Escrito por: Newton C. Braga

Este artigo é bastante interessante e não perde sua atualidade. Nele explicamos os estudos que existem que indicam que os insetos de determinadas espécies e mesmo animais de pequeno porte são sensíveis aos ultrassons. Mostramos que existem diversas espécies que podem ouvir frequências muito além daquela que nossos ouvidos alcançam.

Quem observar anúncios de suplementos agrícolas, que tratam de animais e mesmo produtos especiais para residências notamos uma grande quantidade de ofertas de repelentes eletrônicos de animais, baseados na emissão de ultrassons. Como funcionam e se realmente são eficientes é o que vamos discutir nesse breve artigo especial.

O espectro audível dos seres humanos e da maioria dos outros animais é diferente. Nossa faixa audível se estende de aproximadamente 16 Hz a 16 000 Hz ou 18 000 Hz, dependendo do indivíduo, influindo a idade, eventuais deficiências congênitas e outros fatores.

Essa faixa de freqüências, por esse motivo é denominada espectro audível. Abaixo dos 16 Hz temos os infrassons e acima os ultrassons.

Existem, entretanto, animais que possuem espectros audíveis que se estendem bastante para a faixa dos ultrassons, conforme mostra a figura 1.

 

Freqüências audíveis de alguns animais.
Freqüências audíveis de alguns animais.

 

Os cães e muitos pequenos mamíferos como os ratos podem ouvir sons que em alguns casos superam os 25 000 a 30 000 Hz (25 kHz a 30 kHz) e existem golfinhos e morcegos cuja capacidade auditiva se aproxima dos 100 000 Hz (100 kHz).

É claro que a emissão contínua de um som que podemos ouvir é desagradável, principalmente se ele for intenso. Um apito, sirene ou buzina que toque constantemente causa perturbações evidentes.

Isso também ocorre no caso dos animais e é justamente esse fato que é aproveitado nos repelentes, espantalhos ou outro nome que seja dado a esses equipamentos.

O que se faz é então gerar um sinal contínuo que caia na faixa dos ultrassons aplicando-o a um transdutor que o reproduza com grande intensidade. Como os ultrassons gerados não podem ser ouvidos pelos humanos eles não nos causam perturbação alguma.

No entanto os animais que eventualmente devam ser repelidos como cães, gatos, ratos e outros os ouvem e para eles esses ultrassons são desagradáveis.

Assim, os repelentes anunciados (às vezes com preços muito mais altos do que a eletrônica que contém) nada mais são do que osciladores e de alta potência (alguns watts a algumas dezenas de watts, gerando e reproduzindo ultrassons.

A faixa utilizada pode variar entre 20 kHz e 30 kHz dependendo do animal que deva ser repelido.

Um ponto importante que deve ser considerado ao se utilizar esses equipamentos é que os animais domésticos são afetados pelos ultrassons emitidos, pois eles podem ouvi-los.

Assim os cães e gatos podem ser tão perturbados como os animais que devem ser repelidos, podendo até apresentar problemas de comportamento. A recomendação é que tais repelentes nunca sejam utilizados em locais em que existam animais domésticos.

Instale o repelente num silo, despensa ou outro local, mas nunca onde fica seu cãozinho ou onde seu gato costuma estar.

Considere também que os animais que você pode estar tentando repelir não sejam sensíveis aos ultrassons, caso em que o aparelho não fará efeito algum.

Leve em conta também o consumo de energia que seu repelente vai apresentar, pois trata-se de dispositivo que deve ficar permanentemente ligado em alguns casos. Um consumo de 20 W, por exemplo, 24 horas por dia significa14 400 watts por mês ou 14,4 kW.

Se você usar mais de um desses equipamentos em sua propriedade, o custo com energia pode se tornar um fator de peso na sua utilização.