Escrito por: Newton C. Braga

As especificações de potência dos amplificadores de áudio comerciais usando valores de pico, PMPO, e outros têm por finalidade dar a impressão que um produto é melhor que o concorrente pois tem maior potência de saída.  melhor maneira de se conhecer a potência real de um amplificador é medindo e através do procedimento que descrevemos a seguir muitos fabricantes que enganam seus clientes podem ser desmascarados.

Já aconteceu de examinarmos um amplificador que seu fabricante apregoava ter  uma potência de 100 watts e que no entanto, pelo próprio folheto de características técnicas, drenava uma corrente de 2 ampères quando alimentado por 12 V.

Ora, se o aparelho "consome" 2 x 12 = 24 watts como ele pode fornecer 100 W?

Na natureza não se pode criar nem destruir energia e no entanto, graças a artifícios de especificações (ou desonestidade mesmo) o amplificador tinha ume potência muito maior que a real. Supondo que o amplificador em questão fosse dos melhores que podemos imaginar, convertendo uns 80% da energia em som este amplificador não teria uma potência rms ou real maior do que 20 watts!

A indicação mais correta para a potência de um amplificador é dada por valores rms (root mean square ou eficazes).

Conforme mostra a figura 1, esta potência corresponde a quantidade de energia total por unidade de tempo que o amplificador pode entregar a uma carga em um ciclo completo, trabalhando-se com um sinal senoidal.

 

Este calor pode ser calculado levando-se em conta a impedância da carga para a frequência do sinal usado, normalmente de 1 kHz.

Para se medir a potência o que se faz é utilizar um gerador de sinais que será ajustado para uma frequência de 1 kHz com forma de onda senoidal (alguns fabricantes podem especificar o valor para outra frequência) e ligar na sua saída uma carga resistiva que corresponda à impedância para a qual a potência é indicada e finalmente um multímetro na escala de tensões alternadas, tudo isso conforme mostra a figura 2.

 

 

Os resistores usados como carga devem ser capazes de dissipar a potência que se espera do amplificador.

Por exemplo, podemos ligar 15 resistores de 120 ohms x 10 W em paralelo para obter uma resistência de 8 ohms que admitiria uma potência de até 150 watts num teste como o indicado.

Se ligarmos 11 resistores de 47 ohms poderemos obter uma resistência equivalente próxima de 4 ohms para testes com saídas desta impedância, conforme mostra a figura 3.

 

Para determinar a potência máxima de saída do amplificador o que se faz é aplicar o sinal do gerador, abrir todo o volume e medir a tensão com o multímetro na escala de tensões alternadas.

 

Exemplo:

Para uma carga de 4 ohms se medirmos 10 volts, por exemplo teremos o seguinte procedimento para cálculo:

 

Z = 4 ohms

V = 10 volts

P = ?

 

P = (V x V)/Z

P = (10 x 10)/4

P = 100/4

P = 25 watts (rms)

 

O teste também pode ser feito utilizando-se um alto-falante em lugar dos resistores de carga, mas neste caso, além de haver uma pequena diferença entre o  valor obtido e o real (pois a carga é indutiva e os diferentes tipos de alto-falantes podem se comportar de modo diferente em função da frequência do sinal) o leitor deve ser capaz de suportar o barulho gerado durante o procedimento.

 

CONCLUSÃO

Uma simples "olhadinha" no consumo de um amplificador quando à plena potência pode ajudar muito a se ter uma idéia da verdadeira potência de um amplificador, principalmente para os tipos usados num carro.

O produto da corrente exigida por um amplificador pela tensão de alimentação (12 ou 13,6 V) sempre resulta numa potência maior do que aquela que o amplificador realmente pode fornecer em valores rms, pois energia não pode ser criada.

Assim, nenhum amplificador que "consuma" 50 watts pode fornecer mais do 50 watts de som! Cuidado com os amplificadores (principalmente de uso automotivo) que prometem muito mais do que realmente dão.