Este é um projeto antigo, do tempo em que os televisores ainda eram analógicos e que sua reparação era uma fonte de renda para os técnicos. O artigo é de 1976, mas tem interesse para os leitores que desejam saber mais da tecnologia da época ou que ainda reparam aparelhos antigos.

Os controles de altura e linearidade podem ser facilmente ajustados com o auxílio deste simples instrumento que não necessita de qualquer conexão com o aparelho de TV.

Nada é mais desagradável do que uma imagem distorcida no televisor! Se no seu programa favorito, os artistas têm aparecido com pernas tortas ou rosto ovalado, se as rodas dos veículos têm girado de um modo estranho, o problema não está no ator ou em seus olhos mas sim no seu televisor que necessita de um ajuste na altura e na linearidade.

Neste artigo descrevemos um simples e útil gerador de barras horizontais para TV que facilita extremamente o ajuste dos controles de linearidade a altura dos televisores e que, sendo montado tão compacto, poderá ser levado com facilidade em qualquer lugar.

Na realidade, sua alimentação com apenas 6 Volts, permite que pilhas comuns sejam utilizadas na fonte e o montador habilidoso poderá construí-lo e alojá-lo numa caixa tão pequena quanto um maço de cigarros.

Os componentes usados, por outro lado, são comuns, podendo ser encontrados em qualquer casa de material eletrônico a um custo bastante compensador.

Por que usar um gerador de barras no ajuste da linearidade e da altura?

Na verdade, para estes ajustes, pode ser utilizada a imagem padrão irradiada por todas as estações antes do inicio de sua programação normal. Entretanto, como esta imagem geralmente é levada ao ar apenas pela manhã, o ajuste teria obrigatoriamente de ser feito nesse período, o que nem sempre é possível.

Outra solução seria ajustar esses controles baseando-se em qualquer imagem de um programa normal, mas isto nem sempre nos leva a resultados satisfatórios pois teríamos de ter um senso perfeito de proporções para podermos obter uma imagem perfeita.

Seria necessário uma noção bastante aguda de dimensões, proporções e formas usadas como padrão para o ajuste ser perfeito, isso sem se falar na mudança constante de quadros que ocorre nesse caso. Para usarmos uma imagem de um programa normal para esta finalidade, ela teria de ser imóvel além de apresentar formas de contornos definidos numa posição favorável.

Nosso gerador evita todas essas dificuldades. Ele gera barras horizontais paralelas através das quais a referência para o ajuste se torna bem mais fácil.

Os controles podem ser então ajustados com perfeição.

Para o ajuste da linearidade bastará nos basearmos nas barras, se aparecem perfeitamente horizontais, enquanto que, para o controle de altura, bastará nos basearmos na separação entre essas barras que deve ser constante em toda extensão da tela.

Além de servir como padrão para o ajuste desses controles, o gerador que descrevemos também produz um sinal audível que serve para eventual ajuste e detecção de falhas nas etapas de áudio do aparelho, inclusive com harmônicos que, caindo dentro da faixa de FM, servem também para o ajuste desse tipo de aparelho.

Como o gerador, produz um sinal de RF que é irradiado diretamente para o televisor; nenhuma conexão é necessária entre ambos. A intensidade do sinal é suficiente para que imagens sejam formadas com nitidez a uma distância de até cinco metros.

 

COMO FUNCIONA

O gerador de barras consiste basicamente em dois osciladores; um de radiofrequência que opera em torno dos 54-60 MHz ou em torno de 66-60 MHz (canais 2 ou 3) e outro de baixa frequência que, modulando os sinais do primeiro, produz as barras horizontais.

Conforme for a frequência do oscilador de baixa frequência será a largura e o espaçamento entre as barras.

Tanto o oscilador de RF como o de AF é do tipo Hartley. No oscilador de RF a realimentação necessária à manutenção das oscilações é feita por meio de C1, enquanto que R1 polariza a base do transistor.

A frequência de operação deste oscilador é determinada pela indutância de L1 e pela capacitância paralela Cv que deve, portanto, ser ajustada para cair no canal desejado para emissão dos sinais.

Com os componentes especificados a frequência pode ser ajustada para o canal 2 ou 3. Para obtenção de sinais em canais mais altos, alterações na bobina osciladora (L1) devem ser feitas, assim como uma eventual troca no transistor oscilador que deve ser capaz de oscilar na frequência correspondente. (A frequência máxima em que teoricamente o transistor pode oscilar frequência de transição fT, é de 200 MHz para o especificado na lista de material

 

Figura 1
Figura 1

 

Entretanto, considerando eventuais perdas do circuito e as tolerâncias dadas aos transistores, acreditamos que acima de 100 MHz, o leitor já terá dificuldades em fazer o circuito oscilar, pelo que fixamos sua operação em torno dos 60 MHz.

Diversos são os transistores com frequência de transição em torno de

200 MHz, de baixo custo, que podem ser usados nesta etapa osciladora. Os mais recomendados são o BC238 e o BC548.

Entretanto, seus equivalentes mais tradicionais como o BC108 ou mesmo o BC107 também podem ser experimentados.

A modulação do sinal de RF é feita através do secundário do transformador T1 que é conectado à derivação da bobina osciladora.

O oscilador de áudio, conforme dissemos, também é do tipo Hartley em que a indutância do primário do transformador e a capacitância entre suas espiras, assim como a realimentação feita através de R2 -e do potenciômetro R3, determinam sua frequência de operação.

Nesta parte do circuito, qualquer transistor PNP para uso geral pode ser usado.

No protótipo usamos o 2SB75, mas transistores como o BC177 ou seus equivalentes, o PB6004, AC128, etc., também poderão ser utilizados.

 

MONTAGEM

De modo a obtermos uma montagem compacta, optamos pela utilização de uma placa de fiação impressa de 4,5 x 5 cm, em que todos os componentes, exceto o capacitor variável (CV), o potenciômetro R3 e a fonte de alimentação, são montados.

A técnica de elaboração da placa de fiação impressa fica a critério do montador, já que damos a disposição das conexões em tamanho natural. Sua cópia direta.

 

Figura 2 – Placa de circuito impresso
Figura 2 – Placa de circuito impresso

 

Na superfície cobreada por meio de caneta com esmalte diluído, ou o uso do processo fotográfico podem ser empregadas.

Devemos observar que antes de elaborar a placa, se verifique a disposição dos terminais do seu transformador, já que este componente pode ser encontrado em diversos tamanhos, para somente depois fazer a marcação no local da placa correspondente às suas conexões.

Com relação à bobina osciladora, sua construção não é crítica já que um ajuste final da frequência de operação será feito por Cv.

Esta bobina consta de 7 a 15 espiras de fio esmaltado 18 ou 20 enroladas 1 cm de diâmetro (enrolamento cerrado) com derivação na quarta ou quinta espira no caso de 15 espiras; na segunda ou terceira, no caso da bobina ter em torno de 7 espiras.

Na verdade, o número de espiras influirá na posição em que o capacitor variável ou ajustável deverá ficar para a obtenção da imagem do canal desejado.

Para uma bobina de poucas espiras, o sinal será obtido com o capacitor quase todo fechado; para uma bobina de mais espiras o mesmo será obtido com o capacitor quase todo aberto.

 


 

 

Os efeitos desejados dependerão muito da habilidade do montador e eventualmente de algumas experiências. O número de espiras da bobina poderá eventualmente ser alterado.

O capacitor Cv é do tipo ajustável ou variável, conforme a vontade do leitor.

Sua capacitância deve ser da ordem de 15 a 25 pF, não sendo também critico.

O uso do capacitor ajustável permite que uma vez determinada a frequência de operação não se utilize nenhum outro controle a não ser R3. O uso de um variável permite, entretanto, a obtenção de imagens em outros canais.

Incluímos em R3 um interruptor para permitir a conexão da fonte de alimentação que pode ser formada por 4 pilhas de 1,5 V em série (6 Volts) ou uma bateria de 9 V.

 

COMO USAR O GERADOR

a) Completada a montagem, verifique todas as conexões, se não existem pontos de curto-circuito na placa de fiação impressa devido a soldas espalhadas ou se não há nenhuma conexão mal feita.

Não se esqueça de raspar bem o esmalte do fio da bobina osciladora antes de realizar sua conexão.

Ligue a unidade e coloque-a nas proximidades de um receptor de TV sintonizado no canal 2 ou 3. O aparelho pode ficar a uma distância de até 5 metros do receptor.

Ajuste então Cv até que barras horizontais apareçam na tela e o alto-falante emita um som continuo característico do oscilador de áudio.

O ajuste do número de barras, assim como sua separação deve ser feito em R3.

Se nenhuma imagem for obtida em qualquer ponto do ajuste de Cv, verifique a bobina, experimentando enrolá-la com mais ou menos espiras. Verifique também se o transistor está oscilando.

b) Uma vez aplicado o sinal ao televisor, o controle de linearidade e altura devem ser ajustados de tal modo a se obter uma separação constante entre as barras em toda a extensão da tela e que as barras sejam perfeitamente horizontais, conforme mostra a figura.

Lembramos o leitor que os controles de linearidade a altura são interdependentes devendo portanto ser ajustados conjuntamente.

 

OBSERVAÇÃO

O mesmo oscilador pode ser ajustado (Cv) de modo que um ou mais harmônicos caiam na faixa de frequência modulada (88 - 108 MHz) podendo então o gerador ser usado no ajuste de receptores de FM.

O sinal de áudio que modula a portadora de RF servirá bem para esta finalidade.

 

Q1 – BC238 ou equivalente

Q@ - BC177 ou equivalente

C1 – 10 pF – disco cerâmica ou mica

C2 – o,5 µF – disco cerâmica ou poliester

Cv – Trimmer ou vaiável de 25 pF (ver texto)

R1 – 100 kΩ a 1/8 W

R2 – 150 Ω a 1/8 W

R3 – 27 kΩ – potenciômetro linear com interruptor

T1 – Transformador driver para transistres primário de 2.000 Ω aproximadamente, usado como secundário e secundário de 500 a 10.000Ω com derivação central.

B1 – Bateria de 6 a 9 V (ver texto)

L1 – Bobina osciladora (ver texto)

 

Artigo publicado originalmente em 1976