedimento ainda devem embaraçar muito sua execução prática.

O importante é que cada vez mais o silício na forma de chips e outros dispositivos eletrônicos estarão presentes em nosso corpo.

Em evidentemente, muitos desses chips terão recursos de comunicação sem fio (wireless) tanto com outros dispositivos como servidores que levarão as informações à internet.

Partindo das aplicações mais simples, que envolveriam a internet dos seres vivos ou IoB, podemos pensar em recursos práticos já envolvendo animais domésticos, e muito mais do a simples etiqueta de identificação RFID que já aplica em cães, gatos, gado, etc.

Uma ideia em estudo é o estímulo de certas regiões do cérebro de animais que poderiam levar a comportamentos controlados, o que pode ser altamente desejado no caso de animais agressivos, por exemplo.

Uma ideia é a implantação de um chip com comunicação pela internet no cérebro de um cãozinho, justamente na área que inibe seu latido.

Se o cãozinho começar a incomodar com latidos constantes à noite, basta pegar o celular, acessar o aplicativo e com um toque emitir o sinal que inibe os latidos. Bastante útil para quem tem vizinhança com cães barulhentos...

Mas, entrando agora organismo humano, temos muitas aplicações possíveis começando com coisas simples, como a eliminação de vícios até algumas que já começam a tomar forma prática como a liberação de medicamentos ou monitoria de nosso estado.

No futuro, ao fazer seu plano de saúde, você vai receber uma “injeção” em que um nano robô dotado de sensores e comunicação wireless com seu celular ou com o servidor mais próximos monitorarão sua saúde.

Navegando pela sua corrente sanguínea como no filme “Viagem Fantástica” ele estará medindo constantemente sua glicemia, colesterol, temperatura e pressão além de detectar eventuais obstruções que possam lhe ameaçar com um infarto.

 

Cartaz do filme “Viagem fantástica” baseado em conto de Isaac Asimov
Cartaz do filme “Viagem fantástica” baseado em conto de Isaac Asimov

 

Em caso de qualquer anormalidade ele enviará um alerta para seu celular ou rede que repassará para um centro de atendimento.

 

Nanorrobô manuseando células do seu sangue – Imagem Yale Scientific
Nanorrobô manuseando células do seu sangue – Imagem Yale Scientific

 

Até imaginamos uma cena “do futuro” em que você está andando tranquilamente pela rua, quando seu nano robô detectará que você esta prestes a ter um infarto. Uma placa de gordura no seu sistema circulatório está prestes a se desprender causando uma obstrução.

Imediatamente, ele entra em contato com o centro de atendimento enviando o alerta e dando sua localização pelo GPS.

O centro de atendimento convoca seu médico e despacha uma ambulância para onde você está.

E, você caminhando tranquilamente leva aquele assusto! Para uma ambulância com a sirene ligada ao seu lado; descem dois enfermeiros “parrudos”, lhe agarram, jogam você numa maca e o levam...

Você só tem tempo de perguntar o que está acontecendo e eles lhe informam:

- Você vai ter um enfarto em meia hora. Teu médico já está lhe esperando no hospital para o pronto atendimento...

Outras aplicações que já estão estudo, mostram que nesta fase da tecnologia, a eletrônica (silício) está entrando no nosso corpo para nos auxiliar. Na próxima fase talvez para substituir nossos órgãos.

Uma outra aplicação em estudo é na correção do mal de Parkinson. Estudos já revelaram que estímulos em certas partes do cérebro podem inibir os tremores. Chips implantados nesses locais corrigiriam o problema, exatamente como a inibição do latido de que já falamos.

Futuro? Não. A cada dia que passa as novidades da IoT, agora passando para a IoP e IoB se tornam parte da nossa vida.

O celular já se tornou parte de nós, mas por enquanto está fora de nosso corpo. Até quando não sabemos, mas certamente um dia ele estará dentro de nós.

O futuro é linkar nosso corpo e nosso cérebro com o mundo. Logo estaremos passando de uma nova fase da humanidade em que pouco restará de nós como indivíduos, pois faremos parte de uma unidade universal, uma mente única “nas nuvens”. Será bom isso? Não sabemos, mas as implicações éticas são enormes. É hora de começar a pensar nisso.