Escrito por: Newton C. Braga

Recebemos de nosso colaborador Yoji Konda este interessante artigo em que ele comenta um projeto que publicamos em nosso site mostrando um antigo receptor valvulado portátil para 50 MHz da década de 40.

Receptor Portátil Valvulado para 50 MHz (V701) – Yoji Konda

 

Encontrei alguns detalhes interessantes:

O circuito é na realidade um transceptor de rádio de 50MHz

Na posição transmissão, o microfone de carvão (carbon Mike) é colocado em série com um dos enrolamentos do transformador T1 e a outra ponta ligado junto ao filamento da válvula3A5 que está ligada à bateria de 1,5V.

Isso induz o sinal de voz a T1 que está ligado à grade da válvula de saída, que na posição transmissão funciona como modulador.

A válvula 3A5 tem filamento de 1,5V+1,5V. Se ligado através dos pinos 1 e7 a tensão necessária será de 3V, porém se unir os terminais 1 e 7

e ligar o terminal 4 ao terra, os filamentos funcionarão com bateria de 1,5V.

A saída de áudio é ligada a um Crystal Receptacle  (Fone de Ouvido de Cristal). O potenciômetro de 50K é um controle de super-regeneração na recepção.

 

 

Figura 1 – O transceptor
Figura 1 – O transceptor

 

 

É muito interessante conhecer a criatividade do passado.

O microfone de carvão na transmissão me fez lembrar de um outro famoso

transmissor de aviação da Segunda Guerra: o ART-13 da Collins que tinha 2 válvulas tríodo 811 em sua saída.

Essas válvulas tinham uma forte polarização negativa em suas grades, fazendo com que a corrente de placa sem sinal fosse zero, permitindo que o manipulador telegráfico ficasse na válvula excitadora, com segurança, sem alta tensão e faiscamento no manipulador.

A maioria das transmissões do ART-13 eram telegráficas, mas alguns casos necessitavam de modulação por voz. A modulação por placa era inviável, pois a potência de saída em RF era aprox. 100W, mas a potência de entrada das placas era de quase 200W.

O modulador teria que ter 100W e ficaria mais pesado que a parte de RF do ART-13, pois enquanto na parte de RF usavam bobinas leves, na parte de modulação de áudio, de baixa frequência, teria que usar componentes mais pesados, como transformadores de núcleos de aço silício e enrolamentos de cobre e isso não era compatível com baixo peso necessário aos equipamentos de aviação.

Também não era possível fazer a modulação em Screen (grade), mais leve e econômica, pois as válvulas 811 não tinham Screen

 

Qual foi a solução?

No laboratório da Collins, um dos engenheiros teve a ideia de colocar em paralelo com os terminas do manipulador um microfone de carvão (*).

O microfone de carvão ficava em série com o catodo da válvula excitadora que tinham uma circulação de corrente ideal para atuar o microfone.

 

 

Figura 2 – Um microfone de carvão
Figura 2 – Um microfone de carvão | Clique na imagem para ampliar |

 

 

(*) ART2882 – Como funciona o microfone

https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/projetos/12727-como-funciona-o-microfone-art2882.html?highlight=WyJhcnQyODgyIl0=

 

Tive no passado a oportunidade de ver em funcionamento uma ART-13 funcionando como Radio Farol no Aeroporto de Lins que transmitia em 405KHz, em transmissão tipo telegrafia modulada.

Ouvia as transmissões tanto de voz como telegráfica em um receptor BC-348 (*) de uma companhia de aviação. Esse receptor não tinha alto-falante devido ao ruído dos motores do avião. Usava fones de ouvidos.

 

  

(*) Meu rádio BC348. Tenho também um BC-348 obtido de avião C-47 de transporte da segunda guerra. Meu rádio ainda funciona e fiz um vídeo mostrando justamente a sintonia do sinal de Radio Farol do Aeroporto de São Paulo – Guarulhos em 410 kHz (NDB) – Veja no link: https://www.youtube.com/watch?v=xJT6JRj-nI4