Escrito por: Newton C. Braga

Você possui em seu carro ou em sua casa um transceptor para a faixa do cidadão? Se a resposta é sim, e você gostaria realmente de ser um PX, eis aqui a oportunidade de você ter algo mais de seu equipamento : um minitransmissor portátil cujos sinais podem ser ouvidos no transceptor do seu carro a distâncias de até' mais de 100 metros. Você poderá usar este minitransmissor como microfone auxiliar remoto para falar com seus amigos que se encontram no carro, ou então para ouvir seus amigos que viagem nem carro próximo mantendo assim um contacto bastante interessante que torna menos enfadonha qualquer excursão.

Obs. O artigo é de 1979 quando não existia o celular e o Whatsapp.

Os transceptores da faixa do cidadão operam nas frequências compreendidas entre 26.965 kHz e 27.215 kHz o que correspondem ao comprimento de onda de 11 metros.

O que caracteriza esta faixa de comunicação é a sua utilização por qualquer cidadão que adquira o equipamento permitido por lei. Para potências até o limite de 5 W o operador precisará de uma licença que nada mais consiste do que o registro do equipamento em uma reparticão competente, mas para potências inferiores a 50 mW caso do nosso minitransmissor em que seus sinais se limitam ao âmbito domiciliar, nenhuma licença para operador ou equipamento é necessária.

Assim, sendo, para os que já possuem equipamento PX, ou simplesmente para aqueles que tenham amigos que o possuam, a montagem e operação deste minitransmissor não tem nenhum impedimento tanto de ordem legal como dificuldades técnicas.

O leitor verá que de fato, trata-se de um circuito muito simples e cuja eficiência poderá surpreender aos que não conhecem todas as possibilidades da eletrônica.

 

O CIRCUITO

Na figura 1 temos o diagrama de blocos que serve para mostrar como funciona o minitransmissor PX.

 

Figura 1
Figura 1

 

No primeiro bloco temos a etapa moduladora e no segundo bloco a etapa osciladora de alta frequência.

O circuito oscilador é dos mais simples, sendo a realimentação de sinal que mantêm as oscilações, feita por um capacitor entre o coletor e o emissor do transistor, conforme mostra a figura 2.

 

Figura 2
Figura 2

 

A frequência de operação do circuito está determinada pelo circuito ressonante que serve de carga ao coletor do transistor.

Temos então a utilização neste circuito de um trimmer que permite que o operador ajuste o mesmo para funcionar em determinado canal da faixa do cidadão de sua escolha.

A potência deste circuito que é responsável pela emissão de sinal está determinada pelo tipo de transistor usado, no caso, um BF494. Veja o leitor que podem ser experimentados outros transistores em seu lugar, como o 2N2218, mas no caso, o aumento de potência só será possível com uma alteração de valor nos componentes de polarização, especificamente os três resistores.

No caso do BF494 não recomendamos, no entanto, que qualquer tentativa de aumento de potência seja feita já que o mesmo pode facilmente queimar-se em vista disso.

A etapa seguinte consiste no circuito modular que aplica o sinal de baixa frequência proveniente do microfone ao circuito oscilador. Este circuito e necessário com a finalidade de se obter uma modulação em maior proporção possível e com isso o máximo de alcance para o aparelho.

Este circuito modulador por suas características admite somente fontes de sinal de bom nível, pelo que o mini transmissor só funcionará satisfatoriamente com microfones de alto rendimento e alta impedância como os tipos de cristal (figura 3).

 

Figura 3
Figura 3

 

A alimentação do transmissor pode ser feita com tensões de 6 ou 9 V conforme queira o leitor.

Para o caso de 9 V pode ser usada uma única bateria que no caso ocupa um volume menor do que 4 pilhas de onde se obtém 6 V.

O sinal deste transmissor é irradiado por uma pequena antena telescópica do tipo usado em rádios portáteis.

A instalação desta antena na caixa deve ser feita com o máximo de cuidado para que a capacitância do corpo do operador não provoque instabilidade no circuito e portanto variações de frequência.

 

MONTAGEM

Para se obter o menor tamanho possível para este transmissor a montagem ideal é em placa de circuito impresso caso em que o aparelho completo poderá ficar tão pequeno quanto um maço de cigarros (figura 4).

 

Figura 4
Figura 4

 

Entretanto, como nem todos tem a habilidade suficiente para fazer a placa e obter uma montagem tão compacta recomendamos que em primeiro lugar o leitor monte o circuito e só depois em função do tamanho que obter, escolha a caixa para sua instalação. Isso é em função da variação com que alguns componentes podem ser obtidos em relação ao seu tamanho.

A montagem em ponte de terminais também é possível, mas neste caso o tamanho do aparelho ficará sensivelmente prejudicado.

As ferramentas para a parte eletrônica são: ferro de soldar de pequena potência (máximo 50 W) solda de boa qualidade, alicate de corte lateral, alicate de ponta e chaves de fenda.

Na figura 5 é mostrado o circuito completo do minitransmissor PX e na figura 6 a sua montagem em placa de .circuito impresso.

 

Figura 5
Figura 5

 

 

Figura 6
Figura 6

 

Na figura 7 é dada a versão para principiantes feita em ponte de terminais.

 

Figura 7
Figura 7

 

Em relação a esta recomendamos que as ligações sejam feitas exatamente da maneira indicada, principalmente em relação aos comprimentos dos fios.

A ordem recomendada para a montagem com os principais cuidados a serem tomados é a seguinte:

a) A bobina L1 osciladora consiste em cerca de 7 ou 8 espiras de fio esmaltado grosso 18 ou 20 ou mesmo fio rígido de capa plástica devendo a mesma ter aproximadamente 1 cm de diâmetro e 2 cm de comprimento. Essa bobina deve ter um pequeno núcleo de ferrite.

Para facilitar a fixação do núcleo pode ser feita uma pequena forma de papelão ou qualquer outro material, desde que não de metal. Para a montagem em ponte de terminais o próprio fio pode servir de sustentação para a bobina o mesmo acontecendo com a montagem em placa de circuito impresso. (figura 8)

 

Figura 8
Figura 8

 

 

b) Depois de feita a montagem da bobina o leitor pode soldar o transistor, observando cuidadosamente sua posição. Para o BF494 recomendado neste circuito o terminal de base é o da direita e não o do centro. Se o leitor usar qualquer transistor equivalente deve certificar-se da disposição dos seus terminais fazendo a montagem de acordo. A soldagem do transistor deve ser feita rapidamente em vista da sensibilidade que este componente tem ao calor.

c) O trimmer é o próximo componente ser colocado. Demos preferência ao tipo miniatura de cerâmica com terminais próprios à colocação em placa de circuito impresso. Na colocação deste componente faça com que o lado da armadura externa fique no polo positivo da alimentação e o da armadura interna vá ligado ao terminal em que está o coletor do transistor. Se houver inversão o transmissor ficará instável e difícil de ser sintonizado.

d) Solde em seguida o capacitor de cerâmica entre o coletor e o emissor do transistor. Seus terminais devem ser curtos e a soldagem deve ser feita rapidamente para que o calor não cause dano ao componente. O valor recomendado é 47 pF, mas valores próximos como 33 pF ou mesmo 56 pF podem ser experimentados.

e) Q transistor BC548 (Q2) é o componente seguinte a ser soldado. Observe bem a posição de seus terminais, tomando também cuidado para não trocá-lo com o BF494. A soldagem deste componente deve ser rápida para que o calor não o danifique.

f) Os componentes seguintes a serem soldados são os resistores que podem ser todos de 1/4 ou 1/8 W. Na montagem em placa para se obter o mínimo de tamanho, estes componentes são colocados verticalmente. Na montagem em ponte deve-se apenas tomar cuidado para não fazer nenhuma troca de resistores. Os seus valores são dados pelos anéis coloridos em seus corpos.

g) O capacitor C2 pode ser de poliéster ou disco de cerâmica e seu valor não é crítico. Pode ser de 1.200 a 4.700 pF. Na sua soldagem evite o excesso de calor.

h) Os capacitores eletrolíticos podem ser para tensões de trabalho de 16 V e seus valores também não são críticos. Observe na sua ligação a polaridade que deve vir marcada em seu corpo (+) e (-).

i) O capacitor de acoplamento do microfone pode ter valores entre 47 e 100 nF. Não há polaridade para este componente.

j) O suporte de pilhas ou conector depende da fonte de alimentação usada. Para uma alimentação de 6 V use um suporte para 4 pilhas pequenas observando a polaridade na hora de sua ligação.

Para uma alimentação de 9 V use um conector, observando também a sua polaridade.

k) O microfone pode ser de qualquer tipo de cristal. Para maior facilidade de montagem use uma cápsula de cristal pequena, conforme sugere a figura que mostra a montagem em ponte.

l) Faça as interligações entre os componentes na ponte com fio rígido ou flexível de capa plástica. As interligações entre os componentes da placa ou ponte e os componentes externos podem ser feitos com fio flexível de capa plástica.

m) Depois de montar os componentes da ponte ou da placa e fazer a interligação dos mesmos, complete a montagem soldando o capacitor de acoplamento à antena e o terminal de ligação a antena. O capacitor é do tipo disco de cerâmica de valor entre 10 pF e 100 pF e a antena é telescópica cujo comprimento pode estar entre 30 e 60 cm. Se for usada uma antena muito grande pode haver introdução de instabilidade no circuito.

Terminada a montagem o leitor deve conferir todas as ligações, e estando tudo em perfeita ordem pode realizar uma prova de funcionamento e fazer os ajustes finais.

 

PROVA, AJUSTES E USO

Para provar o transmissor será conveniente que o leitor possa dispor do seu transceptor nas proximidades.

Ligue-o transceptor na função de receber, e escolha um canal em que no momento não haja nenhuma emissão, colocando-o a 3/4 de seu volume.

Em seguida, coloque as pilhas em seu transmissor PX e ligue o interruptor (se você o usou).

De início nada será ouvido porque muito provavelmente as frequências de transmissão e sintonizada pelo receptor serão diferentes. Assim, leve o transmissor para as proximidades do receptor e, com uma chave de ajuste plástica, gire o parafuso do trimmer até que o seu sinal possa ser ouvido no rádio o que será caracterizado por um apito forte (realimentação acústica ou microfonia).

Afastando então o transmissor você poderá falar e claramente sua voz deve ser ouvida no transceptor.

Se ao afastar o sinal logo desaparecer é porque muito provavelmente o que você sintonizou foi uma frequência harmônica.

Tente um novo ajuste. Se houver dificuldade na sintonia você deve tentar alterar o número de espiras da bobina ou mesmo mudar a posição do núcleo no interior da mesma.

Com o aparelho ajustado faça uma prova de alcance.

Estando tudo em ordem o leitor pode fazer a instalação definitiva do aparelho em sua caixa. De preferência use uma caixa plástica para não haver problemas de instabilidade pela influência da capacitância do corpo do operador.

Ao instalar na caixa será preciso fazer um novo ajuste na frequência que agora será bem mais simples.

 

 

Q1 - BC548 ou BC238 - transistor

Q2 - BF494 ou equivalente - transistor

C1 - 100 nF - capacitor de poliéster ou cerâmica

C2 - 10 nF - capacitor de poliéster (marrom preto, laranja)

C3 - 4,7 uF X 16 V- capacitor eletrolítico

C4 – 2n2 F - capacitor de cerâmica

C5- 47 pF - capacitor de cerâmica

C6 - trimmer ( ver texto)

C7 – 100 pF - capacitor de cerâmica

C8 - 47 ,uF x 16 V - capacitor eletrolítico

R1 - 2,2 M x 1/8 W- resistor (vermelho, vermelho, verde)

R2 – 22k x 1/8 W resistor (vermelho, vermelho, laranja)

R3 - 5,6 k ohms x 1/4 W - resistor (verde. Azul,. vermelho)

R4 - 4,7 k ohms x 14 W - resistor ( amarelo, violeta, vermelho)

R5 - 47 Ohms x 1/4 W - resistor (amarelo, violeta, preto)

L1 - bobina (ver texto)

Diversos - cápsula de cristal, suporte para pilhas. placa de circuito impresso ou ponte de terminais, antena telescópica, fios, solda, etc.

 

 

Artigo Publicado originalmente em 1979