Escrito por: Newton C. Braga

Descrevemos um eficiente e econômico testador dinâmico de fly-hacks, um circuito que não deve faltar na oficina de reparação de televisores e monitores de vídeo (*). O circuito não usa transformadores e tem apenas um componente ativo, consistindo num oscilador potente de prova que permite verificar se há alta tensão no enrolamento correspondente do fly-back.

Obs. Este artigo é de 1993 quando ainda eram usados estes componentes em televisores e monitores de vídeo com cinescópios. Hoje estes componentes não mais são encontrados, a não ser em sucatas. No entanto, o circuito pode ser útil se o leitor desejar aproveitar este componente para um projeto.

 

A versão de provador de fly-back que descrevemos se caracteriza pela sua simplicidade, consistindo num oscilador de relaxação com SCR.

Alimentado diretamente pela rede, pode ser montado numa pequena caixa plástica e usado até mesmo na casa do cliente ou escritório.

É claro que o único cuidado que o técnico deve ter é em relação a eventuais toques nas garras já que o aparelho não é isolado da rede e por isso está sujeito a causar choques.

Esta prova, entretanto, não oferece qualquer perigo ao aparelho em teste, pois a única conexão é feita a uma bobina isolada do restante do circuito não induzindo pois tensões perigosas.

 

Características:

Tensão de entrada: 110/220 V

Consumo: 2 W (típ)

Tipo de operação: pulsante

Frequência de teste: 1 Hz a 10 Hz (típ)

 

COMO FUNCIONA

O que temos é um simples oscilador de relaxação com base numa lâmpada neon e num SCR. Neste circuito o capacitor C1carrega-se via R1 e D1 com a tensão de pico da rede local que será da ordem de 150 V para a rede de 110 V e 300 V para a rede de 220 V.

Ao mesmo tempo, C2 carrega-se lentamente via R2 e P1 até ser atingida uma tensão de 80 V aproximadamente, que é a tensão de ionização da lâmpada neon.

As garras G1 e G2 são ligadas a uma bobina formada por 4 ou 5 voltas de fio comum encapado no núcleo do transformador em prova (fly-back) conforme mostra a figura 1.

 

Figura 1 – A bobina de teste
Figura 1 – A bobina de teste

 

Obs. Tipos mais recentes de fly-backs são totalmente vedados não permitindo este tipo de teste

 

Quando a lâmpada neon dispara, o SCR também é levado a plena condução, fechando desta forma um circuito de descarga para C1 formado pela bobina onde estão ligadas G1, G2 e o próprio SCR.

O resultado é um pulso de alta tensão e alta corrente no fly-back que gera no seu secundário uma alta tensão a qual pode ser verificada pelo teste de faiscamento.

Tão logo a carga de C1 se reduza para abaixo do ponto de manutenção do SCR, este componente desliga e ocorre um novo ciclo de carga de C1 e C2.

C2 deve ser tal que a repetição dos pulsos ocorra num intervalo que dê tempo de C1 adquirir uma boa carga.

Se a freqüência for muito alta, a tensão de C1 não sobe o suficiente para se obter uma boa energia para os pulsos aplicados ao fly-back em teste.

Os valores indicados permitem ajustar P1 para um bom rendimento, mas se o leitor notar que as altas tensões geradas nos testes estão abaixo do desejado pode reduzir o valor de R1. Valores mínimos de 1 k para rede de 110 V e 2,2 k para a rede de 220 V com dissipação de 10 W são admitidos.

Este circuito também pode ser usado para testar bobinas de ignição de automóveis, bastando ligar as garras ao seu primário.

 

MONTAGEM

Na figura 2 temos o diagrama completo do provador de fly-back e bobinas de ignição.

 

Figura 2 – Diagrama completo do aparelho
Figura 2 – Diagrama completo do aparelho

 

A disposição dos componentes com base numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 3.

 

Figura 3 – Placa de circuito impresso para a montagem
Figura 3 – Placa de circuito impresso para a montagem

 

Dada a curta duração dos pulsos, somente um pequeno radiador de calor será necessário para o SCR. Os valores dos componentes indicados entre parênteses são para a rede de 220 V.

O capacitor C1 é um eletrolítico para 250 V se a rede for de 110 V, e pelo menos 400 V se a rede for de 220 V. O capacitor C¡ é de poliéster com tensão de trabalho acima de 100 V.

O resistor R1 deve ser de fio com pelo menos 10 W de dissipação, enquanto que os demais são de 1/8 W.

A lâmpada neon é de qualquer tipo, e o potenciômetro não é crítico, podendo ter valores de 220 k Ω a 1M5 Ω.

 

PROVA E USO

Para provar o aparelho basta ligar G1 e G2 a uma bobina, conforme indicada na figura 1, feita num fly-back bom e acionar a unidade. Devem ocorrer faíscas no terminal de alta tensão quando aproximado dos terminais do mesmo enrolamento, e a lâmpada neon deve piscar no mesmo mínimo.

A frequência das piscadas e sua intensidade são ajustadas em P1.

Para testar um fly-back num aparelho, desligue a “chupeta” de alta tensão do cinescópio e desligue o aparelho da rede de energia.

Faça a bobina de prova e acione o provador. Verifique com o teste da “chave de fendas” se há alta tensão no fly-back.

Se ocorrerem fugas laterais de alta tensão na bobina ou nada ocorrer, teremos um fly-back com problemas.

 

Obs: Conforme alertamos, este circuito não é isolado da rede, assim, conecte antes as garras G, e G2 na bobina em teste e somente depois conecte o aparelho à rede acionando estão S1. Com S¡ desligada, ainda existe perigo de choque, pois a linha de catodo do SCR não tica desligada da rede!

Nunca deixe as garras unidas com o aparelho ligado, pois a forte corrente de descarga de C1 poderia causar a queima do SCR.

 

Semicondutores:

SCR: TIC106B (110 V) ou TC106D (220 V) - diodo controlado de silício

D1 - 1N4004 (1N4007) - diodo de silício ç i

 

Resistores (1/8 W, 5%):

R1 - 10 k Ω (220 k Ω) - 10 W -fio

R2 - 47 k Ω

R3 - 10 k Ω

P1 - potenciômetro de 220 k Ω a 1 M Ω

 

Capacitores:

C1 – 1 µF a 10 µFx 250V (400 V) - eletrolítico - ver texto

C2 - 470 nF x 100 V ou mais - poliéster

 

Diversos:

S1 - Interruptor simples

NE1 - Lâmpada neon comum

G1, G2 - Garras jacaré

Placa de circuito impresso, cabo de alimentação, caixa para a montagem, botão para o potenciômetro, radiador de calor pequeno para SCR, fios, solda etc.