A maioria dos projetos de amplificadores de áudio não inclui controle de audiabilldade ou “loudness”. Estes controles são importantes, pois aumentam o ganho dos amplificadores nos extremos da faixa audível, melhorando assim a qualidade de som principalmente na reprodução de música orquestrada. Neste artigo descrevemos um controle de loudness que pode ser acrescentado a praticamente qualquer amplificador de áudio.
Obs. Este artigo é de 1992. Se bem que possa ser aplicado em amplificadores de uso pessoal, não se trata de recurso encontrado em amplificadores modernos que usam outros tipos de equalização.
Loudness significa audiabilidade, uma tradução um tanto quanto esquisita e que não revela, no entanto, sua importância para a qualidade de som de um amplificador.
O que ocorre é que na reprodução todos os amplificadores tendem a simplesmente compensar a maneira como as freqüências são reforçadas ou atenuadas, levando uma gravação ou programa de rádio a adquirir a forma original que nem sempre é a mais agradável.
A música orquestrada, por exemplo, perde muito das notas mais baixas e mais altas se for feita apenas uma compensação natural, ou equalização que a leve a forma original.
Se reforçarmos um pouco mais do que o normal os extremos da faixa de freqüências audíveis, a música se torna mais agradável pois os instrumentos de notas baixas e altas passam a aparecer.
E o caso do violino, do triângulo e do prato no extremo superior da faixa e do trombone, bumbo e tuba no extremo inferior da faixa, conforme mostra a figura 1.

Os amplificadores comerciais normalmente são dotados de uma tecla de audibilidade ou "Ioudness".
Esta tecla não deve ser usada com música cantada ou com a palavra falada onde a inelegibilidade depende de um nível maior para os sons médios.
No entanto, com a música orquestrada o som se torna mais agradável se pressionarmos esta tecla, reforçando os extremos da faixa.
O circuito apresentado pode ser intercalado entre o pré-amplificador com sinal de 200 a 500 mV de saída e a entrada do amplificador, fornecendo um reforço de até 18 dB no extremo inferior da faixa e até 8 dB no extremo superior, mantendo normal a reprodução entre os 200 e os 5000 Hz que correspondem aos médios.
Usando apenas um transistor, esta etapa tem um consumo muito baixo e pode aproveitar a própria fonte do amplificador, desde que ela possua uma tensão entre 18 e 22 V.
A placa para este controle pode ser separada ou incluída no desenho do próprio amplificador.
CARACTERÍSTICAS
Tensão de alimentação: 18 a 22 V
Reforço de graves: 18 dB em 80 Hz (max)
Reforço de agudos: 8 dB em 15 kHz (max)
Corrente de alimentação: 2 mA (tip)
Impedância de entrada: 22 kn
Nível de sinal de entrada: 200 a 500 mV
COMO FUNCIONA
O sinal de entrada direto ou do pré-amplificador passa inicialmente por um filtro passa baixas formado pelos resistores de R1 a R6 e pelos capacitores de C1 a C6 que cortam as freqüências médias e agudas, possibilitando assim comparativamente um reforço das baixas frequências.
O sinal e então aplicado a um transformador de alto-ganho e baixo nível de ruído para amplificação.
Entre o coletor e a base deste transistor temos um circuito de realimentação negativa que possibilita um ajuste adicional de ganho nos graves via P1.
C1, C2 e C3- determinam o nível de agudos desejados, podendo seu valor ser aumentado para um reforço maior desta faixa de freqüências ou reduzido se isso não precisar ser feito.
A alimentação do circuito vem via R14 com urna filtragem e desacoplamento feito por C11.
O sinal para o amplificador é retirado do coletor do transistor via C9. O valor deste componente é importante para a resposta de graves, não devendo ser inferior ao indicado.
Um valor maior possibilita um reforço ainda maior na faixa dos graves.
MONTAGEM
Na figura 2 temos o diagrama completo do controle de audibilidade (loudness) para um canal.

Dois circuitos semelhantes, alimentados pela mesma fonte serão necessários para um amplificador estéreo.
Se o leitor optar por placa separada, na figura 3 temos a sugestão de layout para um canal.

Os resistores são todos de 1/8 ou 1/4 W com 5% de tolerância ou mais.
Os capacitores menores podem ser cerâmicos ou de poliéster e os eletrolíticos são para 16 V ou mais.
O transistor admite equivalentes, sempre dando-se preferência a um tipo de baixo ruído e alto ganho.
Os cabos de entrada e saída de sinais, se usados, devem ser blindados para que não ocorra a captação de zumbidos.
P1 é um trimpot montado na própria placa de circuito impresso. Este componente pode ser substituído por um resistor fixo de 220 k Ω caso o leitor deseje um desempenho normal do controle, sem ajustes.
PROVA E USO
Na figura 4 temos o modo de se ligar o aparelho à entrada de um amplificador, acrescentando-se a chave de loudness.

Os cabos de conexão ao circuito e conexão direta devem ser blindados, para que não haja perigo de captação de zumbidos.
Para usar, inicialmente ajuste P1 para ter um bom reforço de graves e agudos usando para esta finalidade uma gravação com música orquestrada.
Depois é só acionar o controle ao ouvir o mesmo tipo de música. Para a palavra falada ou ainda a música cantada o controle não deve ser usado.
Alterações de valores de componentes como os capacitores de C1 a C6 podem ser feitas se o leitor desejar mais reforços de graves ou agudos.
Este tipo de alteração é recomendada em especial se o leitor usar o aparelho com instrumentos musicais (graves ou agudos) caso em que faixas específicas de freqüências, poderão ter-reforços.
Este aparelho pode ser útil na realização de cópias de gravações quando podem ocorrer perdas de graves e agudos, servindo assim como uma espécie de "purificador de cópias"
No caso, também sugerimos que o leitor faça experiências com os valores dos capacitores de C1 a C6 adequando-se as características de seu equipamento nesta função.
Semicondutores:
Q1 - BC549 - transistor NPN de baixo ruído
Resistores: (1/8 ou 1/4 W, 5%)
R1 a R3 - 10 k Ω
R4 a R6 - 15 k Ω
R7 - 100 k Ω
R8 - 150 k Ω
R9 - 560 k Ω
R10 e R11 - 47 k Ω
R 12 - 2,2 k Ω
R13 - 6,8 k Ω
R14 - 1 k Ω
Capacitores: (eletrolíticos para 16 V ou mais)
C1 a C3 - 2,2 nF - cerâmicos ou poliéster
C4 a C6 - 47 nF - cerâmicos ou poliéster
C7 - 470 nF - cerâmico ou poliéster
C8 - 2,7 nF - cerâmico ou poliéster
C9 - 1 pF - cerâmico ou poliéster
C10 - 47 µF- eletrolítico
C11 - 220 µF - eletrolítico
Diversos:
P1 - trimpot de 220 k Ω
Placa de circuito impresso, cabos, fios,.jaques de entrada, solda, etc.