Usando um interruptor de mercúrio, este alarme detecta pequenos balanços da moto e com isso dispara temporizadamente uma carga externa de aviso que pode ser uma sirene ou buzina. O circuito é compacto e alimentado pela própria bateria da moto.

Uma das maneiras mais eficientes para se proteger uma moto é aproveitando o balanço que deve ocorrer se tentarmos tira-la do lugar. O circuito descrito usa um interruptor de mercúrio, que se bem que seja um componente "raro" pode ser encontrado em algumas sucatas.

Para os que não encontrarem existe a alternativa do sensor de pêndulo que também será explorado no artigo, viabilizando a montagem sob quaisquer condições.

O alarme uma vez disparado atua de modo intermitente sobre um relé por um tempo que pode ser ajustado entre alguns segundos até perto de meia hora.

Na condição de espera o consumo de energia é extremamente baixo, não afetando a carga da bateria.

Os componentes usados são todos comuns e de fácil obtenção, com exceção do interruptor de mercúrio para o qual daremos as alternativas.

 

COMO FUNCIONA

O elemento básico deste projeto, pouco conhecido de muitos leitores é o interruptor de mercúrio cujo aspecto é mostrado na figura 1.

 

Figura 1 – Um interruptor de mercúrio
Figura 1 – Um interruptor de mercúrio

 

Este dispositivo consiste numa ampola com dois terminais e uma gota de mercúrio.

Quando o interruptor está na posição normal, a gota de mercúrio fica longe dos contatos no interior da ampola e a chave estará aberta.

Quando o interruptor é inclinado a gota de mercúrio, que é condutora de eletricidade (é um metal líquido), encosta nos contatos e fecha o circuito.

Estes interruptores podem controlar correntes relativamente elevadas, mas no nosso caso ele serve simplesmente para disparar um monoestável.

Este monoestável tem por base um integrado 555 cuja temporização é dada por R3 e C2.

A saída deste integrado se mantém no nível baixo, até o momento em que sua entrada (pino 2) é levada momentaneamente ao nível baixo pela ação do interruptor de mercúrio.

Fechando o circuito este interruptor põe momentaneamente à terra C1 fazendo com que o pino 2 do integrado tenha sua tensão praticamente reduzida a zero.

Com o disparo, a saída do 555 (pino 3) vai ao nível alto por um intervalo de tempo dado por R3 e C2. Este intervalo é de aproximadamente:

T = 1,1 x R3 x C2

O valor máximo recomendado de C2 é de 1000 uF e de R3 ,1 M ohms caso em que obtemos algo em torno de 17 minutos. No entanto, tolera-se um resistor de 2,2 M ohms para uma temporização de até meia hora.

Com a saída do 555 no nível alto, é habilitado o oscilador formado pela porta NAND CI-1a que opera numa freqüência dada por R4 e C3.

Este oscilador determina o ritmo de abertura e fechamento do relé de alarme, podendo ter seus componentes alterados conforme a vontade do leitor.

O sinal retangular com um ciclo ativo de 50% deste oscilador é amplificado digitalmente pelas outras três portas do mesmo integrado 40938 e aplicado a um transistor (Q1) que tem como carga a bobina de um relé.

Este relé vai então abrir e fechar seus contatos no ritmo de oscilação de Cl-2a.

Veja que, quando a saída do 555 se encontra no nível baixo na condição de espera, o pino 3 do mesmo Cl permanece no nível alto, e com isso as três portas amplificadoras que funcionam como inversoras mantém suas saídas no nível baixo.

O resultado é que Q1 permanece cortado com um mínimo consumo de energia da bateria.

Para os leitores que não tiverem possibilidade de encontrar um interruptor de mercúrio existe a possibilidade de usar um sensor de pêndulo que tem sua construção mostrada na fig. 2.

 

Figura 2 – O sensor de pêndulo
Figura 2 – O sensor de pêndulo

 

Com este sensor, a argola não encosta na parte móvel (flexível) que passa por seu interior a não ser em caso de balanço. O breve contato que ocorre é suficiente para disparar o monoestável pelo tempo determinado por R3 e C2.

 

MONTAGEM

O diagrama completo do alarme é mostrado na figura 3.

 

Figura 3 – Diagrama do alarme
Figura 3 – Diagrama do alarme

 

A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 4.

 

Figura 4 – Placa para a montagem
Figura 4 – Placa para a montagem

 

Recomendamos usar soquete DlL para os integrados. Os capacitores eletrolíticos são para 16 V e os resistores de 1/8 W ou mais com tolerância de 5% ou melhor.

O diodo e o transistor admitem equivalentes e C1 tanto pode ser de poliéster como cerâmico.

O relé usado foi de 12 V com 50 mA de baixo custo, mas equivalentes sensíveis que exijam correntes de bobina até 100 mA para o disparo podem ser empregados.

O fusível é importante para proteger a fiação da moto e mesmo sua integridade em caso de curtos.

 

PROVAEUSO

A prova de funcionamento pode ser feita numa bancada com fonte de alimentação de 12 V. Coloque o fusível no suporte e alimente o circuito.

Balançando levemente o sensor (X1) deve haver o disparo do alarme com o funcionamento do relé de modo intermitente por certo tempo.

Caso o circuito tenda a disparar logo que ligado podemos fazer um reset simples conforme mostra a figura 5.

 

Figura 5 – Circuito de reset na partida
Figura 5 – Circuito de reset na partida

 

Este circuito habilita o 555 somente depois de alguns segundos da alimentação estabelecida, o que pode ser importante em muitas condições.

Uma vez comprovado o funcionamento feche a unidade numa caixa à prova de chuva e instale na moto. O relé pode controlar a buzina da moto conforme mostra a figura 6.

 

Figura 6 – Ligando o relé à buzina da moto
Figura 6 – Ligando o relé à buzina da moto

 

Observe que os contatos NA são ligados em paralelo com o interruptor da buzina. Para acionar o circuito esconda em algum lugar uma chave que ficará entre o fusível e o positivo da alimentação.

Ao fixar X1 encontre uma posição em que no estacionamento ele permaneça aberto, só fechando os contatos quando a moto se mover.

 

Cl-1 - 555 - circuito integrado - timer

Cl-2 - 40938 - circuito integrado CMOS (4 portas NAND)

Q1 - BC548 - transistor NPN de uso geral

D1 - 1N4148 - diodo de uso geral de silício

X1 - interruptor de mercúrio

K1 - relé de uso geral de 12 V

F1 - 2 A - fusível

R1 e R2 - 47 k ohms - resistores (amarelo, violeta, laranja)

R3 - 1M ohms - resistor (marrom, preto, verde)

R4 - 470 k ohms - resistor (amarelo, violeta, amarelo)

R5 - 1 k ohms - resistor (marrom, preto, vermelho)

C1 - 220 nF - capacitor cerâmico ou poliéster

C2 e C4 - 100 uF x 16 V – capacitores eletrolíticos

C3 - 2,2 uF x 16 V - capacitor eletrolítico

Diversos: placa de circuito impresso, soquete Dl L para os integrados, caixa para montagem, bornes de ligação do alarme, suporte para fusível, suporte para a chave de mercúrio, fios, solda, etc.