Os principiantes e estudantes não habituados com a interpretação de diagramas por não conhecerem a simbologia e mesmo por terem dificuldades em perceber a correlação entre a disposição simbólica e a disposição real dos componentes, sentem muitas dificuldades em realizar montagens a partir de um simples diagrama. Como conhecer um aparelho por seu diagrama é importante para todo praticante de eletrônica, neste artigo falaremos um pouco sobre esse assunto.

A finalidade de um diagrama simbólico e facilitar o projetista e o reparador que não precisa ”desenhar" componente por componente em seu aspecto real o que em caso de circuitos muito complexos pode não só levar a uma perda de tempo desnecessária como tornar o desenho exageradamente complicado, dificultando, portanto a localização de um ou outro ponto importante.

Assim, num diagrama simbólico o que se faz é utilizar para cada componente um símbolo correspondente que na medida do possível ”lembre" seu formato ou função, e que tenha o mesmo número de terminais ou ligações, no caso, representadas por linhas simples.

Assim, os fios de ligação ou as conexões entre os componentes passam a ser representadas por linhas que unem os componentes da mesma maneira como deveriam ser feitos no caso real. Como no diagrama simbólico existe apenas a preocupação em se ligarem os pontos certos dos componentes deixando-se de lado a posição dos componentes ou os comprimentos do fio, é neste ponto que os principiantes

Se atrapalham na interpretação de um diagrama.

Deste modo, para que o leitor possa compreender um diagrama, deve conhecer fundamentalmente duas coisas:

a) Os componentes normalmente usados, em seu aspecto real e os símbolos empregados.

b) A correlação entre as ligações numa disposição mais ou menos geométrica de um diagrama simbólico e as interligações reais entre os componentes no aparelho.

Trataremos a seguir dos dois problemas

 

a) SIMBOLOGIA

Podemos dizer que basicamente ser utilizadas nos diagramas eletrônicos duas linhas de símbolos que podem se observadas nas publicações de origem

europeia e de origem americana. No nosso pais a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) a partir da simbologia utilizada tanto por fabricantes europeus de componentes como americanos, estabelece recomendações para uma simbologia nossa.

Na figura 1 para facilitar. os nossos leitores damos uma relação de componentes com seus símbolos, que são os símbolos que normalmente usamos em nossos artigos e livros.

 


 

 

 

Símbolos
Símbolos

 

Observe, por exemplo que no caso de um resistor, o retângulo “lembra" de certo modo o formato do componente, se bem que a linha tortuosa que também pode ser vista em algumas publicações técnicas lembre a sua função de dificultar a passagem da corrente (figura 2).

 

Figura 2 – O resistor
Figura 2 – O resistor

 

 

No símbolo existem dois terminais que são relacionados com os terminais do componente em seu aspecto real. Como os resistores são componentes despolarizados, isto e, podem ser ligados de qualquer lado, pois a corrente circula tanto num sentido como em outro, não há necessidade de marcação de sinal para nenhum dos dois terminais. Isso já não acontece com componentes como os diodos semicondutores, os capacitores eletrolíticos, etc.,que precisam ter seus lados diferenciados pois tem terminais certos como polos positivo e negativo. A figura 3 mostra esses casos na prática.

 

Figura 3 – Componentes polarizados
Figura 3 – Componentes polarizados

 

 

Componentes de 3, 4 ou mais terminais também têm sua simbologia e neste caso, existem terminais certos para ligações que correspondem aos diversos elementos do componente. É o caso dos transistores, em que existem terminais certos para o emissor (E), coletor (C) e a base (B) e que na simbologia são diferenciados de modo próprio: o emissor corresponde sempre à seta, sendo que nos transistores NPN a seta aponta para fora e nos transistores PNP, aponta para dentro.

A figura 4 mostra este caso.

 

Figura 4 – Os transistores
Figura 4 – Os transistores

 

 

Para os transistores utiliza-se normalmente um símbolo único com diferenciação única da seta (NPN ou PNP), mas como na prática os aspectos desses componentes podem variar bastante, o montador deve possuir manuais, folhetos explicativos, ou outras fontes de informação para saber especificamente para um transistor qual é o seu terminal de emissor coletor e base.

Isso significa que, partindo do símbolo de determinados componentes pode ser necessária uma informação adicional dada por um folheto do fabricante, por algum código, ou por manuais para se fazer a correlação como componente real.

Citamos como exemplos os transformadores em que a identificação dos nos dos enrolamentos a partir do símbolo pode ser feita por meio de cores (que nem sempre são indicadas num diagrama), conforme mostra a figura 5.

 

Figura 5 - Transformadores
Figura 5 - Transformadores

 

 

b) DIAGRAMA x DISPOSIÇÃO REAL

Na tentativa de correlacionar os componentes dados num diagrama simbólico com a disposição real dos componentes no aparelho, o leitor deve ter em mente os seguinte:

a) O componente real tem o mesmo número de terminais que o seu símbolo o que significa que no circuito real este deve ter o mesmo número de conexões que o representado no diagrama.

b) A posição do componente no circuito real em relação aos demais nem sempre é a mesma dada no diagrama.

c) As uniões entre fios são representadas por um ponto (figura 6), e nem sempre se encontra em posição real no mesmo lugar em que está a união real.

 

Figura 6 – Junções de ligações
Figura 6 – Junções de ligações

 

 

Podemos dar como exemplo o diagrama da figura 7 e a disposição real dos componentes.

 

Figura 7 – Diagrama simples
Figura 7 – Diagrama simples

 

 

O “coração“ deste circuito e o transistor, que no caso tem seus terminais dados da seguinte maneira: com o componente com a parte “chata" para cima, olhando-o de baixo temos da esquerda para a direita: coletor (C), base (B) e emissor (E). Na nossa montagem prática esse componente será soldado numa ponte de terminais, conforme mostra a figura 8.

 

Figura 8 – A montagem prática
Figura 8 – A montagem prática

 

 

Vejamos então as demais conexões de acordo com o diagrama:

a) O emissor deve fazer conexão com o polo negativo da fonte de alimentação (suporte de pilhas) que no caso consiste num fio de ligação. Percebe o leitor que ao polo negativo da fonte também vai um dos terminais de R2, este deve também fazer conexão com o emissor do transistor.

Em suma: o fio negativo, o emissor e um dos terminais de R2 são ligados ao mesmo ponto.

b) Ao polo positivo da fonte, ou seja, ao cabo positivo de alimentação temos duas ligações: de um dos terminais de R3 e um dos terminais de R1. Estes estão todos ligados ao mesmo ponto, portanto.

c) O outro terminal de R3 está ligado ao coletor do transistor, do mesmo modo que um dos terminais de C2. Estas ligações coincidem, portanto. O outro terminal de C2 corresponde a saída (8) do circuito.

d) Na base do transistor temos 3 outras conexões: dos outros terminais de R1 e R2 e um dos terminais de C1. Neste ponto, conforme podemos ver pelo diagrama devemos ter 4 fios de ligação. A saída do circuito corresponde ao outro terminal de C1.

Como o leitor pode perceber a coisa é simples quando se conhece os símbolos. Um pouco de treinamento e todos estarão aptos a conferir e montar seus circuitos pelo diagrama, o que de certo modo consiste numa garantia a mais para seu bom funcionamento.