Saber usar instrumentos eletrônicos numa bancada de reparação é fundamental para o técnico bem sucedido. Neste artigo, começamos uma série (*) em que pretendemos abordar a utilização dos principais instrumentos usados na bancada de eletrônica, tais como o injetor de sinais, que é o mais simples e por onde começamos, o multímetro, o gerador de áudio e até mesmo o mais sofisticado, mas ao mesmo tempo mais útil, que é o osciloscópio.

(*) Artigos sobre o uso do multímetro e osciloscópio podem ser encontrados em quantidade no site e também temos os nossos livros como Conserte Tudo, Os segredos do Uso do Multímetro e Osciloscópio – Primeiros passos, que abordam este assunto de forma mais profunda.

 

Não podemos ver nem sentir a eletricidade, a não ser em casos excepcionais.

Por este motivo, para podermos saber se um certo aparelho funciona normalmente, analisando as partes por onde circulam correntes elétricas, precisamos de um auxílio mais específico.

Este auxílio vem na forma de um instrumento.

Como num aparelho eletrônico existem diversos tipos de sinais, com características que mudam de circuito para circuito, precisamos, em uma análise mais completa, de diversos tipos de instrumentos.

Uma oficina bem equipada precisa ter instrumentos de diversos tipos, os quais auxiliarão o técnico na realização de um trabalho de localização de falhas e reparação muito mais rápido.

Conforme dissemos na introdução, pretendemos, numa série de artigos, auxiliar os técnicos, ensinando-os como utilizar os principais instrumentos eletrônicos e começamos pelo mais simples de todos, o injetor de sinais.

 

O INJETOR DE SINAIS

O injetor de sinais produz um sinal de certa intensidade, o qual, aplicado nas diversas etapas de um aparelho, permite localizar falhas de funcionamento.

Um injetor típico gera sinais de frequência fixa, mas cuja riqueza em harmônicas permite excitar desde circuitos amplificadores de áudio até receptores de- AM e FM.

Não damos um projeto específico de injetor, pois já temos publicado aparelhos deste tipo em boa quantidade. Consultando o site, o leitor terá projetos práticos de injetores.

Na figura 1 temos o aspecto típico de um injetor, com a identificação de suas partes.

 

   Figura 1 – Um injetor de sinais
Figura 1 – Um injetor de sinais

 

 

COMO USAR

Partindo do princípio de que receptores de rádio, amplificadores, sintonizadores, toca-fitas, toca-discos, possuem etapas de amplificação de áudio e RF, e que se aplicarmos um sinal na entrada destas etapas, e elas estiverem boas, o sinal deve ser ampliado e reproduzido, mas se estiverem ruins, o sinal aparece sem ampliação ou distorcido (e até nem aparece), chegamos ao próprio uso do injetor.

Numa etapa de áudio típica, como mostra a figura 2, basta então aplicar o sinal em seus pontos de percurso do sinal.

 

Figura 2 - sinal numa etapa de áudio
Figura 2 - sinal numa etapa de áudio

 

Uma interrupção no percurso do sinal, uma distorção ou mesmo outro tipo de anormalidade, permite encontrar componentes com problemas.

Um dos aparelhos que reúne as etapas que encontramos em amplificadores, toca-discos e toca-fitas, com as etapas que encontramos em rádios de AM, FM, sintonizadores, etc., é o rádio.

Assim, tomando como exemplo o uso do injetor num rádio, podemos facilmente deduzir como se faz o seu uso em apare1hos semelhantes.

 

Injetando sinais num Rádio

Analisando um receptor de rádio comum (AM) vemos que ele é formado por um certo número de etapas, algumas das quais se repetem. A maioria dos rádios tem a mesma estrutura mostrada na figura 3.

 

Figura 3 – As etapas de um rádio
Figura 3 – As etapas de um rádio

 

Assim, temos um conjunto de blocos que operam com sinais de altas frequências, que são as etapas de entrada (misturadora, osciladora local, etc.) e blocos que operam com sinais de baixas frequências, que são as etapas amplificadoras de áudio.

Um elemento intermediário é o detector, em que temos a transição do sinal e logo em seguida o controle de volume.

Podemos então, numa análise de um rádio defeituoso com o injetor de sinais, tomar inicialmente como referência o controle de volume.

Temos então os circuitos antes e depois deste elemento.

Se então injetarmos o sinal no controle de volume, o que é feito como mostra a figura 4, temos duas possibilidades:

 

Figura 4 – Injetando o sinal
Figura 4 – Injetando o sinal

 

a) Se o sinal for reproduzido, as etapas de áudio estão bem não havendo necessidade de análise. O defeito deve estar nas etapas de RF.

b) Se o sinal não for reproduzido, então o problema se encontra nas etapas de áudio, que devem ser analisadas.

Injetamos então os sinais a partir deste ponto, conforme o caso. Para o problema na parte de áudio, vamos sucessivamente aplicando o sinal na entrada e saída de cada etapa até chegar ao alto-falante.

Como os circuitos, em sua maioria, são de emissor comum, a aplicação do sinal vai ser feita nas bases e coletores dos transistores.

No momento em que ocorrer a reprodução (transição entre o ponto em que ele não funciona e passa a funcionar) teremos chegado aos componentes problemáticos.

Já, se a análise for feita para as etapas de RF, partimos também do controle de volume em direção à entrada.

Nos receptores de AM e OC as etapas também têm configuração de emissor comum, a aplicação vai ocorrer nas bases e coletores.

Nos receptores de FM, teremos etapas de entrada em configuração de base comum, em que ocorre a aplicação nos emissores e nos coletores.

Na figura 5 temos um diagrama de um receptor típico comercial, em que mostramos todos os pontos de aplicação de sinal em sequência, para os dois lados, ou seja, a partir do controle de volume para o alto-falante e a partir do controle de volume para a entrada

 

Figura 5 – Pontos de injeção num receptor comercial
Figura 5 – Pontos de injeção num receptor comercial

 

 

COMO PNROCEDER QUANDO A ETAPA RUIM FOI LOCALIZADA?

Uma vez que chegamos ao ponto em que o sinal tem a sua interrupção, e separamos, nesta etapa, uma série de componentes defeituosos, como devemos proceder?

O técnico pode perfeitamente usar o injetor e localizar o ponto de transição, mas depois disso, normalmente, fica sem saber como proceder.

Uma vez que tenhamos "isolado" a etapa, devemos provar componentes individualmente.

Primeiro medimos as tensões nos pontos críticos como, por exemplo, os terminais dos transistores.

A posse do diagrama do aparelho, se possível com indicações de tensões, é muito importante para este trabalho.

Outra possibilidade consiste em se utilizar um provador de continuidade ou, melhor ainda, um multímetro, na medida de resistências.

Resistores abertos, capacitores em curto, transformadores abertos, podem ser, deste modo, localizados e substituídos.

Na figura 6 damos um segundo circuito de rádio com pontos importantes de análise.

 

Figura 6 – Outro receptor com pontos de análise
Figura 6 – Outro receptor com pontos de análise

 

Separamos também as etapas de áudio das etapas de RF a partir do controle de volume.