Escrito por: Newton C. Braga

Quando recomendamos um multímetro, normalmente fazemos a especificação de sua sensibilidade em ohms por volt. O que significa isso?

Obs. Este artigo é de uma publicação nossa de 1986, no entanto é ainda atual pelas técnicas que ensina. Nos artigos seguintes e nos anteriores (INS419, 420, 421) temos outros usos para este instrumento.

 

O instrumento quando usado na medida de tensões se comporta como uma verdadeira resistência que é colocada em paralelo com o circuito medido, conforme mostra a figura 1.

 


 

 

Se esta resistência for muito baixa, ela deriva corrente do circuito, afetando seu equilíbrio e fazendo com que a tensão caia. A tensão medida não é portanto a que realmente encontramos no circuito em seu funcionamento normal, mas um pouco menor. Temos então uma falsa medida, que de modo algum é conveniente num instrumento.

Um multímetro deve, portanto, apresentar a maior resistência possível.

Como na prática os multímetros são formados por um instrumento de bobina móvel com resistências de diversos valores em série, conforme a faixa de tensões que vamos medir, para cada faixa de tensões, o instrumento apresenta uma resistência diferente. (figura 2)

 

 


 

 

Entretanto, observamos que, para todas as escalas, a relação que existe entre a tensão máxima medida e a resistência total é um valor fixo.

Podemos então indicar a sensibilidade do instrumento por este valor fixo.

O valor é dado em ohms por volt (resistência que apresenta o instrumento para certo número de volts de fundo de escala) e deve ser o maior possível.

Assim, se o seu instrumento tem uma sensibilidade de 10.000 ohms por volts, isso significa que, quando você usa a escala de 0-5 volts (qualquer que seja a tensão medida neste intervalo), o instrumento representa uma resistência de 5 x 10.000 ohms : 50.000 ohms.

No uso da escala de 0-50 volts o instrumento representará uma resistência de 500.000 ohms.

Veja então que, usando o multímetro na medida de tensões num mesmo Circuito, mas com escalas diferentes, você pode ter sensíveis diferenças de valores. Se isso acontecer é porque a resistência interna do circuito analisado é muito alta e o instrumento está influindo.

 

O multímetro eletrônico

Para trabalhos sérios, em que qualquer problema de medida deva ser superado, não havendo influência sensível do instrumento, o recomendado é o uso de um multímetro eletrônico ou multímetro com FET (transistor de efeito de campo) na entrada.

Tais multímetros utilizam uma etapa amplificadora na entrada que leva um transistor de efeito de campo. O que caracteriza tal componente é a sua elevada resistência de entrada, tipicamente de 22.000.000 ohms, que passa a ser a resistência de entrada do instrumento.

Com isso, passamos dos 10.000 ohms por volt, típicos de um multímetro comum, para 22.000.000, em todas as escalas, para um multímetro eletrônico.

Com a utilização do multímetro eletrônico, não precisaremos mais nos preocupar com a influência do instrumento no circuito analisado.

Entretanto, como tal aparelho usa um amplificador interno, ele possui uma fonte de alimentação interna e alguns tipos são mesmo alimentados pela rede local. São alguns destes instrumentos tipicamente usados na bancada de serviço e não são portáveis como os multímetros.