Mais algumas “dicas ” sobre reparação de rádios transistorizados e equipamentos semelhantes são dadas neste artigo, ajudando os leitores que pretendem estabelecer-se neste ramo de um modo mais sério. Duas montagens são descritas, visando fornecer elementos para um trabalho melhor de reparação.

Os instrumentos de prova para qualquer atividade na eletrônica, hoje, mais do que nunca, estão a preços proibitivos. Se o leitor pretende ter uma atividade como reparador de rádios transistorizados e equipamentos semelhantes, não pode ficar sem instrumentos de prova, mas não precisa necessariamente depender daqueles que têm custos elevados.

De fato, existem alguns instrumentos que podem ser conseguidos a custo irrisório ou mesmo de graça, bastando para isso ter um pouco de imaginação.

Neste artigo focalizamos dois úteis instrumentos de prova, um que pode ser conseguido “de graça" e o outro a baixo custo, que lhe serão de grande utilidade na bancada de serviço.

 

O SEU RÁDIO COMO INSTRUMENTO

Se o leitor possui um rádio transistorizado de que pode dispor, com pequenas alterações ele pode constituir-se num excelente instrumento de prova para sua bancada, ajudando-o a localizar defeitos em outros rádios.

De preferência o rádio disponível deve ser transistorizado, alimentado pela rede, para se evitar o gasto muito grande de pilhas.

E claro que se o leitor quiser adaptar um conversor no mesmo, isso é perfeitamente possível. (figura 1)

 

Figura 1 – Adaptador ou conversor AC/DC
Figura 1 – Adaptador ou conversor AC/DC

 

A primeira adaptação consiste na utilização do rádio como injetor de sinais, conforme mostra a figura 2.

 

Figura 2 – O rádio como injetor de sinais
Figura 2 – O rádio como injetor de sinais

 

Neste caso, sintonizamos uma estação qualquer e a utilizamos como fonte de sinal para um receptor que esteja em prova.

Se o rádio possuir um jaque de saída para fone, basta preparar o cabo, com a ligação de um resistor de uns 10 ou 15 Ω x ½ W e um capacitor de 100 nF como mostra a figura 3.

 

Figura 3 – O cabo para injeção de sinais
Figura 3 – O cabo para injeção de sinais

 

Se o rádio não possuir este jaque, sua adaptação também é simples. Deve ser usado um jaque do tipo circuito fechado, conforme mostra a figura 4.

 

Figura 4 – Tirando o sinal do alto-falante
Figura 4 – Tirando o sinal do alto-falante

 

Este jaque permite que, ao introduzir o plugue, o alto-falante seja desligado.

A intensidade do sinal injetado será controlada no próprio controle de volume do rádio.

Para um rádio comum de 4 pilhas, o sinal tem uma boa amplitude, servindo para o teste de praticamente todas as etapas.

A segunda adaptação consiste em aproveitar o próprio amplificador do rádio de prova como um eficiente seguidor de sinais.

Para isto também podemos fazer a adaptação de um jaque simples, conforme mostra a figura 5.

 

Figura 5 – Usando o rádio como amplificador
Figura 5 – Usando o rádio como amplificador

 

Este jaque será ligado no potenciômetro de controle de volume do rádio e o cabo de prova terá apenas um capacitor de isolamento de 100 nF.

Quando usar o rádio de prova como seguidor de sinais bastará deixá-lo fora de estação.

Uma segunda ponta de prova poderá ser preparada com um diodo, conforme mostra a figura 6, para seguir sinais de RF.

 

Figura 6 – Ponta detectora
Figura 6 – Ponta detectora

 

O uso do rádio nas diferentes formas de testes já foi abordado em artigos anteriores desta série e é bastante extenso mas estão disponíveis no site.

 

UMA FONTE PARA A BANCADA

Usar pilhas comuns durante a reparação de rádios transistorizados tem diversos inconvenientes.

Um deles é o próprio custo, pois as pilhas custam caro e em pouco tempo de prova, se o defeito for tal que o consumo é anormal, se esgotam.

O outro problema é o próprio fato de que pilhas com tensão abaixo do normal podem levar já o rádio a um funcionamento anormal, complicando assim o técnico na busca de um outro defeito.

O ideal é utilizar na alimentação do rádio em prova na bancada, uma fonte que possa manter constante a tensão de alimentação e assim garantir que todas as etapas estão recebendo a energia para que funcionem normalmente.

Como os rádios comuns usam tensões de 3 ou 6 V em sua maioria, que correspondem a 2 e 4 pilhas, uma fonte para a bancada deve ter esta saída.

O circuito da fonte que propomos é mostrado na figura 7 e apresenta algumas características incomuns.

 

Figura 7 – Fonte para a bancada
Figura 7 – Fonte para a bancada

 

Para a tensão de 6 V de saída sob corrente de até 500 mA (de acordo com o transformador), usamos um regulador de tensão integrado do tipo 7806, que deve ser montado num pequeno dissipador de calor.

Este regulador é bastante preciso e pode alimentar praticamente a maioria dos rádios comuns de 4 pilhas, pequenas, médias ou grandes.

Para a saída de 3 V usamos um divisor de tensão. Como a maioria dos rádios de duas pilhas (3 V) é de pequeno consumo, com correntes que não superam os 50 mA nas condições normais, usamos apenas um resistor e um diodo zener.

A montagem poderá ser feita segundo mostra a figura 8, utilizando-se uma barra de terminais para a sustentação dos componentes menores.

 

Figura 8 – Montagem em ponte de terminais
Figura 8 – Montagem em ponte de terminais

 

As saídas de tensão são separadas e feitas em bornes isolados de cores que permitam a identificação da polaridade.

Na montagem devem ser observados os seguintes cuidados:

a) Os diodos são do tipo 1N4002 ou equivalentes e têm polaridade certa para colocação.

b) O transformador pode ter primário de 110 V ou 220 V, conforme sua rede local, e de secundário 6V, com corrente de 500 mA. Ele será fixado na caixa que alojará a fonte.

c) Observe a ligação do integrado regulador, fixando-o bem no dissipador de calor.

d) O diodo zener de 400 mW ou 1 W tem polaridade certa para ligação.

e) O resistor é de 1 W e seu valor é dado pelas faixas coloridas.

f) Os capacitores têm uma tensão de trabalho de pelo menos 12 V. Para C1 o valor se situa entre 1500 e 2200 µF.

Para verificar se a tensão de saída está correta, use como elemento de prova uma pequena lâmpada de 6 V x 50 mA. Na saída de 6 V seu brilho será normal e na saída de 3V seu brilho será reduzido. Somente depois disso é que o leitor deverá ligar os rádios em prova.

Para facilitar a ligação dos rádios em prova, use um cabo com garras jacaré de cores vermelha para o polo positivo e preta para o negativo.

Obs.: cuidado para não alimentar com 6 V rádios de 2 pilhas, pois pode haver dano ao circuito.

 

T1 - transformador com primário de 110 Vou 220 V e secundário de 6 + 6 V x 500 mA

CI-1 ~ 7806 - circuito integrado regulador de tensão

D1, D2 - 1N4002 - diodos retificadores

ZI - zener de 3 V x 400 mW ou 1 W

R1 - 8,2 Ω x 1 W - resistor (cinza, vermelho, prateado)

C1 - 2 200 µF x 12 V - capacitor eletrolítico

C2 - 100 µF x 12V - capacitor eletrolítico

C3 - 100 nF - capacitor cerâmico

Diversos: caixa, bornes, ponte de terminais, fios, etc.