Para os que gostam de som, descrevemos um simples misturador de áudio de três entradas, usando apenas transistores comuns e alimentado por pilhas, fonte ou bateria de 9 V. Este mixer fornece um bom nível de sinal para a entrada da maioria dos amplificadores. O mixer inclui ainda uma saída para fone de baixa impedância capaz de fornecer bom volume.

Na operação de sistemas de som com diversas fontes de sinais, a presença de um mixer é fundamental.

Se você ainda não possui um mixer e deseja uma versão econômica, porém de bom desempenho, sugerimos experimentar esta.

Temos três entradas para fontes de alta e baixa intensidade de sinais, controles individuais de nível e um controle final de excitação, para que não ocorra a distorção na entrada do amplificador.

Na etapa de mixagem são usados transistores de baixo nível de ruído e grande amplificação, o que garante uma ótima fidelidade para o sinal trabalhado.

No projeto mostramos apenas um canal do misturador mas, para termos uma versão estéreo, bastará duplicar a montagem e fazer sua alimentação pela mesma fonte.

Apenas os potenciômetros serão comuns para os dois canais, sendo trocados pelos do tipo duplo.

Uma outra aplicação que pode ser sugerida para este mixer é na formação de uma mini-mesa de som para estações experimentais de rádio ou estúdios de sonorização ambiente.

 

O ClRCUITO

Os sinais das três entradas (E1, E2 e E3) são levados a uma etapa de amplificação, com um transistor BC549 na configuração de emissor comum, depois de passar cada um por um potenciômetro de controle de intensidade.

Estes potenciômetros podem ser do tipo rotativo ou deslizante, se bem que estes últimos permitam uma montagem com aparência mais interessante para um mixer, como apresentamos na figura 1.

 

Figura 1 – Sugestão de montagem
Figura 1 – Sugestão de montagem

 

O ganho da etapa de mixagem e amplificação com Q1 é dado pela relação de valores entre R7 e R8.

Eventualmente, em função do ganho do transistor usado, se for notada distorção nesta etapa, o resistor R7 deve ser alterado experimentalmente.

Valores na faixa de 2M2 a 10 M podem ser experimentados.

Um resistor do emissor à terra, com valores entre 1 k e 10 k, também pode ajudar na modificação das características de amplificação, com eventual eliminação de alguma distorção que ocorrer.

O sinal desta etapa é levado a uma segunda etapa de amplificação, na mesma configuração, e que tem por componente ativo Q2.

O ganho desta segunda etapa é dado pela relação de valores entre R10 e R11, que também podem ser alterados em função das características do transistor, para que não ocorram distorções.

Entre estas duas etapas temos um controle geral de intensidade do sinal já mixado.

Neste controle, temos uma saída para uma etapa bastante simples de amplificação para monitoria por fone.

Esta etapa leva dois transistores na configuração Darlington.

O resistor R12 é responsável pela polarização da etapa e determina, também, a corrente de repouso em função do ganho dos transistores.

Se a corrente de repouso desta etapa estiver acima de 5 mA, sugerimos o aumento deste resistor para valores até 10 M.

O resistor R13 determina o nível máximo de som no fone.

Se a impedância do fone for muito baixa, este resistor pode ser reduzido para valores de até 22 ohms de modo a aumentar a intensidade do som do monitor.

Embora o uso de uma bateria de 9 V possibilite uma montagem bem compacta, sugerimos a utilização de 6 pilhas pequenas ou médias que possibilitam maior autonomia de funcionamento e, se sua operação for fixa, pode ser empregada uma fonte regulada com boa filtragem.

Na figura 2 temos uma sugestão para esta fonte.

 

   Figura 2 – Fonte para o circuito
Figura 2 – Fonte para o circuito

 

O transformador tem secundário de 12 + 12 V com pelo menos 100 mA de corrente e o capacitor eletrolítico da filtragem é de 1500 ou 2200 uF x 25 V.

O diodo zener é de 9V1 ou 9V6 com 400 mW e o transistor deve ser dotado de um pequeno radiador de calor.

 

MONTAGEM

Na figura 3 temos o diagrama completo de um dos canais do mixer.

 

Figura 3 – Diagrama do mixer
Figura 3 – Diagrama do mixer

 

A placa de circuito impresso que corresponde a este canal é mostrada na figura 4.

 

Figura 4 – Placa para a montagem
Figura 4 – Placa para a montagem | Clique na imagem para ampliar |

 

 

Os cabos de entrada e saída de sinal devem ser, obrigatoriamente, blindados, com as malhas ligadas a um ponto comum em conexão com o 0 V (negativo da alimentação), para que não ocorram zumbidos ou instabilidades de funcionamento.

Os potenciômetros devem ser todos lineares (deslizantes ou rotativos) e P4, se for do tipo rotativo, pode incluir o interruptor geral.

Para entradas e saídas devem ser usados jaques de acordo com as fontes de sinais disponíveis.

Na figura 5 temos uma sugestão para o painel traseiro, com a identificação dos jaques de entrada e saída.

 

Figura 5 – Painel traseiro
Figura 5 – Painel traseiro

 

 

Para Q1 e Q2 sugerimos o uso dos BC549 ou equivalentes, como o BC239 ou mesmo um tipo mais antigo, como o BC109.

Para Q3 e Q4 podem ser usados os BC548 ou equivalentes diversos, como o BC238, BC237 e BC547 e até mesmo os próprios BC549.

Os resistores podem ser de 1/8 ou ¼ W com 5 ou 10% de tolerância, e os eletrolíticos são para 12 ou 16 V.

Existem diversas caixas plásticas que podem ser usadas para alojar o circuito, ficando sua escolha em função do tipo de alimentação usada, já que, se tivermos fonte em lugar de pilhas, precisaremos de um pouco mais de espaço interno.

Também pode ser usada caixa metálica ou de outro material, sem problemas.

 

PROVA E USO

Na entrada E1 devemos ligar fontes de sinais de pequena intensidade, como microfones, cápsulas fonográficas etc.

Na entrada E2 temos uma sensibilidade intermediária, sendo indicada para microfones de cristal etc.

Na entrada E3 temos menor sensibilidade, devendo ser usada com fontes de maior intensidade, como a saída de sintonizadores, gravadores, tape-decks etc.

A saída deve ser ligada na entrada auxiliar do amplificador.

Na figura 6 damos a maneira de se fazer a interligação dos diversos elementos ao mixer.

 

Figura 6 – Interligações para uso no caso de 3 entradas
Figura 6 – Interligações para uso no caso de 3 entradas

 

 

Para comprovar o funcionamento, basta abrir o volume do amplificador e ajustar P4 no ponto médio.

Depois, atuamos sobre cada um dos potenciômetros de entrada, de P1 a P3, e retocamos o ajuste de P4, para ver de que modo atuam na intensidade do sinal.

Se o nível de sinal nos fones for baixo, altere o resistor R13 e, se notar distorção, altere R7, se ela for apenas no amplificador final ou R12, se for apenas no fone de ouvido.

Se houver ronco, verifique todas as blindagens dos cabos de entrada e saída de sinal.

 

USANDO O MIXER

As fontes de sinais devem ter intensidade suficiente para excitar o circuito, o que nem sempre ocorre apesar da amplificação que este circuito proporciona.

Assim, se você trabalhar com sinais muito fracos, pode ser necessária uma nova pré-amplificação.

Você deve, ao usar o mixer, ajustar o nível de sinal na entrada, mas os controles de volume do amplificador e P4 devem ser previamente colocados em posições tais que, abrindo totalmente cada entrada, não ocorra saturação da saída, com conseqüente distorção.

Ajustamos, então, P4 para que tenhamos máximo volume no amplificador com todas as entradas abertas, mas sem distorções.

 

(apenas*para um canal)

Q1, Q2 - BC549 ou equivalentes - transistores NPN de baixo ruído

Q3, Q4 - BC548 ou equivalentes - transistores NPN de uso geral

P1, P2, P3, P4 – 10 k - potenciômetros lineares deslizantes ou rotativos

S1 - interruptor simples

B1 – 9 V - bateria, pilhas ou fonte

R1 – 10 k - resistor (marrom, preto, laranja)

R2 – 33 k - resistor (laranja, laranja, laranja)

R3 – 470 k - resistor (amarelo, violeta, amarelo)

R4 a R6 e R11 - 4k7 - resistores (amarelo, violeta, vermelho)

R7, R12 - 4M7 - resistores (amarelo, violeta, verde)

R8 – 47 k - resistor (amarelo, violeta, laranja)

R9 – 27 k - resistor (vermelho, violeta, laranja)

R10 - 2M2 - resistor (vermelho, vermelho, verde)

R13 – 100 ohms - resistor (marrom, preto, marrom)

C1 – 100 uF - capacitor eletrolítico

C2, C3, C6 - 4,7 uF – capacitores eletrolíticos

C4, C5 - 2,2 uF - capacitores eletrolíticos

Diversos: jaques de entrada e saída, placa de circuito impresso, suporte de pilhas ou conector de bateria, caixa para montagem, knobs para os potenciômetros, fios blindados etc.