Escrito por: Newton C. Braga

Um ponto de vital importância para uma instalação elétrica é o seu isolamento. Falhas de isolamento não apenas podem causar perdas de energia como colocar em risco vidas humanas. Por esse motivo, a presença de um medidor de isolamento com características próprias ao tipo de análise a que se destina, além de se poder contar com pessoas que saibam como manejá-lo são pontos fundamentais em qualquer instalação que trabalhe com energia. Nesse artigo trataremos do teste de isolamento além das características dos instrumentos que devem ser usados.

O que um medidor de isolamento ou Megohmetro faz é medir a resistência de isolamento de uma instalação, motores, transformadores, e instalações elétricas em geral para verificar sua integridade.

O método empregado no teste depende do equipamento que está sendo testado. Por exemplo, no teste de um sistema em que fugas que dependem de capacitância são pequenas, elas podem ser desprezadas e a estabilização do instrumento de medida ocorre rapidamente. Já num sistema com elevadas capacitâncias, é preciso levar em conta o tempo que a corrente no circuito leva para estabilizar.

Existem casos em que essas capacitâncias são suficientemente altas para que a estabilização da corrente do instrumento leve horas. Para esses casos podem ser usados testes alternativos.

A figura 1 mostra o que ocorre com resistências e capacitâncias parasitas que podem estar presentes num cabo e que podem afetar a medida de isolamento.

 

Figura 1
Figura 1

 

 

Razões para Testar o Isolamento

Existem basicamente duas razões para que haja uma preocupação com o teste de isolamento.

A primeira é a própria segurança pessoal. Uma fuga de alta tensão pode colocar em risco a vida de pessoas.

A outra finalidade do teste é garantir correta operação dos equipamentos além de sua durabilidade. As instalações industriais, por exemplo, ficam sujeitas a divesrsos tipos de poluentes e de subnstâncias que atuam diretamente sobre elas, podendo levar a uma rápida deterioração com o aparecimento de falhas.

Testes periódicos de isolamento podem revelar problemas antes que eles se agravem, possibilitando assim a realização de uma manutenção preventiva.

 

Antes de Medir

A Fluke, fabricante de instrumentos de medida de isolamento, faz algumas recomendações importantes para serem seguidas antes de se fazer um teste de isolamento num equipamento ou numa instalação. O leitor pode obter mais informações no site dessa empresa na Internet em www.fluke.com.

Essas recomendações não só garantem um resultado mais preciso nas medidas como a própria segurança de quem está realizando os testes.

  1. Certifique-se de que o equipamento ou instalação a ser analisada está desconectada e qualquer outro circuito externo como chaves, protetores de ransientes, capacitores, disjuntores, etc. Deve-se ter certeza de que nenhum elemento externo por onde possa haver fuga de corrente afete as medidas.
  2. Deve-se garantir que o elemento em teste esteja acima do ponto de condensação da umidade do ar no local. Caso contrário pode se formar uma película úmida condutora sobre o condutor ou elemento em teste que, sendo condutora, pode afetar os testes.
  3. A superfície de um condutor em teste deve estar livre de carbono ou outra matéria estranha que, absorvendo umidade pode se tornar condutora afetando os resultados das medidas.
  4. Deve-se tomar cuidado para que a tensão aplicada no dispositivo ou instalação em teste esteja dentro de sua capacidade de isolamento.
  5. Deve-se garantir que, se o sistema possuir capacitores, eles devem estar completamente descarregados na realização dos testes.
  6. O efeito da temperatura ambiente deve ser considerado, pois ela influi na capacidade de isolamento de um siostema. A resistência de isolamento tende a cair quando a temperatura aumenta.

 

Segurança é outro item que devem ser levado em conta na realização das medidas de isolamento. Ela não depende apenas do instrumento, mas também da maneira como ele é usado.

Para o caso de se trabalhar com segurança, as seguintes recomendações são dadas pela Fluke.

 

Figura 2
Figura 2

 

 

 

Figura 3
Figura 3

 

 

Para realizar testes específicos de isolamento:

 

A Resistência de Isolamento

Não se trata de uma simples resistência ohmica que se mede quando se faz o teste de isolamento de um circuito. Muito mais que isso, a resistência de isolamento e as correntes de fugas possuem diversas componentes que devem ser levadas em conta num teste.

Quando o medidor de isolamento é usado, ao se pressionar o botão de teste, uma alta tensão DC é gerada e aplicada ao circuito, produzindo uma corrente da ordem de microampères.

A intensidade dessa corrente revela o estado do isolamento, mas ela não depende apenas de uma eventual resistência ohmica, mas sim de três componentes que devem ser levadas em conta e que são analisadas a seguir.

 

1. Corrente de Fuga Conduzida

Conforme mostra a figura 4, essa corrente da ordem de microampères normalmente fui através do isolamento entre condutores ou entre um condutor e a terra.

 

Figura 4
Figura 4

 

A intensidade dessa corrente aumenta quando o isolamento se deteriora. Essa é a corrente mais importante quando se analisa o estado do isolamento de condutores.

 

2. Corrente de Fuga Capacitiva

Conforme mostra a figura 5, dois condutores que estão próximos ou que correm paralelos se comportam como um capacitor.

 

Figura 5.
Figura 5.

 

Devido a esse capacitor virtual, uma corrente de fuga flui entre eles, sendo uma corrente temporária que dira apenas alguns segundos, o tempo suficiente para carregar o capacitor virtual.

Nos circuitos em que a capacitância é elevada, essa corrente pode demorar para se reduzir a zero, o que deve ser levado em conta na sua análise.

 

3. Corrente de Figa por Absorção de Polarização

Essa corrente é provocada pela polarização das moléculas do material dielétrico usado no isolamento dos condutores.

Nos circuitos de baixa capacitância, essa corrente é intensa no início caindo rapidamente até zero. Nos circuitos de alta capacitância ou ainda que tenham o isolante contaminado, essa corrente não diminui, por longos intervalos de tempo.

Na figura 6 temos um gráfico que mostra o comportamento das três correntes que influem nos testes de isolamento.

 

Figura 6
Figura 6

 

 

Testes Práticos

O teste básico de isolamento é uma prova do tipo SIM ou NÃO, ou seja, o circuito está ou não bom para operação, eventualmente devendo passar por um processo de manutenção se for constatada uma degradação ou problemas mais graves.

A instalação ou equipamento em teste são considerados satisfatórios se durante o teste não for constatada nenhum problema de ruptura do isolamento.

Para realização do teste deve-se começar escolhendo a tensão de teste.


A Tensão de Teste

Normalmente a tensão aplicada ao circuito que está sendo testado varia entre 500 e 5 000 volts, com uma duração da ordem de um minuto.

É comum que a instalação seja testada com uma tensão acima da tensão normal de trabalho de modo a se detectar eventuais fugas que não ocorreriam em condições normais.

Normalmente, para cabos novos a tensão é da ordem de apenas 60% a 80% da tensão de teste indicada pelo fabricante. Se essa tensão não for conhecida uma prática comum é aplicar uma tensão que seja o dobro da tensão nominal do cabo mais 1 000 V.

A tensão nominal do cabo é a tensão máxima que o condutor pode ser exposto por um tempo prolongado, normalmente gravada no próprio condutor. Veja que para sistemas de duas ou três fases a tensão é especificada por fase.

Na figura 7 mostramos como o teste deve ser feito.

 

Figura 7
Figura 7

 

 

Procedimento de Teste

Recomenda-se a seguinte seqüência de procedimentos para a realização de um teste numa instalação.

 

Conclusão

Um bom isolamento de cabos e equipamentos é fundamental em qualquer instalação. Ter como testar esse isolamento é igualmente importante para todo o profissional.

Nesse artigo vimos como funciona o medidor de isolamento ou Megohmetro e demos algumas indicações sobre seu princípio de funcionamento e uso.

Na próxima edição falaremos dois usos desse instrumento na manutenção preditiva.