Escrito por: Newton C. Braga

Descrevemos a montagem de um pequeno transmissor que é ligado num violão ou guitarra enviando os sinais para um aparelho de som a uma distância de até 20 m. Esse aparelho de som poderá ser usado então como uma caixa amplificada sem fio. O circuito funciona com pilhas comuns e é simples de montar.

 

Você liga este pequeno transmissor de FM na saída do captador de som de sua guitarra, violão ou outro instrumento  e pronto: o som pode ser transferido para um amplificador sem fio, colocado nas proximidades.  Além da mobilidade que isso significa, temos menos possibilidades da ocorrência da captação de zumbidos ou ruídos.
Quanto ao transmissor, ensinamos a montar neste artigo, e o receptor pode ser qualquer rádio de FM ligado ao amplificador usado, ou então pode ser seu próprio equipamento de som, colocado em freqüência livre da faixa de FM. O transmissor deve montado numa pequena caixinha que será presa à cintura do músico e sua antena é um pedaço de uns 10 cm de fio, o que dá um alcance da ordem de 20 metros para o sistema.

Como Funciona
O circuito é formado por duas etapas. A primeira faz uso de um transistor BF494 ou equivalente para gerar um sinal de alta freqüência na faixa de FM. A freqüência desse sinal é determinada pelas características da bobina e pelo ajuste do trimmer. Esse é o ponto mais crítico do circuito, pois nele também ligamos a antena. Se a antena for ligada diretamente ao coletor do transistor, o circuito se torna instável e qualquer movimento pode tirá-lo de sintonia fazendo o sinal escapar.

Uma forma melhor de se obter estabilidade consiste em “casar” a impedância do circuito com a antena e isso é conseguido ligando-a numa tomada da bobina. O leitor, depois de montar seu transmissor deve fazer experiências no sentido de encontrar a melhor posição na bobina que resulte num funcionamento estável, mas em geral, entre a primeira e segunda espira já se tem um bom desempenho. A segunda etapa do circuito consiste num pré-amplificador de áudio com entrada de baixa impedância. Esse circuito casa a baixa impedância da maioria dos tipos de captadores (de bobina) usados em instrumentos musicais com as características do transmissor. Ele amplifica o sinal do captador e os aplica ao oscilador de modo que possam ser transmitidos. Damos também a possibilidade de se usar um captador de alta impedância, caso em que ele será ligado na segunda entrada do circuito. Esse é o caso dos chamados “cristais” que possuem um sinal mais intenso.
Para esses captadores, eventualmente o resistor de 1 M ohms deve ser alterado até se obter som sem distorção, e o capacitor de 10 uF (C2) deve ser retirado do circuito. O leitor deve experimentar as duas possibilidade para saber qual é o tipo de captador que seu instrumento usa. A alimentação vem de 4 pilhas pequenas que terão boa durabilidade pois o consumo do transmissor é bastante reduzido.



MONTAGEM
Na figura 1 temos o diagrama completo da guitarra sem fio que usa dois transistores.

Figura 1 – Diagrama completo do transmissor para guitarra.

 

Atenção: O capacitor C6 no diagrama é na realidade de 4,7 pF e não nF!Use tipo cerâmico.


A placa de circuito impresso para a montagem do transmissor é mostrada na figura 2.


Figura 2 – Placa de circuito impresso para a montagem.


A bobina L1 consiste em 2 + 2 espiras de fio esmaltado de espessura entre 22 e 28 AWG, enroladas num lápis como referência (aproximadamente 1 cm de diâmetro). O trimmer CV pode ser de qualquer valor entre 20 e 50 pF de capacitância máxima. Ele deve ser ajustado para que o sinal do transmissor seja captado numa freqüência livre da faixa de FM. A antena não deve ficar encostando em nada. Essa antena é ligada a primeira ou segunda espira da bobina L1. Raspe o fio esmaltado no local em que ela vai ser soldada.
Em alguns casos a antena pode ter apenas 4 ou 5 cm de comprimento, se a caixa do aparelho for plástica e o receptor não ficar a mais do que uns 5 metros do músico.

Os resistores são todos de 1/8W e os capacitores devem ser dos tipos indicados na relação de material. Não use tipos de poliéster onde são recomendados capacitores cerâmicos. O jaque J1 de entrada deve ser de tipo apropriado para o plugue do captador do instrumento usado.
Para alimentação temos duas opções: usar 4 pilhas pequenas com maior autonomia e menor alcance ou usar uma bateria de 9 V com menor autonomia mas maior alcance.



Ajuste e Uso
O único ajuste a ser feito no funcionamento é colocar o receptor em freqüência livre da faixa de FM e atuar sobre CV para que o melhor sinal do transmissor seja captado. Experimente afastar-se do transmissor para ver até onde o sinal pode ser captado. Se o sinal sumir logo (uns 2 ou 3 metros) é porque você sintonizou um “espúrio” ou harmônica. Refaça a sintonia do transmissor atuando sobre CV e procurando nova freqüência. Se ocorrerem instabilidade ao se movimentar o transmissor reduza o comprimento da antena ou então altere o seu ponto de soldagem na bobina L1. Depois experimenta o captador de sua guitarra conforme a configuração (alta ou baixa impedância), fazendo modificações no circuito, se necessário.

Para usar, basta ligar o plugue do captador da guitarra na entrada correspondente e sintonizar o receptor na freqüência desejada.
Existem duas formas de usar o aparelho: com um aparelho de som que já tenha receptor de FM ou então com um radinho de FM cuja saída de fones seja ligada à entrada do amplificador, conforme mostra a figura 3.

Figura 3 – Recebendo os sinais do transmissor para guitarra ou guitarra sem fio.

O circuito não admite a operação de duas unidades ao mesmo tempo no mesmo local, sintonizadas na mesma freqüência.

 



LISTA DE MATERIAL
Semicondutores:
Q1 - BC549 ou equivalente - transistor NPN de baixo ruído
Q2 - BF494 ou BF495 - transistor NPN de RF

Resistores: (1/8W, 5%)
R1 - 1 M ohms - marrom, preto, verde
R2 - 10 k ohms – marrom, preto, laranja
R3 – 470 ohms - amarelo, violeta, marrom
R4 – 8,2 k ohms – cinza, vermelho, vermelho
R5 – 4,7 k ohms – amarelo, violeta, vermelho
R6 - 120 ohms - marrom, vermelho, marrom


Capacitores:
C1 – 470 nF – cerâmico ou poliéster
C2, C3 - 10 uF/12V – eletrolíticos
C4 – 220 nF – cerâmico ou poliéster

C5 - 2,7 nF a 4,7 nF - cerâmico
C6 - 4,7 ou 5,6 pF - cerâmico
C7 - 100 nF - cerâmico
CV - trimmer comum plástico ou de porcelana - ver texto


Diversos:
J1, J2 - Jaques de entrada
L1 - Bobina - ver texto
S1 - Interruptor simples
B1 - 6 ou 9 V - 4 pilhas ou bateria
A - antena - fio de 10 cm (opcional)
Placa de circuito impresso, caixa para montagem, suporte de pilhas ou conector de bateria, fios, solda, etc.