Por que os dados gravados em disquetes não podem ser considerados permanentes e os gravados nos CDs podem? Qual a diferença entre os métodos usados na gravação de dados nestes dois meios? Os técnicos e usuários de computadores devem entender muito bem a forma como os dados são gravados nestes dois meios para poder informar seus clientes sobre as diferenças, fundamentais para se garantir a integridade de dados por longos períodos. Veja neste artigo de que forma operam os dois meios.

  

Este artigo é de 1997 quando os CDs começaram a substituir os disquetes com principal mídia para armazenamento de informações. O artigo mostra o princípio de funcionamento dos dois.

 

Muitos usuários de computadores e mesmo técnicos fazem certa confusão em relação à durabilidade dos dados gravados em CDs e os gravados nos disquetes, por não conhecerem muito bem os seus princípios de funcionamento.

Os disquetes gravam as informações segundo um princípio completamente diferente do usado pelos CDs (CD-ROM) e essa diferença influi decisivamente na durabilidade dos dados armazenados nesses dois meios.

Para que o leitor tenha uma idéia da diferença entre a durabilidade dos dados nos dois meios será importante conhecer seus princípios de funcionamento.

 

Os disquetes

Os disquetes usam meios magnéticos para a gravação dos dados. Num disco de material plástico flexível são depositadas substâncias com propriedades magnéticas de natureza semelhante à que encontramos nas fitas cassete de gravadores de som e nas fitas de vídeo.

O material magnético consiste num finíssimo pó de material ferroso que pode ser magnetizado em regiões extremamente pequenas conforme mostra a figura 1.

 

Pequenos ímas elementares registram a informação pela sua posição.
Pequenos ímas elementares registram a informação pela sua posição.

 

Assim, cada bit que gravamos num disquete vai gerar uma pequeníssima região que produz um campo magnético. Cada bit é então representado por um imã microscópico ou elementar que têm determinada orientação. A orientação não depende somente do bit, se é zero ou um, mas também do processo usado na codificação do dados que pode variar bastante.

Quando o disquete gira diante da cabeça de leitura, a passagem da pequena região magnetizada que corresponde ao bit gera um impulso elétrico de determinada polaridade e que pode ser reconhecido pelos circuitos, conforme mostra a figura 2.

 

Como os campos são
Como os campos são "sentidos" pela cabeça de leitura.

 

 Em princípio, a retenção da região magnetizada no material e, portanto o bit gravado poderia ser considerado permanente se não fossem alguns fatores externos que alteram seu comportamento.

Da mesma forma que uma fita de áudio ou vídeo perde o conteúdo gravado com o tempo, o que pode ser constatado pela variação da qualidade de som das fitas mais antigas e das próprias imagens nas vistas de vídeo, os disquetes também podem ter as regiões magnetizadas alteradas a ponto da informação ser perdida.

As regiões magnetizadas podem ter a intensidade do campo gradualmente reduzida ou ainda alterada de modo a modificar o sinal que vai ser obtido quando ela passar diante da cabeça de leitura.

No caso de uma fita cassete a perda da magnetização se traduz normalmente numa mudança da qualidade de som, mas no caso de um disquete a perda da magnetização pode significar a perda de um bit e com isso uma alteração total de um arquivo. O problema pode chegar a ponto de comprometer o funcionamento de um programa ou ainda um arquivo que não mais pode ser lido.

Diversos são os motivos pelos quais a região magnetizada pode perder suas propriedades.

Uma delas é a própria agitação térmica das partículas que formam o material magnético que, com o tempo, perdem sua orientação original. Outra e a própria incidência de campos externos que atuam sobre os imãs elementares ou pequenas partículas mudando seu magnetismo e, portanto alterando as informações que eles contém.

O campo magnético da terra, de instalações elétricas e as próprias partículas radioativas que estão constantemente incidindo na terra podem afetar o conteúdo de disquetes. Os disquetes não são blindados e isso significa que campos externos podem influir no seu meio magnético, conforme mostra a figura 3.

 

Influências externas sobre um disquete.
Influências externas sobre um disquete.

 

 Tudo isso significa que durabilidade média para os dados contidos num disquete está em torno de 5 anos. A partir disso a confiabilidade desses dados estará definitivamente comprometida.

 

Os CDs-ROM

Para os CDs temos um princípio de funcionamento completamente diferente. Os CDs não utilizam meios magnéticos para reter a informação mas sim meios ópticos.

Numa superfície metálica polida são gravados pequenos ressaltos e buraquinhos denominados "pits". Estes pits correspondem aos bits de informação e são extremamente pequenos, na verdade bem menores que os imãs elementares usados nos disquetes. Na figura 4 mostramos como a informação é gravada e lida num CD-ROM.

 

A gravação num CD.
A gravação num CD.

 

 Como a densidade dos pits é muito maior do que a dos imãs elementares usados nos disquetes, podemos gravar muito mais informações num CD do que num disquete. Para que o leitor tenha uma idéia, sem levar em consideração os tamanhos, enquanto que num disquete gravamos algo em torno de 1,4 Megabytes de informação, num simples CD comum cabem em torno 550 Megabytes.

Para ler estas informações é empregado um engenhoso sistema óptico que envolve um emissor de raios LASER, um conjunto de lentes e um foto-sensor, normalmente um foto-diodo.

O LASER emite então sua luz de forma precisa de modo que ela ilumine os pits. Onde há um pit temos um sinal de retorno que é focalizado pela lente de modo a incidir no foto-sensor. O foto-sensor produz então o sinal elétrico que informa ao circuito que o bit correspondente foi lido.

Como o leitor pode perceber, o fato dos pits serem físicos, ou seja, ressaltos e cavidades do metal, eles não podem ser facilmente alterados por influências externas.

Assim, diferentemente do que ocorre com os disquetes, o tempo, campos magnéticos ou mesmo radiação natural não afeta os dados contidos nos CDs, que podem então ser considerados praticamente eternos.

A possibilidade de se fazer a gravação de CDs a partir de um computador comum, já difundida nos países mais avançados, mas ainda um pouco cara para nós, vai consistir na solução ideal para quem deseja eternizar informações, o que não ocorre hoje nos dados em disquetes.

Se o leitor possui dados e deseja que se tornem realmente permanentes existe uma solução interessante que deve ser pensada: algumas empresas já fazem a gravação de dados em CDs. Se você os têm em quantidade suficiente, vale à pena o investimento. Os dados gravados em CDs, diferentemente dos dados gravados em disquetes podem ser considerados permanentes e isso pode ser muito importante para você.