Com a volta do vinil, a tecnologia eletromecânica de reprodução do som também esbarra num tipo de público saudosista que está crescendo em importância: os adeptos dos equipamentos valvulados. Será mesmo que o som de válvula é melhor do que o som dos modernos equipamentos transistorizados? Vamos tratar um pouco desse interessante assunto.

Os primeiros verdadeiros equipamentos domésticos de som foram os toca-discos de vinil (no início diversos outros materiais foram utilizados na fabricação dos discos) conectados a um amplificador que tinha como elementos básicos as válvulas.

Já explicamos em diversos artigos de nosso site como funcionavam essas válvulas detalhadamente. Elas consistiam em tubos de vidro que eram aquecidos por um filamento ligado a uma fonte de alimentação. Uma vez aquecidos e alimentados por uma alta tensão, essas válvulas podiam amplificar os sinais, como fazem hoje os transistores e os circuitos integrados que nada mais são do que conjuntos de transistores também.

Mas havia uma diferença. O princípio de funcionamento das válvulas é diferente dos transistores e isso levou muitos a pensar que também seria diferente a qualidade do som obtido.

 


 

 

As discussões começaram pelo conceito de “qualidade” de um som. O que torna o som de um toca-discos com um amplificador valvulado do que o obtido de um toca-discos comum com um moderno amplificador transistorizado ou integrado?

Uma análise técnica mostra que as válvulas, por suas características, respondem linearmente aos sinais que vem do captador do toca-discos, o que não ocorre com os transistores, mesmo com algumas técnicas melhoradas que eliminam o problema.

Os sinais das válvulas podem ser vistos como mais “puros” no sentido que correspondem exatamente ao som original. Já os sinais dos transistores, apresentam uma pequena distorção.

Se bem que seja possível reduzir para menos de 1% essa distorção num amplificador transistorizado, o que não é percebido pelos melhores ouvidos, ainda assim, muitos alegam que podem notar essa diferença e que ela é importante. Na verdade, o que essas pessoas alegam é que não é apenas a distorção que entra em jogo. Essa distorção afeta o que denominamos harmônicas do sinal, ou seja, frequências múltiplas que são afetadas pela distorção.

Essas harmônicas, mesmo tendo frequências acima do que podemos ouvir (muitas acima de 15 000 Hz), podem ser importantes no que os ouvidos sensíveis indicam como “colorido do som”, ou seja, mudam o modo como os percebemos.

Assim, se forem cortadas ou distorcidas, essas harmônicas influem na qualidade do som e por esse motivo, os amplificadores valvulados por serem mais fieis a reprodução desses sinais são dados como de menor qualidade.

Chegamos a um ponto semelhante ao critério de Touring para as máquinas inteligentes: se você ouvir o som de um amplificador e não souber dizer se ele é valvulado ou transistorizado, então não existe diferença entre eles.