Aqueles que desejam tornar-se profissionais de instalação e manutenção de equipamentos eletrônicos têm dúvidas sobre quais seriam os instrumentos mais úteis na oficina. Muitos até sabem como usar alguns destes instrumentos mas não conhecem todas as suas utilidades. Neste artigo, indicado ao profissional que está começando agora, damos algumas informações importantes sobre os instrumentos que devem estar presentes numa boa oficina.


Muitas pessoas que perdem seus empregos na industria ou mesmo no comércio e têm um certo conhecimento de eletrônica vêm na abertura de uma oficina de reparação ou instalação uma boa possibilidade de se tornar independente, ter uma fonte de renda e mais do que isso, vencer a atual crise econômica. Muitos leitores têm-nos escrito pedindo informações sobre que instrumentos devem ter em sua oficina para começar um trabalho como técnico eletrônico informal ou mesmo, no futuro, abrir sua pequena empresa.

Evidentemente, a compra de qualquer equipamento deve estar condicionada a um fator muito importante: saber como usar este equipamento. Se bem que existam livros sobre muitos deles a até alguns venham com manuais, as possibilidades às vezes são muito maiores do que as exploradas nestes casos. Neste site temos publicado muitos artigos em que falamos do uso de diversos instrumentos.

Neste, em especial, não vamos falar do modo como o instrumento deve ser usado, mas sim o que cada um faz de modo que o leitor tenha uma idéia da importância na sua oficina. Também daremos uma ordem de custo para que o leitor possa avaliar se já pode investir num e principalmente se o dinheiro investido vai ter um retorno.



O MULTÍMETRO
Sem dúvida multímetro é o instrumento fundamental de qualquer profissional. Mais do que isso, qualquer pessoa que tenha algum tipo de contacto com a eletricidade, quer seja amador ou profissional, deve ter este instrumento.

Existem multímetros muito baratos, na faixa de R$ 20,00 ou pouco mais que podem servir como ponto de partida para quem tenha muito pouco para investir, mas se o leitor puder comprar um tipo melhor, de maior sensibilidade e custo isso é interessante. Na figura 1 temos alguns tipos de multímetros.


Figura 1 – Coleção de multímetros comuns, conforme anuncio na Internet.


Não seria muito dizermos que o profissional deve ter pelo menos dois multímetros em sua oficina: um digital e um analógico. Lembramos que existem hoje multímetros digitais com preços bastante acessíveis partindo de R$ 25,00 e até menos.

O que o multímetro faz: O multímetro mede as grandezas elétricas, ou seja, tensões, correntes, resistências e até mais como, por exemplo, testar componentes. Com ele podemos saber o que está acontecendo num equipamento em teste analisando as tensões que estão presentes nos seus circuitos. Também podemos usar o multímetro para testar componentes separadamente. Testes rápidos de componentes, instalações possibilitam ao profissional saber rapidamente o que está bom ou não num equipamento. Lembramos, entretanto que o multímetro não testa tudo e que existem casos em que ele não serve para diagnosticar um defeito.

Manuseado com precisão e conhecimento, entretanto, o multímetro pode ser considerado o mais útil de todos os instrumentos numa oficina.



GERADOR DE SINAIS
Os geradores de sinais ou ainda geradores de funções são instrumentos que geram sinais de prova que vão desde freqüências muito baixas (áudio) até freqüências elevadas que possibilitam o teste de equipamentos de rádio, TV, videocassetes, monitores, aparelhos digitais, etc. Existem tipos que geram apenas dois tipos de sinais: senoidal e retangular, mas os geradores de funções mais complexos podem também gerar sinais triangulares. Na figura 2 temos o aspecto de um instrumento deste tipo.




Figura 2 – Um gerador de sinais de baixo custo.


Sua utilidade na oficina é grande pois ele pode simular uma fonte de sinal para uma prova e como conhecemos a forma de onda do sinal gerado, com a ajuda de um osciloscópio podemos detectar deformações neste sinal que ajudam a diagnosticar um problema.
Os geradores de sinais ou de funções não são instrumentos baratos.

Para os profissionais novos este instrumento pode ser perfeitamente substituído por equivalentes muito mais simples como por exemplo um injetor de sinais (que pode até ser montado com facilidade pois nada mais é do que um oscilador) ou ainda geradores de baixo custo. Na figura 3 damos o diagrama de um injetor de sinais simples que pode até ser encontrado à venda em casas especializadas.


Figura 3 – Um injetor de sinais fácil de montar.


Se o leitor não tiver condições de comprar um gerador de sinais ainda, não deve dispensar um injetor.

OSCILOSCÓPIO
Se bem que seja o instrumento mais caro da bancada, sua utilidade para o técnico profissional é inegável. Na faixa de preço acima dos R$ 1 000,00, se bem usado este instrumento em pouco tempo paga seu custo. O que o osciloscópio faz é visualizar as formas dos sinais de qualquer aparelho eletrônico. Pelas formas que ele projeta podemos saber se o sinal num determinado ponto do circuito está correto ou não, e com isso diagnosticar problemas.Na figura 4 temos o aspecto de um osciloscópio típico para uso na bancada de trabalhos de reparação.





Figura 4 – Osciloscópio comum de duplo traço.


O profissional deve sempre dar preferência ao tipo que tenha recursos para trabalho com televisores. Estes osciloscópios especiais possuem uma entrada de sincronismo que pode ser ligada ao televisor com que operam facilitando assim seu trabalho.

Os osciloscópios também servem para medir tensões ou a amplitude de sinais e sua freqüência com boa precisão. Também servem para se medir a fase de um sinal e podem operar em inúmeros tipos de testes de circuito em conjunto com outros instrumentos como por exemplo o gerador de sinais.



GERADOR DE PADRÕES OU BARRAS
Este é um instrumento de uso específico para o profissional que trabalha com televisores em cores e equipamentos associados tais como câmeras, videocassetes, sistemas de segurança com TV em circuito fechado, monitores de vídeo de computadores, etc.

O que este instrumento faz é gerar um sinal que simula o funciona de uma estação de TV mas de modo que possibilite conferir o funcionamento dos circuitos do aparelho. Os geradores normalmente geram barras coloridas, barras horizontais e verticais, barras cruzadas, padrões de pontos e muitos outros, como os mostrados na figura 5 e que servem para o ajuste e diagnóstico de defeitos desses equipamentos.


Figura 5 – Padrão de barras coloridas de um gerador comum de barras.


Não é um aparelho muito barato, mas se o leitor pretende ter uma oficina com grande capacitação para o reparo de televisores este aparelho ajuda muito, principalmente nos ajustes.

PESQUISADOR DE SINAIS
Um pesquisador de sinais é um aparelho relativamente simples que o leitor até pode montar por sua conta e que nada mais é do que um amplificador com um detector na entrada, conforme mostra a figura 6.


Figura 6 – Circuito de um seguidor de sinais.


Com este aparelho é possível acompanhar sinais modulados com áudio (FM e AM) ou sinais de áudio ao longo de um circuito tais como os de rádios, amplificadores, transmissores, televisores, videocassetes, telefones sem fio, secretárias eletrônicas, CD players e muitos outros.

Acompanhando o sinal por um circuito é possível encontrar o ponto em que ele desaparece e aí ser feita uma investigação para encontrar os componentes responsáveis. Ele ajuda a separar a etapa de um aparelho responsável por um defeito.Com ele também é possível fazer o ajuste de rádios de modo que eles sejam levados ao ponto de máximo rendimento.

TESTE DE FLY-BACKS
Este é um aparelho específico para quem trabalha com televisores e monitores de vídeo tradicionais, onde os Fly-Backs ou transformadores de saída horizontal são usados. O transformador em questão gera a alta tensão para o cinescópio devendo ser testado de uma forma especial. O teste de fly back pode ser montado ou comprado pronto e versões mais sofisticadas.


CAPACÍMETRO
Os capacímetros são úteis porque testam os capacitores, um dos componentes mais comuns em qualquer aparelho eletrônico e também responsáveis por uma grande quantidade de defeitos. Podemos encontrar capacímetros de custo relativamente baixo (digitais) portáteis e tipos grandes de bancada, como os mostrados na figura 7.


Figura 7 – Um capacímetro comercial – imagem da internet.


Se o profissional puder ter um desses instrumentos em sua bancada não vai se arrepender do investimento. Lembramos apenas que um teste simples, porém não muito conclusivo de capacitores pode ser feito com o multímetro.

FREQUENCÍMETRO

Se bem que seja um equipamento um pouco mais sofisticado para a maioria dos técnicos, o frequencímetro tem sua utilidade em determinados tipos de tarefas.Trata-se de equipamento digital que mede a freqüência de um sinal. No trabalho diário com televisores, rádios e equipamentos deste tipo a medida da freqüência não é muito comum.

No entanto existem trabalhos profissionais em que ela é necessária.
O leitor precisa saber se dentro da atividade que pretende realizar este instrumento é necessário.

FONTE
A fonte de alimentação é um equipamento muito importante na bancada de qualquer técnico. Ela pode ser usada para alimentar aparelhos cujas próprias fontes internas estejam com problemas de modo a isolar um problema ou ainda equipamentos que sejam projetados para trabalhar com pilhas e baterias. Desta forma o diagnóstico do defeito pode ser feito com o aparelho ligado por muito tempo sem que isso signifique o desgaste de pilhas e baterias que nem sempre são baratas.

Uma fonte de 0-30 V com uma corrente de pelo menos 2 ampères serve para uma grande parte dos serviços de reparação de equipamentos eletrônicos. O profissional pode optar tanto por uma fonte comparada como pode montar uma a partir dos muitos projetos dados nesta revista.



OUTROS
Além dos equipamentos indicados existem muitos outros de uso específico cuja presença numa oficina depende do trabalho que o técnico realiza. Evidentemente, dependendo deste trabalho pode ocorrer que determinados tipos de medidas se torne mais freqüente compensando assim um investimento num equipamento específico.

Por exemplo, técnicos que trabalhem em radio transmissão podem necessitar de equipamentos específicos desta área como analisadores de espectro, medidores de intensidade de campo, medidores de ROE, etc. Os que trabalham com eletrônica digital podem precisar de analisadores de níveis lógicos, fontes TTL, etc.


O COMPUTADOR
O computador ocupa um lugar de destaque dentre todos os instrumentos de que falamos pois ele pode substituir todos em determinadas aplicações e ainda fazer mais: ajudar o profissional no controle de seus negócios e prover acesso à internet.

De fato, com placas de aquisição de dados que possam simular virtualmente instrumentos o PC se transforma num osciloscópio, gerador de sinais, e muitos outros equipamentos projetando na sua tela as medidas ou formas de onda. Na figura 8 mostramos um sistema de instrumentação virtual para um PC.


Figura 8 – Sistema de instrumentação virtual.


Mas, o importante também é o acesso à Internet além de uma enorme quantidade de informações úteis como por exemplo as características dos componentes obtidas da próprias fábricas o profissional pode trocar informações com outros técnicos participando de fóruns e até estando em contacto permanente com fontes de informações indispensáveis para o sucesso de seu negócio e para sua própria atualização profissional. Nosso site é um exemplo de local em que informações sobre componentes e instrumentação estarão disponíveis.