Escrito por: Newton C. Braga

Este é um dos muitos artigos que escrevemos sobre este tema. Este artigo saiu numa publicação nossa dos anos 80, mas ainda é atual, pois as técnicas utilizadas podem ser aplicadas em montagens experimentais e em protótipos quando já temos certeza do funcionamento de um circuito experimentado numa matriz de contato ou temos um desenho pronto.

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É claro que as técnicas não se aplicam em muitas montagens modernas que usam SMD para as quais existem alternativas. Também existem técnicas mais práticas que fazem uso do computador e técnicas de impressão usando a impressora.

 

O laboratório de circuito impresso

Para que o técnico possa realizar suas próprias montagens em placa de circuito impresso deve ter os recursos para a confecção destas placas. Para esta finalidade existe um equipamento básico que permite pelo método mais simples que placas de circuito impresso sejam feitas.

Existem é claro, kits e outros processos além do que indicamos cabendo ao leitor interessado verificar se estes são de seu agrado, ou servem para a sua finalidade.

As placas são corroídas por uma substância especial num banho após a gravação das linhas que devem se formar.

O conjunto básico é formado então do seguinte material:

- banheira de plástico de dimensões compatíveis com as placas (o tamanho de 25 x 15 x 5 cm serve para a maioria dos casos)

- 1 litro de percloreto

- 1 caneta especial para circuito impresso ou esmalte comum de unhas e pincel

- 1 vidro de 100 ml de verniz protetor

Placas de circuito impresso virgens.

 

Nota: hoje existem kits com o material necessário à confecção de placas e métodos que incluem o uso da impressora.

 

O procedimento para a realização de uma placa de circuito impresso é o seguinte:

Em primeiro lugar desenhe na parte cobreada da placa de circuito impresso virgem as linhas que devem corresponder aos fios de ligação segundo o modelo fornecido pelo projeto ou então feito segundo planejamento anterior.

O planejamento envolve um estudo da disposição dos componentes em função de Seu tamanho, de sua função e de sua operação.

O desenho deve ser feito utilizando-se uma caneta especial para circuito impresso que leve uma tinta que não é atacada pela substância corrosiva do banho.

Estas canetas podem ser encontradas em certas casas de materiais eletrônicos, mas na sua falta o leitor tem outras alternativas. Uma delas consiste em usar esmalte comum de unhas diluído em acetona e com a ajuda de um pincel fino fazer as linhas, conforme sugere a figura 1.

 

Figura 1
Figura 1

 

 

Outra possibilidade consiste utilizar símbolos autoadesivos (Letraset, Decadry, etc.) que podem ser comprados em papelarias em forma de cartelas. Estes símbolos são facilmente transferidos através da pressão de uma caneta e não são atacados pelo corrosivo.

Temos finalmente a possibilidade de fazer as linhas com tiras de fita isolante recortada de modo a corresponder ao desenho a qual também não desprende pela ação do corrosivo.

Uma vez com a placa desenhada ela deve ser levada ao banho de corrosivo.

O corrosivo é o percloreto de ferro que pode ser adquirido nas casas de material eletrônico ou produtos químicos já diluído em água ou então em pó.

Se o percloreto for diluído, basta levá-lo diretamente a banheira, despejando-o até enchê-la com uma altura de uns 2 cm.

Se o percloreto for um pó você deve diluí-lo em água morna na proporção de 1 para 1, ou seja, um litro de água para cada quilo de pó.

A diluição deve ser feita vagarosamente despejando-se o pó na água (e nunca ao contrário) num recipiente que suporte altas temperaturas, mas que não seja metálico. (vidro, por exemplo). Este procedimento é necessário em vista de haver um grande aquecimento da mistura no momento da diluição.

Com o percloreto diluído você pode levá-lo, depois de esfriar a banheira.

Coloque a placa no banho de modo que o lado cobreado fique para baixo e seja totalmente molhado pela solução. O banho leva de 20 minutos à 40 minutos dependendo da concentração da solução.

Depois de terminado o banho retire a placa e guarde a solução para fazer outras corrosões. Com um litro de solução você pode fazer muitas placas antes dela perder sua força. A perda da força será caracterizada por uma redução na velocidade de corrosão.

Para ver se a placa está realmente pronta, vire-a de modo a observar o lado cobreado. O cobre deve estar totalmente removido nos locais exposto a ação do corrosivo. Se ainda restarem pontos ou regiões cobreadas visíveis leve de volta a solução a placa deixando-a mais alguns minutos.

Se a placa estiver pronta, leva-a a água corrente e leve todo o corrosivo que ainda restar. Não deixe o corrosivo cair em tecidos ou móveis pois ele é causa manchas que praticamente não podem ser eliminadas.

Com a placa lavada remova as linhas desenhadas utilizando para esta finalidade um algodão molhado em acetona para o caso da caneta especial, esmalte ou símbolos adesivos. Para o caso da fita isolante remova-a com uma faca ou lâmina.

Removido o desenho passe nas linhas cobreadas uma esponja de aço para limpá-las completamente e aproveite para ver se não ficou nenhuma falha ou interrupção.

Proteja em seguida toda a placa do lado cobreado com uma camada de verniz.

Depois de deixar secar o verniz, faça a furação nos locais correspondentes para a colocação dos componentes (figura 2).

 

Figura 2
Figura 2

 

 

No caso de acontecerem interrupções na placa de circuito impresso o leitor não precisa necessariamente fazer outra. Pode fazer uma emenda com um pouco de solda se bem que na aparência o trabalho não seja dos melhores.

Para a realização de muitas placas de circuito impresso existe um método importante que é a tela de silkscreen - Existem kits para a confecção de telas que nada mais são do que matrizes dos desenhos das placas que permitem a transferência rápida para as placas virgens das linhas. Este método em especial é usado na fabricação em pequena e média escala de placas de circuito impresso sendo usado por diversas firmas.

O técnico reparador de rádios dificilmente terá de fazer uma placa de circuito impresso, pois esta é necessária apenas para o caso de montagens. Interrupções na placa de um rádio podem ser corrigidas com emendas de solda, e no caso de um quebra total, geralmente o rádio fica totalmente inutilizado.

Como elementos adicionais para o laboratório de circuito impresso, citamos o “pratex” (iodeto de prata) que permite um melhor acabamento para as mesmas, e os vernizes coloridos que também ajudam na aparência final.

Observamos que em alguns casos existem rádios com as duas faces da placa de circuito impresso cobreadas, mas estes são mais raros.

 

Mais Informações

Como Fazer Placas de Circuito Impresso Usando Decalques (ART1713)

 

Como Fazer Placas de Circuito Impresso (ART2611)

Como Confeccionar Placas de Fiação Impressa (COL052)