Um dos recursos mais importantes em qualquer oficina de reparação de equipamentos é o osciloscópio. A importância do Osciloscópio não está apenas na velocidade com que um diagnóstico pode ser efetuado, mas também na precisão com que certos ajustes podem ser feitos. Veja neste artigo como usar o OSCILOSCÓPIO na análise de circuitos sintonizados.

 

Obs.: Muito mais sobre o uso do osciloscópio o leitor pode aprender com nosso livro “Osciloscópio – Primeiros Passos”

 

Os circuitos sintonizados dos receptores de rádio (AM e FM) são circuitos de alta seletividade que deixam passar faixas estreitas de frequência e por isso, possuem um ajuste bastante simples: basta colocá-los numa frequência central a partir da referência dada por um oscilador e pronto.

 

No entanto, aparelhos que trabalham com sinais de vídeo como televisores, monitores, câmeras de vídeo, videocassetes e muitos outros, possuem circuitos sintonizados com características diferentes.

 

Na verdade, os sinais de RF e Fl que transportam as informações de vídeo e os próprios sinais de vídeo ocupam uma boa faixa do espectro, observe a figura 1, o que exige o uso de circuitos sintonizados de características diferentes para o seu processamento.

 

 

Figura 1 – Largura das faixas dos sinais de vídeo
Figura 1 – Largura das faixas dos sinais de vídeo

 

 

Assim, não basta ajustar a frequência central de tais circuitos para que o aparelho funcione.

 

O ajuste é muito mais complexo, exigindo que a curva de resposta tenha uma forma específica que, se for diferente, pode levar uma imagem a uma qualidade que não corresponda ao esperado.

Isso significa que as curvas dos circuitos sintonizados não são ajustadas simplesmente a partir da frequência central, mas também a partir de diversas frequências, que devem ter intensidades muito bem definidas, conforme sugere o sinal de vídeo mostrado na figura 2.

 

 

Figura 2 – Ajuste ideal de um sinal de vídeo
Figura 2 – Ajuste ideal de um sinal de vídeo

 

 

Ora, de que modo o técnico pode saber que o sinal na frequência de 40 kHz de uma Fl de TV analógica tem exatamente 25% da intensidade máxima, quando o sinal da frequência de 42 MHz (frequência central) é ajustada para o máximo?

A resposta está no osciloscópio que é o instrumento através do qual podemos visualizar as curvas de resposta de circuitos sintonizados, operando juntamente com um gerador de varredura e marcas.

 

Os Circuitos Sintonizados Múltiplos

Para obter um circuito sintonizado que tenha uma curva complexa como a exigida pelos circuitos que trabalham com sinais de vídeo, são combinados diversos circuitos sintonizados em frequências levemente diferentes e eventualmente, com recursos de amortecimento, por exemplo, dados por resistores.

Na figura 3 mostramos como isso pode ser feito.

 

 

   Figura 3 – Circuito sintonizado múltiplo
Figura 3 – Circuito sintonizado múltiplo

 

 

Combinando circuitos sintonizados em 100, 101 e 102 kHz, por exemplo, com seletividades determinadas, podemos chegar a um circuito único que responda à faixa de frequências que vai de 100 a 102 kHz.

O ajuste destes circuitos pode levar a diversas alterações na forma de resposta obtida para este circuito, figura 4.

 

 

  Figura 4 – Resposta combinada
Figura 4 – Resposta combinada

 

 

Assim, num circuito como o indicado é comum encontrarmos pelo menos 3 ajustes que vão atuar sobre

Os níveis de três frequências diferentes, que correspondem aos circuitos sintonizados.

 

O GERADOR DE VARREDURA E MARCAS

Para visualizar a resposta de frequência de um circuito como O indicado é preciso dispor de um Osciloscópio e um gerador de varredura e marcas.

O gerador de varredura gera um sinal que corre a faixa de frequências que deve ser aplicada ao circuito para sua análise.

Por exemplo, se vamos analisar um circuito de FI de TV, o gerador deve varrer a faixa que vai tipicamente de 41 MHz até 48 MHz.

Normalmente, os geradores de varredura e marcas usados nas oficinas de service de equipamento de vídeo já possuem características que permitem gerar as frequências mais usadas nos trabalhos normais com tais equipamentos.

O gerador de varredura também produz sinais que marcam na imagem determinadas frequências importantes para o ajuste. Injetando estes sinais, obtemos na imagem pequenas oscilações, conforme verificamos na figura 5, nas frequências mais importantes para um ajuste.

 

 

Figura 5 – Marcas de sinal usadas pelo gerador de varredura e marcas (Mark and sweep generator)
Figura 5 – Marcas de sinal usadas pelo gerador de varredura e marcas (Mark and sweep generator)

 

 

Desta forma, o técnico pode ter uma referência segura para saber

O momento em que aquela frequência está com a amplitude recomendada pelo fabricante do aparelho para um funcionamento normal.

 

COMO USAR OS EQUIPAMENTOS

Na figura 6 temos O modo de ligar o gerador de marcas e varredura a um televisor e também o Osciloscópio, para efetuar o ajuste das etapas de FI.

Evidentemente, o arranjo indicado também serve para fazer o ajuste das etapas de FI dos receptores incorporados aos equipamentos de vídeo e até mesmo dos receptores de TV via satélite.

O técnico vai precisar fazer dois ajustes no Osciloscópio para observar a curva de resposta do amplificador e fazer o seu ajuste.

 

 

 

Fig. 6 - Usando o Osciloscópio e o gerador de varredura no ajuste de FI de vídeo.
Fig. 6 - Usando o Osciloscópio e o gerador de varredura no ajuste de FI de vídeo.

 

 

O primeiro é o ajuste da amplitude horizontal do sinal de acordo com a intensidade do sinal gerado pelo gerador de varredura e marcas.

Este ajuste deve ser feito para que a largura da imagem na tela seja confortável para a observação do técnico.

O segundo é O ajuste da amplitude ou ganho vertical de acordo com a amplitude do sinal retirado na saída do detector de vídeo, que é o ponto em que a entrada vertical do Osciloscópio deve ser conectada.

Na figura 7 mostramos Onde devem ser colocadas as marcas para os ajustes e de que modo ajustar

 

   Figura 7 – Colocação das marcas num sinal de vídeo
Figura 7 – Colocação das marcas num sinal de vídeo

 

 

Os circuitos para o melhor rendimento, ou seja, as amplitudes do sinal nas diversas frequências marcadas.

Evidentemente, as curvas que mostramos são gerais e os manuais dos equipamentos possuem os valores corretos recomendados pelos fabricantes para as diversas situações.

É por este motivo que os técnicos devem ter os manuais com as indicações exatas das frequências a serem ajustadas.

Em muitos aparelhos, Os procedimentos para ajustes são facilitados pela existência de terminais onde os sinais são aplicados quando sem service e até por chaves internas que neutralizam circuitos que podem afetar os ajustes como, por exemplo, o Controle Automático de Frequência (CAF) ou O Controle Automático de Ganho (CAG).

Na figura 8 mostramos as ligações para um outro tipo de ajuste que pode ser feito em equipamentos de vídeo utilizando o gerador de varredura e marcas e o osciloscópio.

 

 

Figura 8 – Outro arranjo para testes
Figura 8 – Outro arranjo para testes

 

 

Trata-se do ajuste do sinal de croma num equipamento NTSC, por exemplo, um videocassete.

Observe que os sinais são aplicados à entrada do mixer e retirados do amplificador passa-faixas depois do primeiro amplificador de cor.

Os ajustes do osciloscópio são os seguintes:

O primeiro consiste em colocar a modulação na posição externa com sinais AC e depois ajustar o ganho horizontal para que a faixa de varredura fique dentro da tela, de modo a permitir uma observação confortável da imagem.

Depois, ajusta-se o ganho vertical para uma visualização da imagem de acordo com a amplitude do sinal obtido na saída do circuito.

Observe que para este ajuste é usada a ponta demoduladora do osciloscópio, já que estamos retirando um sinal de alta frequência cuja portadora tem uma frequência mais alta e nos interessa apenas a modulação.

O sinal, por outro lado, é retirado antes do circuito demodulador para a realização destes ajustes.

Na figura 9 temos a forma de sinal observado neste ajuste.

 

 

Figura 9 – Forma de onda observa depois do ajuste de croma
Figura 9 – Forma de onda observa depois do ajuste de croma

 

 

Observe que a frequência central é de 3,58 MHz, mas devem ser feitas marcas em outras frequências para que sua amplitude tenha valores mui-

to bem definidos durante o ajuste.

Novamente alertamos para o fato de que os valores e as frequência dependem dos fabricantes e que o técnico sempre deve dispor dos manuais dos equipamentos com que estiver trabalhando.

Estes procedimentos podem incluir também a desativação de circuitos externos e o controle automático de ganho.

 

SEGUIDOR DE SINAIS

Uma das grandes utilidades do Osciloscópio no diagnóstico de defeitos em equipamentos de áudio e vídeo é como seguidor de sinais.

Todos os diagramas de equipamentos de áudio e vídeo trazem as formas de onda que devem ser observadas em seus principais pontos.

Assim, a comparação entre a forma de onda observada e a forma de onda que deve ser encontrada num determinado ponto pode indicar que uma determinada etapa ou função de um equipamento não está funcionando.

Os técnicos mais experientes podem até dizer pela simples deformação ou alteração de uma forma de onda em uma determinada etapa de um aparelho, qual é o componente ou componentes que a causa.

De qualquer maneira, fica bastante simples chegar a um ponto de um

equipamento em que as coisas estão acontecendo e partir para uma com-

provação de componentes de forma muito mais eficiente.

 

QUE OSCILOSCÓPIO COMPRAR

Os osciloscópios de 50 MHz não são muito caros pelos benefícios que proporcionam ao técnico reparador e um de 100 MHz ou mais é o ideal para

um técnico avançado que deseja investir em sua atividade profissional.

Evidentemente, o técnico deve estar atento para todas as funções disponíveis no osciloscópio quando for comprá-lo.

É preciso observar que existem osciloscópios de uso geral que contêm um mínimo de funções e existem osciloscópios indicados para os técnicos de reparação de TV e vídeo analógico e muitos outros equipamentos mais modernos, com funções especificas para auxiliar seu trabalho, como, por exemplo, a entrada e até geradores internos nas frequência mais usadas nos equipamentos. (1998).