O multímetro é o mais importante instrumento de medida da oficina de eletrônica. Com ele podemos medir basicamente três grandezas elétricas e com isso detectar falhas em equipamentos, comprovar o estado de componentes, etc.

Na figura 1 temos o aspecto de um multímetro de baixo custo de sensibilidade média e que deve estar presente na oficina de reparação.

 

Figura 1
Figura 1

 

O uso do multímetro é básico, é normalmente é ensinado em manual que acompanha o próprio aparelho.

O autor tem diversos livros sobre o assunto, ensinando a usar o multímetro Um deles é ”O segredo no uso.do Multímetro” e temos a série “Como Testar Componentes” em 4 volume.

 

Por este motivo, em lugar de dedicar nosso espaço as aplicações normais deste instrumento que certamente são do conhecimento de quem os possui, daremos algumas dicas e truques importantes que ajudarão o leitor a tirar mais proveito de seu instrumento e ao mesmo tempo não sobrecarregá-lo ou submetê-lo a provas ou ligações que possam causar danos.

Na dúvida sobre tensões a serem medidas, comece sempre pela escala mais alta. Se o equipamento analisado não tiver circuitos multiplicadores de tensão internos, sabemos que a mais alta tensão encontrada será da mesma ordem que a tensão de alimentação e uma vez e meia esta tensao se se tratar de aparelho ligado a rede local.

Ao trabalhar com aparelhos ligados a rede ou dotados de grandes capacitores, antes de fazer medidas de resistências procure descarregar os eletrolíticos maiores. Para isso, use um circuito de descarga como o indicado na figura 2, e mantenha o aparelho desconectado da tomada.

 

Figura 2
Figura 2

 

Um capacitor eletrolítico carregado pode aplicar no seu multímetro tensões elevadas quando na escala de resistências a ponto de causar danos irreversíveis ao instrumento. O leitor comprova o perigo ao descarregar um eletrolítico de alto valor e alta tensão usando um fio sem resistência alguma conectada. Veja na figura 3.

 

Figura 3
Figura 3

 

Quando não estiver usando seu multímetro deixe-o sempre na posição de transporte (muitos multímetros têm uma chave com esta posição), desligado ou se ele não tiver estas posições numa escala alta de tensões. Se encostarmos acidentalmente suas pontas de prova em algum ponto vivo de um aparelho ou uma na outra não há perigo algum de sobrecarga e no segundo caso, de desgaste das pilhas internas.

Para provar pilhas não basta medir as tensões nos seus terminais. Uma pilha que em aberto fornece a tensão normal pode sofrer uma queda considerável quando fornecendo corrente. Ligue um resistor de 47 Ω em paralelo com a pilha para fazer o teste com o multímetro, conforme mostra a figura 4.

 

Figura 4
Figura 4

 

Você pode identificar os terminais de um transistor com facilidade medindo a resistência entre os três terminais. Existem duas medidas que dão baixas resistências, que são as correspondentes ao emissor e base, e base e coletor.

Isso nos permite com certeza descobrir qual é a base. O problema é depois saber qual é o coletor e o emissor. Pois bem, normalmente a resistência encontrada entre a base e o emissor e um pouco menor que a resistência entre a base e o coletor. Veja na figura 5.

 

Figura 5
Figura 5

 

A posição de funcionamento de um multi metro precisa ser observada. Em posição diferente da indicada pelo fabricante a precisão é alterada. Na figura 6 temos os símbolos recomendados para posições de funcionamento e que são gravados na própria escala do instrumento.

 

Figura 6
Figura 6

 

Numa medida de tensão num transistor lembre-se que:

A tensão de coletor deve ser maior que a de base

A tensão de base deve ser maior que a de emissor

A tensão de emissor deve ser zero ou um pouco maior que isso

Estes valores são os indicados para medidas num transistor NPN. Veja na figura 7.

 

Figura 7
Figura 7

 

Não confie nas medidas de tensão em circuitos de alta impedância (resistores, fontes de inversores de alta tensão, circuitos com resistores de valores elevados), pois o multímetro pode “carregar" o circuito alterando o valor da própria tensão medida, e reduzindo-a. Veja na figura 8.

 

Figura 8
Figura 8

 

Não existe qualquer problema em se usar um instrumento transistorizado na medida de tensões ou outras grandezas em aparelhos valvulados.

Um capacitor eletrolítico de valor elevado pode ser testado em função da carga que retém. Desligamos o aparelho em que ele está e rapidamente medimos a tensão em seus terminais. Notaremos a queda suave (ou brusca) da agulha do instrumento indicando a descarga do capacitor se ele estiver bom.

Se isso não ocorrer estamos diante de um capacitor suspeito. Devemos retirá-lo do circuito para uma prova mais conclusiva. Veja na figura 9.

 

Figura 9
Figura 9

 

O teste de circuitos integrados com o multímetro deve ser feito com a medida de tensões em seus terminais. A posse de um manual ou esquema garante o conhecimento das tensões que devem ser medidas em cada tipo de circuito integrado.

A comprovação de transmissores ou osciladores de RF pode ser feita com um elo de captação e um diodo de germânio. Aproximando o elo do oscilador ou do transmissor devemos ter uma indicação de sinal no multímetro que deve estar numa escala baixa de tensões continuas (Volts DC). Veja na figura 10.

 

Figura 10
Figura 10

 

Se a tensão alternada medida não for senoidal não confie no valor indicado pelo instrumento. As escalas dos instrumentos (multímetros) são calibradas em volts RMS senoidais. Para outros tipos de sinais devemos usar tabelas de conversão para encontrar o valor correto.

Trilhas interrompidas numa placa de circuito impresso podem ser detectadas por um multímetro na escala mais baixa de resistências. A resistência medida deve ser inferior a 1 ohm. Se for maior, mesmo considerando-se a presença de componentes interligados, estamos diante de uma placa suspeita. Veja na figura 11.

 

Figura 11
Figura 11

 

A resistência de uma lâmpada a frio é sempre menor do que quando em funcionamento normal, pois seu filamento se dilata. Desta forma não podemos concluir nada a respeito da potência de uma lâmpada pela simples medição de sua resistência com um multímetro.

Oscilações de baixa frequência como as de clocks de relógios ou ainda osciladores unijunção, podem ser verificadas com um multímetro na escala apropriada de tensões continuas, conforme procedimento mostrado na figura 12.

 

Figura 12
Figura 12

 

Ligando um LDR nas pontas de prova de um multímetro na escala apropriada de resistência, podemos usá-lo como fotômetro de grande sensibilidade, conforme mostra a figura 13.

 

Figura 13
Figura 13

 

O LDR pode ser de qualquer tipo e a calibração da escala pode ser obtida com base num fotômetro comercial.

A impedância de um alto-falante pode ser descoberta com o circuito da figura 14, em que devemos fazer a calibração com um alto-falante de 4 e um de 8 Ω.

 

Figura 14
Figura 14

 

A escala usada é a de tensões mais baixas do multímetro VCA.

 

 

Revisado 2017