Este ano já se afigura como um ano em que a Inteligência Artificial deve se desenvolver de uma forma acelerada, fazendo parte de uma infinidade de aplicações. Mas, não o que vem depois é muito mais e, certamente, a Inteligência Artificial deverá não apenas fazer parte de tudo que envolver tecnologia, mas deverá ser o ponto de apoio para todas as tecnologias com que estamos acostumados. Veja neste artigo o que está por vir em termos de Inteligência Artificial e como isso pode afetar sua interação com o mundo da tecnologia.

Nada melhor do que começar o artigo com o conceito de Inteligência Artificial.

Podemos começar este artigo, sugerindo a leitura de nosso artigo Psicologia e Inteligência Artificial (ART4165) em que damos os conceitos básicos do que seria a Inteligência Artificial e o caminho para se chegar à Vida Artificial.

No entanto, o que vimos naquele artigo não é o suficiente para que possamos detalhar o que está ocorrendo com a tecnologia em nossos dias. Novos conceitos, novas abordagens e novos componentes estão levando a uma subdivisão da Inteligência Artificial em sub-setores, com aplicações e implicações diferentes.

Numa conferência realizada na Universidade de Dartmouth lançou-se a ideia de que o que temos hoje como Inteligência artificial é apenas a ponta de um iceberg e que diversas divisões devem ser abordadas.

Em livro que publicamos no início do século em que tratamos pela primeira vez do tema, fizemos uma divisão simples da Inteligência Artificial separando em duas categorias: inteligência por hardware e inteligência por software.

 

Figura 1 – Meu livro de 2002 em que tratamos do assunto, separando AI em duas categorias
Figura 1 – Meu livro de 2002 em que tratamos do assunto, separando AI em duas categorias

 

No entanto, Inteligência Artificial já pode ser abordada como temos como setores diferentes, que podem usar as duas abordagens básicas: por software e por hardware.

Analisemos as diversas possibilidades:

 

Máquinas Reativas:

Neste tipo de inteligência artificial, que é o mais comum atualmente, o sistema analisa o meio em que ele está e reage conforme o que ele vê. Este é o tipo de máquina inteligente que estamos elaborando atualmente.

Os supercomputadores, por exemplo, como o Deep Blue que venceu o enxadrista russo Kasparov em 1997 é um exemplo. Neste tipo de máquina, ela apenas conhece as regras do jogo e analisa as condições em que ela pode elaborar os lances a cada movimentação das peças.

Veja que ela não parte do conhecimento de partidas anteriores. Podemos dizer que ela trabalha com uma intuição em tempo real.

 

Máquinas com Memória Limitada

Neste tipo de inteligência artificial, além dos algoritmos das máquinas reativas temos a adição de uma memória que ajuda na tomada de decisões. Esta memória é formada por um banco de dados em que as soluções adotadas na resolução de problemas anteriores são armazenadas.

Este tipo de máquina pode ser usado no reconhecimento facial, por exemplo, onde detalhes mínimos das imagens são armazenados.

 

Teoria do Pensamento

Máquinas inteligentes que se baseiam na teoria do pensamento são apenas um conceito. Elas se baseiam no conhecimento de como funciona o pensamento humano e os sentimentos humanos, o que está ainda muito longe de ser uma realidade. Trata-se ainda de um campo extremamente controvertido, pensamento quando tentamos quantificar através de algoritmos o que seriam nossos sentimentos e indo além, impactando com o conceito de alta, que mais cedo ou mais tarde, terá de ser abordado.

Alguns robôs tentam mimetizar sentimentos e emoções e até reconhecê-las, mas até que ponto isso pode ser associado ao modo como nós humanos externamos essas emoções ou reconhecemos em outras pessoas.

 

Autoconsciência

Máquinas autoconscientes como os robôs de filmes de ficção que tem consciências de sua existência e com isso passam a raciocinar sobre sua posição no mundo, percebendo que os humanos são seus superiores, revoltando-se no sentido de destruí-los. Asimov previa a necessidade de se criar algoritmos para proteger o criador (homem) das criaturas (robôs e outras máquinas inteligentes). No entanto, até que ponto isso pode fugir de nosso controle? Elon Musk e Stephen Hawkings alertam sobre a possibilidade de fugir de nosso controle quando as máquinas se tornarem autoconscientes.

 

Inteligência Artificial Estreita ou Limitada

A Inteligência Artificial Estreita, abreviadamente ANI de Artificial Narrow Intelligence, é hoje a que mais usamos pela sua facilidade de implementação com os recursos que possuímos. A ideia e operar com um conjunto limitado de informações que se aplicam a um determinado campo de aplicações através de um conjunto de algoritmos que também são limitados a essas aplicações.

É o caso do reconhecimento fácil, reconhecimento de voz, biometria em que se trabalha com um conjunto específico de dados e um conjunto específico de informações colhidas por sensores.

 

Inteligência Artificial Geral

A Inteligência Artificial Geral ou AGI de Artificial General Intelligence também é chamada de Inteligência Artificial Forte ou “Strong AI”. Ela consiste numa evolução do tipo anterior, em que os dados e as decisões podem ser aplicados em diversos contextos.

Assim como o cérebro humano que recebe informações de diversos tipos de sensores (olhos, ouvidos, temperatura, etc) e atua sobre diversos tipos de efetores com decisões de acordo com o contexto a partir de um banco de dados (memória), as máquinas AGI fazem o mesmo.

Elas usam um banco de dados geral que é usado conforme o contexto da informação que obtém do mundo exterior e que exigem uma ou mais respostas. Podemos associar este tipo de inteligência aos veículos autônomos, por exemplo.

Com base nas informações de imagem, sensores de presença e proximidade, GPS, etc., os veículos autônomos têm diversos tipos de reação controlando motor, freio, direção e até interagindo com os passageiros.

Sem dúvida, isso já exige algoritmos de grande complexidade e a capacidade de armazenamento de enorme quantidade de dados, além de capacidade de processamento.

Veja que sua capacidade de trabalhar com dados em diversos contextos, já podemos dizer que esse tipo de inteligência artificial se aproxima da inteligência humana. Podemos dizer que ela já possui uma “capacidade intelectual” para realizar as mesmas tarefas que um ser humano consegue.

 

Super Inteligência Artificial

Chegamos a Superinteligência Artificial ou ASI de Artificial Super Intelligence. Este sem dúvida é ponto mais alto da escala atual. Nada impede, entretanto, que no futuro tenhamos novos degraus nessa ciência que nos levem a versões Hiper e até mesmo Ultra. Para nós esse é ponto mais alto.

Já existem obras importantes que tratam da ASI como a de Paul Golata de quem rebemos um exemplar autografado, pelo nosso conhecimento na Mouser Electronics, onde ele trabalha.

 

Capa do livro de Paul Golata
Capa do livro de Paul Golata

 

 

Á medida que a Inteligência artificial evolui se aproximando de nós humanos, questões como emoções, alma, ética são inevitáveis e delas os conflitos.

Nesse livro Paul Golata justamente discute as implicações que terá a humanidade ao conviver com máquinas cujas capacidades se igualam ou mesmo superam a dos seres humanos. Será que teremos uma convivência pacífica, ou será uma transição da evolução em que a era das criaturas bioquímicas definitivamente entra em declínio para desaparecer sendo substituída pelas criaturas de silício, ou teremos a possibilidade de ainda existir, explorando habilidades que as máquinas não alcançam?

Em artigo que trato da “Vida Artificial” MA121 cito o livro a Origem da Vida de Oparin, ainda do século passado, em que o pesquisador russo antevia a possibilidade de haver apenas dois tipos de vida no universo. A baseada no carbono, que é a nossa, e a baseada no silício (que é capaz de formar cadeias).

A vida baseada no carbono, que é a nossa, pode se desenvolver naturalmente no universo, desde que haja um ambiente apropriado que seria temperaturas em que a água pode existir no estado líquido.

No entanto, segundo Oparin, a vida baseada no silício só pode aparecer artificial, pois não existem condições que ocorram naturalmente para que isso ocorra. Não seríamos nós humanos que estaríamos criando essas condições, com a elaboração dos chips de silício que por nossa intervenção evoluirão para se tornarem criaturas vivas.

E, quando adquirem as capacidades de se autorreproduzir e de se auto aperfeiçoar nós não seremos mais necessários e aí...

 

 

Links:

 

Psicologia e Inteligência Artificial (ART4165)

Vida Artificial (MA121)

Eletrônica Quântica (ART4544)

 

Vídeos:

Vídeo 135 – Platão e a física quântica