Centenas de leitores têm a curiosidade de ouvir o que os radioamadores da faixa do cidadão, PX ou faixa dos 11 metros falam. Uma grande quantidade desses radioamadores se espalham pelo nosso território e ouvir seus sinais não é muito difícil, principalmente à margem de rodovias, pois esta faixa é muito usada pelo caminhoneiros. De fato, se o leitor não pode comprar um receptor comercial (que custa caro) para ouvir estes sinais, por que não fazer um receptor experimental mais simples e "matar" a curiosidade?

Evidentemente não podemos dar um circuito de alta sensibilidade com sintonia digital e outras características dos receptores comerciais, pois isso tornaria sua montagem muito difícil e cara.

Assim, a solução mais simples também implica num desempenho um pouco mais baixo, mas mesmo assim, com uma pequena antena é possível ouvir os sinais de radioamadores situados a algumas dezenas de quilômetros, e em condições favoráveis, centenas de quilômetros.

Uma característica importante do nosso receptor é que ele não possui ajustes críticos, usa apenas três transistores, é alimentado por uma bateria de 9 V e pode ser transportado com facilidade.

A sintonia será feita por um capacitor variável, e como a seletividade não é das maiores, a cobertura será de uma boa faixa.

Uma aplicação muito interessante para este circuito é que, se o leitor tem amigos que usam aqueles walkie-talkies vendidos em casas de brinquedos e que operam entre 28 e 72 MHz, com alterações na bobina será possível sintonizá-los.

A conversa pelo walkie-talkie de seus amigos deixará de ser secreta.

Mas, ainda existe outra possibilidade interessante: se na sua vizinhança existir alguém que use um telefone sem fio nesta faixa (a maioria dos modernos usa a faixa de VHF e µHF ou sistema digital) com sorte você poderá ouvir as conversas...

É claro que não desejamos que o leitor monte este receptor para ficar bisbilhotando o que os outros falam, a não ser os radioamadores que estão ai para isso...

No entanto, quem resiste à idéia de explorar as misteriosas comunicações que estão “no ar" a qualquer instante!

O receptor que montaremos é do tipo super-regenerativo em que o transistor Q1 oscila na mesma frequência que recebe, gerando um sinal que, combinado com o que entra na antena na, produz um batimento.

Esse batimento é um sinal de áudio que separado e filtrado pelos capacitores C3 e C4 e R3 pode ser aplicado nos dois transistores seguintes, que fazem sua amplificação e o aplicam ao alto-falante para a reprodução.

O ponto crítico da montagem é justamente o oscilador em torno de O1.

Os capacitores desta etapa devem ser cerâmicos nos casos em que assim indicarmos.

Outros tipos de capacitores podem trazer problemas de funcionamento.

A bobina L1 é muito importante, pois determina a faixa de frequências que pode ser sintonizada.

O leitor pode alterar esta bobina experimentalmente, retirando espiras ou acrescentando, explorando assim, diferentes faixas do espectro.

Entre 12 a 13 espiras cobrimos a faixa de PX entre 1 ou 2 espiras podemos obter a cobertura da faixa que vai de 28 MHz a 140 MHz, passando pela faixa de FM, TV, polícia e aviões.

Para os valores menores de espiras a única alteração adicional é de C10, que deve ter seu valor reduzido.

Na figura 1 temos o diagrama completo do receptor.

 

   Figura 1 – Diagrama completo do receptor
Figura 1 – Diagrama completo do receptor

 

 

Se bem que uma montagem em ponte de terminais não seja a melhor para circuitos de altas frequências, se o leitor for cuidadoso deixando os terminais de componentes bem curtos e sem encostar uns nos outros, pode ter até um bom desempenho do circuito.

Na figura 2 mostramos como a montagem em ponte de terminais pode ser feita.

 

   Figura 2 – Montagem em ponte de terminais
Figura 2 – Montagem em ponte de terminais

 

 

Evidentemente, a montagem em placa de circuito impresso é a mais estável, compacta e que proporciona melhor desempenho.

A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 3.

 

 

   Figura 3 – Placa de circuito impresso para a montagem
Figura 3 – Placa de circuito impresso para a montagem

 

 

A bobina L1 é enrolada numa forma que pode ser conseguida de rádios velhos, conforme mostra a figura 4.

 

   Figura 4 – Formas para a bobina
Figura 4 – Formas para a bobina

 

 

No entanto, se houver dificuldade em obter esta forma, o leitor pode usar um tubinho de papelão com as dimensões mostradas na mesma figura.

Os fios de conexão da bobina à placa ou ponte devem ser os mais curtos possíveis.

O capacitor variável pode ser do tipo retirado de qualquer rádio AM comum fora de uso e suas ligações devem ser igualmente curtas.

Se, ao aproximar a mão deste componente para mudar a sintonia, o receptor se instabilizar, inverta seus fios de ligação.

Observe na montagem as posições dos transistores.

Veja que o BF494 não tem sua base no terminal do meio como os demais.

XRF pode ser enrolado num resistor ou num palito de fósforos consistindo em 60 a 100 voltas de fio esmaltado bem fino.

Também pode ser usado um micro-choque comercial de 100 a 470 µH para esta finalidade.

Um componente algo critico para se obter é o transformador de saída T1.

Este componente é difícil de ser encontrado, pois é pouco usado atualmente.

No entanto, lojas com estoques antigos ainda podem ter este componente, mas havendo dificuldade para sua compra tente encontrá-lo em sucatas, em sua casa, ou mesmo numa oficina de reparação um rádio transistorizado antigo abandonado.

Este transformador pode ser facilmente identificado, pois ele está ligado ao alto-falante.

Praticamente qualquer tipo pequeno serve para esta aplicação.

Se o rádio de onde ele for retirado estiver com o alto-falante em bom estado, o leitor terá conseguido mais um componente para esta montagem.

Observe na montagem as posições dos transistores.

A antena pode ser um fio esticado, de 1 a 3 metros ou ainda do tipo telescópico.

Se esta antena ficar do lado externo de sua casa, a facilidade em captar os sinais será maior, no entanto, evite fios longos da antena ao receptor, pois eles podem provocar instabilidades de funcionamento.

A alimentação é feita com uma bateria de 9 V, mas pode ser usada uma fonte com boa filtragem.

Para a montagem em ponte de terminais é muito importante fixar tudo numa caixinha para que não ocorram instabilidades de ajuste ou dificuldades maiores para que isso seja feito.

Para usar é simples: Ligue o receptor e inicialmente ajuste TR até que um forte chiado caracterize a regeneração.

Atue então sobre o variável vagarosamente até captar alguma coisa. P1 deve estar aberto, pois é o controle de volume.

Ao captar algum sinal pode ser necessário retocar o ajuste de TR.

Feita a sintonia do sinal é só ajustar o volume da forma desejada.

Se tiver dificuldades em captar alguma coisa pode ser que a bobina esteja sintonizando uma faixa diferente, necessitando de alterações.

Retire algumas espiras e se não der certo aumente o número de espiras.

Se o receptor ficar instável, verifique os comprimentos dos terminais dos componentes, encurtando-os se necessário.

Evite aproximar a mão dos componentes do circuito quando em funcionamento para que não ocorram instabilidades.

Observamos que à noite a propagação dos sinais é melhor, existindo assim maior probabilidade do leitor captar estações.

Se captar estações, distantes (de outros países) envie-nos um E-mail contando sua experiência de DX (DX é o termo usado para os "contatos" à distância.

 

Semicondutores:

Q1 - BF494 ou BF495 - transistor NPN de RF

Q2, Q3 - BC238 ou BC548 - transistores NPN de uso geral

 

Resistores: (1/8 W, 5%)

R1 - 47 kΩ - amarelo, violeta, laranja

R2, R6 - 10 kΩ - marrom, preto, laranja

R3 - 3,3 kΩ - laranja, laranja, vermelho

R4 - 1 kΩ - marrom, preto, vermelho

R5 - 15 kΩ - marrom, verde, laranja

R, - 2,2 MΩ - vermelho, vermelho, verde

R8 - 330 Ω - laranja, laranja, marrom

P1 - 22 kΩ - potenciômetro

TR - 47 kΩ - trimpot

 

Capacitores:

C1, C9 - 47 µF/12 V - eletrolíticos

C2, C3 - 1,2 nF - cerâmicos

C4 - 33 nF - cerâmico ou poliéster

C5 - 100 nF - cerâmico ou poliéster

C6 -1 µF a 4,7 µF/12 V ou mais - eletrolítico

C7 - 47 nF - cerâmico ou poliéster

C8 - 10 µF/12 V - eletrolítico

CV - Variável miniatura – ver texto

 

Diversos:

L1 - Bobina - ver texto

XRF - 47 µH a 470 µH choque de RF - ver texto

S1 - Interruptor simples

T1 - Transformador de saída - ver texto

B1 - 9 V - bateria

FTE - 4/8 Ω - alto-falante pequeno

Placa de circuito impresso ou ponte de terminais, conector de bateria, antena telescópica, suporte para bobina, caixa para montagem, fios, solda, etc.