A preocupação com a qualidade de uma recepção de TV por meios convencionais ainda está presente na maioria das pessoas, principalmente naquelas que moram em locais de difícil recepção e que não podem contar com a ajuda de um sistema de TV via satélite (antena parabólica). No entanto, a disponibilidade de dezenas de dispositivos simples, e de baixo custo, que podem ser agregados a qualquer sistema de antenas comuns permite que uma recepção satisfatória seja conseguida, sempre que o sinal chegar ao local sem problemas. Um desses dispositivos é o simetrizador, que muitos antenistas e técnicos não conhecem e que será analisado neste artigo.

 

O tipo mais conhecido de cabo de conexão da antena à entrada do televisor é a linha paralela de 300 ?, que também é conhecida como linha balanceada.

Este nome é dado pelo fato de que não há uma polaridade para a condução dos sinais, pois os dois lados ou pólos do fio são ligados aos elementos do dipolo que forma a antena, que têm as mesmas características, conforme mostra a figura 1.

 

Linha balanceada utilizada em antenas cujo dipolo possui elementos de características iguais.
Linha balanceada utilizada em antenas cujo dipolo possui elementos de características iguais.

 

Por outro lado, a impedância de 300 ?, que é confundida por muitos técnicos como a resistência que o fio apresenta, indica apenas a maneira como se comporta o sistema na transferência do sinal.

Assim, independentemente do comprimento do fio paralelo de 300 ?, ele terá uma "entrada" que representa uma impedância de 300 ? e uma "saída" de igual impedância. Como a antena tem esta impedância e a entrada do televisor também, temos um casamento de impedâncias perfeito e o sinal poda passar da antena ao televisor sem sofrer perdas ou reflexões que causam fantasmas, conforme mostra a figura 2.

 

Fantasmas na imagem do televisor devido ao
Fantasmas na imagem do televisor devido ao "mau" casamento de impedância.

 

No entanto, as linhas paralelas de 300 ? não são muito boas para se transferir o sinal de uma antena a um televisor em locais muito sujeitos a interferências e ruídos ou ainda quando a distância entre os dois é grande.

Esta linha, por ter os dois condutores praticamente expostos, e os dois condutores são "vivos" ou seja, conduzem sinais, pode funcionar como uma antena, captando ruídos e interferências, conforme mostra a figura 3.

 

Linha paralela de 300 ohms funcionando como antena captadora de ruídos e intereferências.
Linha paralela de 300 ohms funcionando como antena captadora de ruídos e intereferências.

 

 

Nas instalações modernas de TV, entretanto, a ligação da antena ao televisor não mais é feita com cabo paralelo de 300 ?, salvo os casos menos compromissados com a qualidade de recepção quer seja pela pequena distância da antena ou pela intensidade do sinal.

Muito melhor que este tipo de cabo é o cabo coaxial de 75 ?.

Entretanto, este cabo não é balanceado, ou seja, não tem os dois condutores equivalentes em polaridade. Um deles é o condutor do sinal (mais interno) e o outro funciona como blindagem, conforme mostra a figura 4.

 

Cabo coaxial de 75 ohms
Cabo coaxial de 75 ohms

 

Isso significa que na conexão deste tipo de cabo deve ser observada a polaridade e mais que isso, deve ser feito um casamento de suas características com a da antena e da entrada do televisor, se quisermos ter uma correta transferência de sinais.

Se ligarmos um cabo coaxial de 75 ? diretamente numa antena de 300 ?, ou na entrada de um televisor de 300 ? teremos dois problemas graves a considerar:

O primeiro é que não teremos a total transferência de sinais da antena para o cabo e do cabo para o televisor, ocorrendo perdas que afetam a qualidade da recepção.

O segundo é que ocorrem reflexões nos pontos de conexão, ou seja, o sinal que não passa "volta" refletindo-se várias vezes no cabo causa o aparecimento de "fantasmas" que são imagens superpostas ou sombras, conforme mostra a figura 5.

 

Problema ocasionado pela ligação de um cabo coaxial de 75 ohms diretamente a uma antena de 300 ohms.
Problema ocasionado pela ligação de um cabo coaxial de 75 ohms diretamente a uma antena de 300 ohms.

 

 

Para fazer o casamento de impedâncias e também transformar uma saída/entrada não balanceada em balanceada e vice-versa são usados dispositivos denominados simetrizadores.

 

 

O SIMETRIZADOR

Em inglês balanceado é balanced e não balanceado é unbalanced, e o simetrizado também passou a receber o nome de Balanced-To-Unbalanced ou abreviadamente Balun.

Trata-se de um pequeno transformador, com a aparência mostrada na figura 6.

 

Aparência do transformador que constitui o simetrizador.
Aparência do transformador que constitui o simetrizador.

 

Existem basicamente dois tipos de Simetrizadores para uso com antenas de TV.

Na figura 7, por exemplo, temos o simetrizador para sinais de VHF e UHF da Thevear Código 809-2-E indicado para uso interno, ou seja, para acoplar um cabo de 75 ? à entrada de 300 ? de um televisor.

 

Simetrizador Thevear 809-2-E
Simetrizador Thevear 809-2-E

 

Evidentemente, este simetrizador é usado nos televisores que não possuam entradas de 75 ?. Este tipo de entrada já é comum na maioria dos televisores modernos.

Na figura 8 temos um simetrizador para uso externo, ou seja, para ser ligado próximo da antena, quando o cabo de conexão a antena (que deve ser o mais curto possível) for to tipo paralelo de 300 ?.

 

Simetrizador Thevear 809-2-E
Simetrizador Thevear 809-2-E

 

Este simetrizador, modelo 809-1E, também da Thevear, tem uma construção com características que permitam trabalhar nas condições climáticas adversas que reinam junto à uma antena externa.

É interessante observar que muitos Boosters, que são ligados junto às antenas com a finalidade de amplificar seus sinais, já possuem um balun interno que permite a conexão tanto de antenas de 300 ? como de 75 ?.

Na escolha de um simetrizador é muito importante observar suas características.

Além das impedâncias de 300 e 75 ? que são obrigatórias, também devemos verificar se este dispositivo não atenua muito o sinal na sua passagem. A finalidade do simetrizador é apenas modificar as características do sinal que passa, sem entretanto reduzir sua intensidade. Na prática sempre ocorre uma pequena perda, e o melhor simetrizador é o que apresenta menores perdas.

Os dois tipos indicados da Thevear tem perdas menores que 0,5 dB na faixa de 20 a 900 MHz, o que é excelente.

 

CAIXAS PARA SIMETRIZAR

Um outro tipo de dispositivo com a mesma função e que é utilizado junto a uma antena é a caixa para simetrizar.

Na figura 9 temos uma caixa para ser usada na própria antena.

 

Caixa para simetrizar utilizada junto à antena.
Caixa para simetrizar utilizada junto à antena.

 

A finalidade desta caixa é permitir a conexão de uma antena de 300 ? de impedância a uma linha de 75 ?, o que é muito comum em sistemas de antenas coletivas.

Estes dispositivos são fixados na própria gôndola da antena de modo a ficarem os mais próximos possíveis dos elementos ativos da antena, evitando-se assim uma conexão com cabo de 300 ? até a antena.

A Thevear possui 3 modelos de caixas para simetrizar.

A primeira, Código 814-E é a que mostramos na figura 9 e é utilizada com antenas de VHF.

A segunda, é mostrada na figura 10 e tem o código 814-E e é empregada em antenas de UHF modelos 418C, 419C e 420C.

 

Caixa para simetrizar Thevear 814-2 para antena de UHF.
Caixa para simetrizar Thevear 814-2 para antena de UHF.

 

Finalmente, temos o modelo 814-E que inclui um misturador que combina os sinais captados por uma antena de UHF com os sinais captados por uma antena de VHF, jogando-os numa saída única de 75 ?.

 

Este modelo é mostrado na figura 11.

 

Caixa para simetrizar Thevear 814-5E para antenas de VHF e UHF.
Caixa para simetrizar Thevear 814-5E para antenas de VHF e UHF.

 

Nos três modelos as atenuações que ocorrem pela passagem do sinal são inferiores a 0,2 dB.